Circula no WhatsApp uma matéria que repercute afirmações de um virologista belga que defende a interrupção da imunização contra a Covid-19. Geert Vanden Bossche, como é identificado, argumenta que a vacinação em massa provocaria o surgimento de variantes ainda mais infecciosas e incontroláveis. Especialistas, entretanto, afirmam que o discurso está distorcido e que os benefícios da imunização superam qualquer risco.
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Em tom alarmista, a matéria faz um balanço das ideias do cientista. “Os bloqueios e o uso de máscaras fortaleceram o vírus, as implantações de vacinação em massa em andamento são altamente prováveis de aumentar ainda mais o escape imunológico 'adaptativo', pois nenhuma das vacinas atuais impedirá a replicação/transmissão de variantes virais. Quanto mais usarmos essas vacinas para imunizar pessoas no meio de uma pandemia, mais infeccioso (mutante) se tornará o vírus e com o aumento da infecciosidade, aumenta a probabilidade de resistência viral às vacinas”, cita o texto.
As teorias são contestadas por especialistas. Ouvidos pelo Estadão, pesquisadores explicam ponto a ponto de cada “argumento distorcido”, como é chamado. Flávio Fonseca, virologista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo, explica que a tese de Geert Vanden Bossche apresenta deturpações, pois novas variantes não são novidades. “Por isso, já está sendo discutido no mundo inteiro que as vacinas se adaptem a essas novas variantes, fazemos isso todo ano contra a gripe”, esclareceu.
O site americano Deplatform Dicease, que realiza checagem de informações sobre a vacinação contra a Covid-19, ressalta que as alegações sobre a vacina são especulativas e que não possuem evidências. Mencionado pelo site de checagem brasileiro Boato.org, o esclarecimento afirma que o argumento do virologista está baseado apenas na ideia de que as vacinas não têm um efeito significativo na transmissão, diferente do que dizem os estudos.
Outra informação que vai de encontro ao pensamento do virologista belga é que as vacinas existentes contra a Covid-19 podem sim proteger contra as variantes. Como informou a Fiocruz, o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, demonstrou eficácia em neutralizar a variante do novo coronavírus que foi identificada em janeiro, em Manaus. A vacina CoronaVac, imunizante fabricado pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac também apresenta eficácia contra a variante, como divulgado pelo grupo Vebra Covid-19.
As vacinas utilizadas atualmente são reconhecidas e recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que disponibiliza um site com todas as informações sobre a imunização e a eficácia. O portal oferece links com informações detalhadas de cada vacina.