A Polícia Civil de Alagoas investiga um suposto golpe que pode ter causado mais de um milhão de reais em prejuízos às pessoas que buscavam empregos em hospitais públicos do estado.
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As autoridades souberam do caso após várias pessoas registrarem boletim de ocorrência contra uma mulher identificada como Ana Rafaella. A suspeita postava fotos nas redes sociais ao lado do ex-secretário de Saúde do Estado, Alexandre Ayres. Segundo reportagem do programa Cidade Alerta Alagoas, da TV Pajuçara/Record TV, ela criou um instituto com o próprio nome, que oferecia serviços de saúde e recrutou centenas de interessados a uma vaga de emprego no serviço público. Ana Rafaella cobrava valores de até R$ 5 mil para encaminhar candidatos ao que seria um falso processo seletivo. Até agora cerca de 40 pessoas prestaram queixa contra a suposta golpista.
"O contrato era com documentos originais da Sesau, tinha o nome da Sesau, o carimbo da Sesau, assinatura. Tinha muita coisa envolvida. Eram várias vagas. Eu fiquei com a vaga de auxiliar de farmácia, mas eram ofertadas vagas de maqueiro, até mesmo de nível superior, como médico, enfermeiro, farmacêutico", disse Alexia Karoline de Almeida, auxiliar de enfermagem.
Um homem que preferiu não ter a identidade revelada conta que pagou R$ 2 mil para participar do suposto processo seletivo. Os candidatos a vagas chegavam a fazer exame admissional, entrevista com psicóloga, assistiam palestra e recebiam até escala de trabalho.
"A gente pagou os custos como ela pediu. Tinha que pagar psicólogo, laboratório, palestra no hotel. Tudo foi pago", relatou ele. "Ela passava imagens da Sesau, como funcionava, como funcionaria o Hospital Regional da Mata".
Segundo a polícia, Ana Rafaella pode ter faturado mais de R$ 1 milhão com as ofertas de emprego na rede pública de saúde. Estima-se que mais de 800 pessoas tenham sido recrutadas para processos seletivos desde o fim do ano passado. Os candidatos eram adicionados em grupos de Whatsapp com nomes de hospitais em que iam trabalhar. As promessas eram para unidades em todo o estado, não apenas em Maceió.
"A proposta era trabalhar 3 dias na semana e ganhar um bom salário. As pessoas que estavam fazendo esse tipo de seleção sabiam que iam ter algum tipo de vantagem. É esse caso que temos que investigar. A gente parte, a princípio, do crime de estelionato praticado por Ana Rafaella e com algumas outras pessoas", disse o delegado Sidney Tenório.
As pessoas só perceberam que caíram num golpe quando o ex-secretário de Saúde, Alexandre Ayres, publicou um comunicado informando que o nome dele estava sendo usado para dar credibilidade ao esquema. As vítimas tentaram entrar em contato com Ana Rafaella, mas não conseguiram. Ela será chamada para prestar depoimento. Mas de acordo com a polícia, as vítimas da suposta golpista também podem responder criminalmente.
"A gente sabe que ninguém paga para entrar no serviço público. Serviço público se entra mediante concurso. Se a vítima sabia que pagou para ter algum tipo de vantagem indevida, que é facilitação para entrar no serviço público, é possível sim que possa ser responsabilizada também", esclareceu Tenório.
O suposto esquema era tão organizado que eram passados até recibo dos valores pagos por candidatos. Os papeis tinham o emblema da Secretaria de Saúde e o carimbo da Ana Rafaella como RH (Recursos Humanos) da Sesau.
Rubens foi um dos mais prejudicados no esquema. Ele diz que pagou R$ 27 mil tentando garantir vagas de trabalho até para familiares. "É um dinheiro que vai fazer muita falta na época de hoje. Primeiramente a justiça de Deus e que a justiça aqui na terra comprove o seu devido valor. Estamos cansados de sofrer golpes e não dar em nada".
A produção da TV Pajuçara tentou contato com Ana Rafaella, mas não teve retorno até a publicação da reportagem. O TNH1 também deixa o espaço aberto para manifestação de Ana Rafaella sobre as acusações. A Sesau informou que tem conhecimento do caso, mas entendeu que é um crime de natureza privada, estelionato, e não vai se posicionar sobre o assunto.
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