Em vez de pagar 225 reais por uma camisa oficial do Fortaleza Esporte Clube, o torcedor do clube poderá a partir de agora pagar 59,90 reais.
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A diferença não diz respeito a uma promoção específica, mas a uma nova linha de produtos voltada a atingir mais torcedores. O Fortaleza vai lançar no próximo sábado 2 o projeto de sua camisa popular, que foi remodelada para ser mais barata. O uniforme será vendido por ambulantes na porta de seu estádio, a Arena Castelão, com o comércio feito por cerca de 15 ambulantes parceiros.
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, afirma que o objetivo é atender à parcela da torcida que não pode pagar pelo modelo tradicional. A camisa oficial principal custa 225 reais (com 10% de desconto para sócio torcedor).
As novas camisas serão revendidas aos ambulantes a preço de fábrica. Os vendedores foram cadastrados junto ao Fortaleza e estarão identificados como revendedores oficiais. Paz afirma que o objetivo por ora não é vender a camisa nas lojas oficiais.
Na compra da camisa popular, quem entregar sua camisa pirata receberá 10 reais de desconto, de modo que a camisa oficial sai por 49,90 reais.
Cerca de 4.500 unidades foram fabricadas, e Paz afirma que uma nova leva pode ser comercializada em 2020, a depender da recepção dos torcedores. “Talvez possamos ir para o interior do estado, onde há muita camisa pirata e torcedores que gostariam de ter o produto original, mas não podem pagar”, diz o presidente do clube.
Projeções apontam que mais de um terço das vendas de produtos relacionados ao futebol no Brasil são piratas. Com a maioria das camisas de clubes de futebol custando mais de 200 reais (mais de 20% do salário mínimo), os produtos são um alvo fácil para a pirataria.
Uma pesquisa sobre pirataria entre os consumidores brasileiros da Fecomércio, de 2017, mostra que 75% dos brasileiros que compram produtos piratas são das classes C, D e E, e que a maior parte deles está nas regiões Sudeste (46%) e Nordeste (29%), justamente a casa do Fortaleza. As roupas (incluindo camisas esportivas) são o terceiro item pirata mais consumido, e 97% dos consumidores afirmaram que compraram produtos não-oficiais em busca de preços mais em conta.
Fabricação caseira
O projeto da camisa popular começou a ser pensado em janeiro deste ano, sendo um dos pontos presentes no planejamento estratégico do clube para 2019. A camisa popular faz parte de um trabalho do Fortaleza com sua marca própria de material esportivo, criada há três anos e batizada de Leão 1918 — fazendo referência ao ano de fundação do clube cearense.
É mais comum que times tenham fornecedores externos de material esportivo, com parcerias com grandes empresas como Nike e Adidas, mas os produtos do Fortaleza são feitos pelo designer Bruno Bayma, funcionário do clube. Clubes como Bahia, Paysandu, Coritiba e Santa Cruz também têm marcas próprias.
No modelo popular, foram feitos ajustes para baratear a produção, com menos detalhes no símbolo, por exemplo. A camisa principal tem o símbolo bordado, ao contrário do novo modelo, e tem mais estrelas representando conquistas do clube, como a Copa do Nordeste de 2019. A estrela de uma das maiores conquistas do Fortaleza até aqui, o Campeonato Brasileiro da Série B de 2018, permanece na camisa popular. “São detalhes bonitos mas que encarecem a produção, então a gente retirou para conseguir vender a camisa a um preço acessível”, diz Paz.
O Fortaleza espera faturar 10 milhões de reais em 2019 com seu braço de vestuário. Se atingida a projeção, será uma alta de mais de 66% em relação a 2018, quando faturou 6 milhões de reais com as camisas.
No ano passado, ainda disputando a série B do Campeonato Brasileiro, o faturamento total do clube foi de 51 milhões de reais, segundo suas demonstrações contábeis. O Ceará, que teve o menor faturamento da série A em 2018, faturou 64,8 milhões de reais, seguido por Chapecoense, com 80,1 milhões de reais, e Goiás, com 80,8 milhões. Neste ano, tendo subido para a série A, a receita do Fortaleza deve ser maior.
Faltando dez rodadas para o fim do campeonato, o Fortaleza está três pontos acima da zona de rebaixamento. Se, além de engordar o caixa, as novas camisas trouxerem sorte no Brasileiro, Paz e os torcedores do clube não hão de reclamar.
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