Por Revista Crescer
A educadora física Tássia Dadda, 35, de Curitiba, Paraná, impressionou a web ao mostrar os exercícios de crossfit durante os nove meses da sua gestação. Mesmo quando já estava com o barrigão, ela continuou praticando a atividade, até plantando bananeira e levantando pesos. Em vídeo viral, ela mostrou o que fazia mês a mês. "POV [ponto de vista]: Você prometeu se manter ativa durante toda a gravidez", escreveu ela no vídeo.
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Publicada em 19 de novembro, a gravação teve uma enorme repercussão, alcançando mais de 2 milhões de visualizações, quase 80 mil curtidas e 2 mil comentários. Os internautas ficaram chocados com as habilidades de Tássia. "Eu me considerava ativa só de acordar, agora vou ter que rever meus conceitos", brinca um usuário. "O bebê já nasceu com mais 'shape' que o meu" diverte-se outro. "Só não faço igual porque não estou grávida", comenta um terceiro.
Tássia nunca imaginou que o vídeo iria viralizar. "Eu gravei vários vídeos na gestação, mas o que me chamou atenção nesse foram os comentários. Tive comentários ofensivos, no sentido de haters falarem: 'Meu Deus, inconsequente'. Mas 80% dos comentários são mulheres falando que achavam que elas eram ativas antes de ver os meus vídeos, tiveram muitas brincadeiras", diz em entrevista à CRESCER.
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Vida de atleta
Tássia conheceu a modalidade em 2012. "Comecei a praticar em 2013, eu fui uma das pioneiras aqui na minha cidade, eu fui a primeira a contratada da primeira academia de Curitiba. Fui a primeira a fazer o curso de crossfit, que é uma certificação internacional, foi a segunda turma do Brasil na época", explica. Desde então, não parou mais e hoje tem a sua própria academia.
"Eu descobri que eu estava grávida na primeira semana de janeiro. Eu fazendo um treino de corrida e senti um desconforto, uma cólica forte, então, interrompi o treino, não era normal", lembra. Naquela noite, ela resolveu fazer um teste de gravidez e deu positivo. "Eu não tomava pílula anticoncepcional, não tinha DIU, eu sabia que a qualquer momento eu poderia engravidar. Eu não menstruava por conta dos treinos muito intensos. Eu não tava esperando, mas, ao mesmo tempo, não me cuidava para não ter", afirma. Por isso, a notícia não foi um grande choque e trouxe muita alegria para ela e o namorado.
Ela continuou com os treinos e até participou de competições no início da gravidez. Mas, claro, ela passou a tomar um cuidado extra devido à gestação. "Eu sou atleta, já treino há mais de 10 anos, eu tenho meus treinos, então, eu treinava duas horas de manhã e duas horas de tarde por dia. Era um ritmo forte. Quando eu descobri que estava grávida, eu parei de treinar do jeito que eu treinava como atleta, mas eu continuei treinando uma hora por dia, com volume mais baixo para controlar meus batimentos cardíacos e não levar ao extremo", afirma.
Além disso, ela sempre teve acompanhamento médico. "Sempre me encorajaram para não parar de treinar, mas me orientaram para eu trabalhar na minha percepção de esforço, pensar numa escala de 0 a 10 e sempre trabalhar numa zona moderada", diz. Mas também tinham alguns exercícios que eles não recomendavam. "Eles não queriam que eu subisse na corda e pulasse no caixote, não por conta do exercício em si, mas pelo risco de queda", explica.
Para Tássia, parar de treinar nunca foi uma opção. "Eu fiz porque eu estava ciente que eu podia fazer, os meus médicos estavam cientes também. Eu acho que a mulher não deve parar de viver a sua vida quando engravida", afirma.
'Quero voltar com a performance de antes, mas agora a prioridade é a minha filha'
Tássia treinou até o final da gestação, parando apenas dois antes de dar à luz. No dia 7 de setembro, Malu nasceu. "Foi um parto normal, foram pelo menos seis horas de trabalho de parto", recorda. Agora, ela está aproveitando os momentos ao lado da filha. "Eu estou adorando ser mãe, não achei que ia ser tão bom. A Malu é muito boazinha, eu não tenho nada para reclamar, está sendo muito gostoso", comemora.
Cerca de 10 dias após dar à luz, ela já voltou aos treinos. "No início, é difícil conciliar tudo, mas eu já estou mais tranquila, estou conseguindo treinar pelo menos cinco vezes na semana. Não estou naquela pegada de competição, treinando quatro horas por dia, mas estou treinando pelo menos duas ou três horinhas por dia", afirma. "Eu quero, sim, voltar com a minha performance de antes, mas agora a prioridade é a minha filha. A partir do ano que vem, o foco é outro, mas por enquanto eu estou conseguindo dividir o tempo e fazer as coisas junto com ela", finaliza.
Grávida pode fazer crossfit?
Sim! "As grávidas podem fazer crossfit, desde que já tinham essa prática antes da gestação. Isso porque é uma modalidade com uma certa complexidade, que tem uma curva de aprendizado um pouco longa", explica Silvia Gomyde Casseb, médica do esporte e obstetra da Maternidade São Luiz Star, da Rede D’Or, especialista em exercícios físicos na gestação.
Segundo ela, as gestantes não devem parar de se exercitar. Elas devem buscar conselhos médicos para saber a melhor forma de seguir com os exercícios. No crossfit, por exemplo, é necessário realizar algumas adaptações. "Vários movimentos do crossfit, principalmente das mais experientes, não são possíveis na gestação. Por exemplo, alguns movimentos podem ter um risco maior de queda, então precisam ser adaptados", afirma.
Também é preciso ajustar a intensidade dos treinos. "Isso deve ser feito em conjunto com o professor e o médico da gestante para que não tenha nenhum risco. Outro cuidado importante são os movimentos com risco de queda, por exemplo, pendurados na barra ou os movimentos que têm saltos, o que tiver esse risco de queda deve ser adaptado. Os movimentos com risco de trauma abdominal, de bater o abdômen, isso principalmente quando o abdômen já está mais exposto, no segundo e terceiro trimestres, também devem ser adaptados", destaca Silvia Casseb.
Tomando todos esses cuidados, o crossfit está liberado até o final da gravidez. "Podem praticar do primeiro dia ao último da gestação, ou seja, da concepção ao parto, desde que a paciente aceite as adaptações e faça uma intensidade moderada, os movimentos possíveis, de acordo com a evolução da gestação e o acompanhamento médico", ressalta. Os exercícios físicos trazem muitos benefícios para as grávidas. "Resulta em maior chance de ter parto normal, além de menor chance de complicações como pressão alta e diabetes", afirma a especialista.
Todas as grávidas podem praticar crossfit?
Por outro lado, Silvia não indica que mulheres que nunca praticaram comecem o crossfit na gravidez. "Ela vai ficar por um período considerável tendo aulas introdutórias, como aprendendo como pegar na barra, aprendendo movimentos muito básicos. A gestante precisa realizar exercícios em intensidade moderada, como em fases iniciantes o crossfit não consegue atingir essa intensidade, não será efetivo", esclarece.
Nessa caso, é melhor conversar com o obstetra que está acompanhando a gravidez para descobrir o melhor tipo de exercício físico para cada uma. "Entre as atividades seguras e recomendadas estão: caminhada, musculação, pilates, hidroginástica e dança. O ideal é se exercitar, no mínimo, 150 minutos por semana, espalhado ao longo dos dias", afirma.
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