Uma manifestação denunciando agressões a um garoto transgênero em uma escola estadual tomou conta da Avenida Doutor Osvaldo Cruz, no bairro de Chã de Bebedouro, em Maceió, na tarde desta terça-feira (05). Com faixas e cartazes, parentes e amigos do adolescente, de 15 anos, pediram respeito ao menor, que decidiu mudar de gênero recentemente.
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Segundo Rosimeire Bernardo, mãe da vítima, o motivo do protesto foi uma agressão sofrida por ele em sala de aula, na Escola Estadual Miguel Guedes Nogueira, em Chã de Bebedouro, na última semana.
"Ele não está indo para a escola, pois está constrangido. Não retiraram a agressora da sala dele. Foi uma aluna que agrediu meu filho fisicamente, jogando ele três vezes contra as bancas. A coordenadora da escola não quer respeitar meu filho usando o nome social, o que é obrigatório por lei. Alguns professores também, mas a coordenadora segue relutante, ela diz que é uma fase de adaptação", disse a mãe revoltada.
Ainda segundo a mãe, os manifestantes esperam que a Secretaria de Educação de Alagoas (Seduc) tome conhecimento da situação e converse com integrantes da escola e a vítima.
O garoto revelou que esta foi a primeira vez que sofreu agressão física, mas é agredido verbalmente desde o ano passado, e citou um episódio com uma de suas professoras, que se negou a chamá-lo pelo nome social, pois dizia que não era da índole dela.
"A agressão física foi a primeira vez, mas a verbal, o constrangimento, já venho passando desde 2017. Esse ano começou tudo de novo, disseram que não iam aceitar. Não me respeitavam porque o meu nome "não existia", só existia meu nome de registro”, disse ele.
O adolescente ainda informou que a gestão não se pronunciou em momento algum, porque a coordenação não chamou nenhum órgão competente para resolver a situação.
“É um desrespeito total. Acho que lutamos tanto por liberdade de expressão, de respeito à comunidade LGBT. Isso tá acontecendo dentro de uma escola, que deveria ensinar. Ela teria que se adaptar para essa demanda. Se houve a agressão, e a omissão por parte da coordenação, nós temos que pedir a demissão da coordenadora”, afirmou Manoel Messias, presidente do Grupo Gay de Maceió, que deu apoio ao protesto.
A reportagem do Portal TNH1 entrevistou o diretor da escola, Carlos André, que relatou que a escola ainda se adapta a mudança. "Em relação as agressões físicas, a mãe da aluna que agrediu já foi chamada pela instituição para uma conversa com a mãe da criança agredida. É uma questão de adaptação. O principal problema foi uma das listas de chamada de uma professora novata que veio com o nome biológico. Esse foi o ápice", salientou.
A Seduc se manifestou através de nota à imprensa, negando agressões físicas, mas confirmando a discussão entre os alunos.
Trânsito ficou lento
O protesto interditou os dois sentidos da via e o trânsito ficou lento por horas no local. O Gerenciamento de Crises da Polícia Militar foi acionado para conversar com os manifestantes e resolver a situação.
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