Há dez anos, Orkut, 3D e Blu-ray eram o futuro

Publicado em 02/01/2020, às 13h28
Valor Econômico
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Por Valor Econômico

No mundo da tecnologia, uma década pode valer um século. Se ainda vivêssemos como em 2010, quando o Valor publicou pela primeira vez sua lista das dez tendências tecnológicas do ano, você estaria vendo filmes em Blu-ray, indo a cinemas com telas 3D, e navegando pelas redes sociais: mas não o Facebook ou o Instagram. Essencial, na época, era ter um perfil no Orkut.

Para marcar os dez anos da coluna, vamos voltar no tempo para ver o que aconteceu com lista original - e avançar outros dez para traçar um cenário de que tendência serão dominantes em 2030.

Quanto ao passado, as projeções de 2010 mostram que muitas tendências promissoras nunca atingiram seu potencial. Ou, simplesmente, desapareceram.

Quem se lembra do Blu-ray, por exemplo? Dez anos atrás, a expectativa era de que a Copa da África do Sul, que seria vencida pela Espanha, estimularia a compra de TVs de alta definição, dando um empurrão aos aparelhos de Blu-ray, sucessores do DVD. Mas a tecnologia nunca “pegou”. Foi atropelada por plataformas de streaming como o Netflix, que chegou ao Brasil em 2011.

Não se sabia, então, se o streaming superaria outro modelo comercial emegente, o download. Essa disputa era um item da lista. O streaming propunha o aluguel de conteúdo, com o pagamento de assinaturas. O download, a compra de filmes e músicas, com a transferência definitiva do conteúdo para o equipamento do consumidor, como smartphones, tablets e notebooks.

Como se vê, hoje, o streaming venceu. Em muitos casos, incorporou o download. Várias plataformas de streaming oferecem a possibilidade de o assinante transferir álbuns de música ou filmes para acessá-los quando não está conectado à internet. Mas se a assinatura for interrompida, os arquivos desaparecem.

Uma tecnologia que caminha para a irrelevância é a das telas 3D. Sob o impacto de “Avatar”, que estreou em dezembro de 2009 no Brasil, parecia que o formato resgatado dos anos 60 teria uma nova chance. Mas a experiência desajeitada, que exige óculos especiais, parece ter desestimulado o público. Em 2018, a bilheteria global dos filmes 3D foi de US$ 6,7 bilhões, a menor em oito anos. Houve queda de 20% em relação a 2017. E os produtores não parecem animados em perseverar.

Os livros digitais também permanecem longe da posição de domínio que, se supunha, ocupariam rapidamente. A mais recente pesquisa sobre o segmento no país, de 2017, mostra que os e-books representavam apenas 1,09% do mercado editorial brasileiro.

Muita coisa que era novidade, deixou de ser. Em 2010, a previsão era de que a venda de notebooks se equipararia, pela primeira vez, a de computadores de mesa. Hoje, os portáteis lideram as vendas com folga: em 2018, representaram 72% dos computadores vendidos no país, em unidades.

Ter um smartphone também virou coisa comum. Ao fim do primeiro semestre de 2010, esses dispositivos representavam 2,7% do total de aparelhos vendidos no país. Era para poucos. Prevaleciam, então, os “feature phones”, mais simples. Em comparação, esse quadro foi quase o inverso em 2018, com os smartphones representando 94,6% dos dispositivos vendidos.

As conexões em banda larga, mais um item, expandiram-se rapidamente. No caso da banda larga fixa, o número de conexões saltou de 20 milhões de lares brasileiros na época para 32,5 milhões em outubro do ano passado, o dado mais recente. Já a banda larga móvel, então inexpressiva no país, está no centro dos primeiros leilões de frequência 5G no Brasil, previstos para ocorrer no fim deste ano. Duas outras tendências - realidade aumentada e jogos on-line - não saíram do radar e vêm ganhando espaço nos últimos anos.

Mas nenhum caso supera o das redes sociais como emblema de um setor que vive de mudanças rápidas. Em 2010, o Orkut, do Google, era a rede dominante no Brasil. Apenas quatro anos depois, no entanto, não aguentou a concorrência do Facebook e baixou as portas. As gerações mais novas mal sabem de sua existência.

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