A Rede Globo foi condenada a pagar R$ 30 mil de indenização ao ex-goleiro do CSA, Alexandre Cajuru, por ter reprisado várias vezes um 'frango' que ele cometeu em 2020. A pedida inicial do atleta era de R$ 150 mil de indenização por danos morais.
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A ação foi julgada procedente em parte - isto é, foi aceita parte do pedido do autor - no último dia 11 de outubro. O TNH1 teve acesso à sentença do juiz Renan Augusto Jacó Mota, da 8ª Vara Cível de Ribeirão Preto (SP), do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
O lance em que Cajuru cita na ação aconteceu na terceira rodada da Série B de 2020, quando ele defendia o gol do CSA contra a Ponte Preta. Na ocasião, aos 22 minutos do primeiro tempo, o goleiro aceitou um chute de longa distância de João Paulo. A falha (relembre abaixo) repercutiu nacionalmente e protagonizou um vídeo no SporTV, canal fechado do Grupo Globo, intitulado de “Os vacilos dos goleiros do Brasileirão”, que mostrava falhas dos arqueiros da Série A e B.
Só faz quem chutaaaaaaa João Paaaaaulo G⚽⚽⚽⚽⚽L que Cajuru aceitou@aapp_oficial 1❌1 @CSAoficial pic.twitter.com/Og4wE33xAO
— O MUNDO DA B⚽LA (@VIVOMUNDODABOLA) August 22, 2020
Cajuru processou a Globo em maio de 2022. Segundo consta no documento, a defesa do ex-atleta do Azulão cita que, além dele, somente o goleiro Anderson foi incluído no corte. “Apesar de chamar os vacilos dos goleiros do Brasileirão, deveria chamar os vacilos dos goleiros Alexandre Cajuru e do goleiro Anderson, pois nunca passou falha de outros goleiros”, disse.
O vídeo do SporTV começou a ir ao ar em setembro de 2020 , no intervalo e após as partidas transmitidas pelo canal, e somente foi retirado no ano de 2021, após uma suposta conversa com um representante da Globo. Pelas contas anexadas ao processo, o corte foi transmitido mais de 4.200 vezes somente em 2020.
Ainda de acordo com o que foi apresentado no processo, a defesa do ex-goleiro alega que a transmissão se deu de forma abusiva e que o atleta foi prejudicado após as sucessivas inserções na grade. “[Ele] não conseguiu renovar seu contrato e tem tido muitas dificuldades para conseguir outro contrato com equipes da 1ª divisão”, uma vez que os clubes se negam a contratar um atleta com a imagem manchada pelos vídeos constantemente passados pela requerida em sua grade televisiva”, disse à época.
O juiz expôs que não se foi questionada a divulgação televisiva em si, mas a transmissão apontada como excessiva. “Importante salientar que a petição inicial em momento algum questiona a licitude da divulgação televisiva, em si considerada, dos lances ocorridos durante partida de futebol do Campeonato Brasileiro da Série B, transmitida pela ré”, e continuou.
“A pretensão indenizatória toma por base, isso sim, a transmissão televisiva apontada como excessiva, alegadamente caracterizadora de abuso de direito, do vídeo em que exposta falha cometida pelo demandante. As liberdades de informação, expressão e de imprensa,constitucionalmente asseguradas, não constituem direitos absolutos e devem ser exercidas de forma compatível com outras liberdades de estatura constitucional, tais como os direitos à honra, dignidade e à imagem.”
A Rede Globo foi comunicada oficialmente do processo, mas não se manifestou. Ainda há possibilidade de recorrer.
Quem é Alexandre Cajuru - Filho do ex-goleiro Celso Paschoalato, conhecido como Celso Cajuru, que fez história pelo Botafogo-SP e Paraná, Alexandre Cajuru Alexandre integrou a base do Athletico Paranaense entre 2010 a 2012, mas sua estreia profissional só veio em 2013, em um amistoso contra a seleção da Espanha.
Em 2015, ele ainda chegou a ser titular do time principal do Furacão, mas foi perdendo espaço e chegou a ser emprestado para a Ferroviária (SP) e o Guaratinguetá (SP).
No entanto, foi no CSA que Cajuru viveu seu auge. Ele chegou em 2017 e ficou no time Marujo até o ano de 2020. Foram 22 partidas, além dos títulos da Série C, o bicampeonato alagoano e o acesso à elite do futebol nacional.
Ele se aposentou em 2022, no Anápolis (GO), aos 29 anos.
*Estagiário sob supervisão
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