A F-1 apresentou nesta terça-feira (10) uma prévia do seu calendário para a temporada de 2021. Entre as 23 corridas está previsto o GP Brasil em Interlagos, na cidade de São Paulo, com um aviso de "sujeito a contrato".
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A prova não está garantida porque o vínculo entre e a FOM (Formula One Management), braço comercial da modalidade, e a Interpub, empresa que organiza o evento em Interlagos desde 1990, chega ao fim neste ano e ainda não foi renovado.
Nos últimos dias, porém, as negociações para que a corrida permaneça em São Paulo avançaram. As tratativas poderão resultar inclusive em um novo contrato mais longo, além de 2021.
Em 2020, por conta da pandemia de Covid-19, o calendário tem 17 etapas, muitas delas que não estavam previstas originalmente. O Brasil foi um dos excluídos, assim como os outros países da América, e deixou de ter uma prova pela primeira vez desde o início dos anos 1970.
Isso aumentou o temor de que o país pudesse ter se despedido da categoria longe das pistas, por causa das indefinições sobre a renovação e da disputa entre São Paulo e Rio de Janeiro para receber o evento.
O consórcio Rio Motorsports teve conversas avançadas com a FOM para levar a corrida para o Rio de Janeiro a partir do próximo ano, mas não conseguiu até agora aval do Instituto Estadual do Ambiente para começar a construir um autódromo em Deodoro, sobre a floresta de Camboatá, área de mata atlântica na zona oeste da cidade.
O relatório sobre o impacto da obra, elaborado por uma empresa contratada pela própria Rio Motorsports, diz que a edificação, se e quando liberada, deverá durar 23 meses.
A Rio Motorsports, representada pelo empresário JR Pereira, venceu, como única interessada, o processo licitatório feito pela Prefeitura do Rio em maio do ano passado. A empresa prometeu gastar com recursos privados R$ 697 milhões com as obras e terá direito de explorar o local por 35 anos.
No dia 14 de setembro, Chase Carey, chefe da FOM, enviou uma carta para o governador interino Cláudio Castro, na qual diz que há um acordo com a Rio Motorsports para promover, sediar e organizar a F-1 no Rio e que o contrato será firmado somente depois de aprovações das licenças ambientais.
Essa informação foi revelada pelo site Diário Motorsport no início de outubro.
A Folha de S.Paulo teve acesso a uma correspondência do dia 30 de outubro, assinada por Castro e endereçada a Carey e a JR Pereira. Nela, o governador carioca reitera o interesse pela realização da corrida, inclusive em 2021, e cita que apesar da demora no procedimento de licença ambiental prevê que ele seja concluído em breve.
"É praticamente 99% a chance de termos a F-1 a partir de 2021 no Rio", afirmou Jair Bolsonaro, após encontro com Carey, em junho do ano passado. Numa disputa política com o governador de São Paulo, João Doria, o presidente da República havia sido um dos principais incentivadores da transferência do GP para o Rio.
Desde o início, a proposta foi alvo de pressão de grupos ambientalistas. Recentemente, o hexacampeão Lewis Hamilton se disse contrário à derrubada de árvores para construir um autódromo.
Apesar de possuir um dos circuitos mais tradicionais da categoria, São Paulo, que estabeleceu uma força-tarefa com a presença do prefeito Bruno Covas e do governador João Doria, ambos do PSDB, desde 2018, encontrava dificuldades para chegar a um acordo com a FOM.
Carey deseja receber a taxa de promotor, em torno de US$ 30 milhões (R$ 188 milhões), que São Paulo estava isenta de recolher de acordo com o contrato assinado em 2014, quando Bernie Ecclestone dava as cartas na categoria. Em 2016, Ecclestone vendeu a FOM para o grupo americano Liberty Media.
A desvalorização do real diante do dólar tornou-se mais um entrave para o negócio. Como principal argumento, os paulistas dizem que o Rio não tem um local adequado, hoje, e vive crises políticas nas esferas estadual e municipal -com o afastamento de Witzel e uma possível derrota de Crivella na eleição municipal, o que acendeu o alerta da FOM.
Durante as tratativas, a cúpula paulista resolveu escantear a Interpub e convidou a IMM, empresa promotora de eventos esportivos que tem Alan Adler como CEO. Esta última tenta, com ajuda de investidores, uma solução para pagar a taxa de promotor.
Procurados pela Folha, Tamas Rohonyi, dono da Interpub, confirma a presença da IMM no negócio. Adler não quis comentar o assunto.
Também está em discussão o contrato de transmissão da categoria no Brasil, já que a Globo não renovou o acordo pelos direitos que chega ao fim neste ano. Não está descartado, porém, que a emissora carioca volte à mesa de negociações com a Liberty.
O calendário com 23 etapas poderá ser um recorde, mas a data de 25 de abril ainda precisará ser confirmada. Ela a princípio pertenceria ao GP do Vietña, na cidade de Hanói. O país teria sua primeira prova neste ano, porém ela foi adiada por conta da pandemia de Covid-19. Agora, um escândalo de corrupção que levou o prefeito da cidade à prisão tornou-se o maior entrave.
A grande novidade de 2021 será a presença do GP da Arábia Saudita, no dia 28 de novembro, no circuito de rua da cidade de Jidá. A temporada deverá começar no dia 21 de março em Melbourne, na Austrália, e chegará ao final no dia 5 de dezembro, em Abu Dhabi. O Brasil sediará a antepenúltima prova.
CALENDÁRIO PROVISÓRIO DA F-1 EM 2021
21 de março, Austrália (Melbourne)
28 de março, Bahrein (Sakhir)
11 de abril, China (Xangai)
25 de abril, a ser confirmado
9 de maio, Espanha (Barcelona)*
23 de maio (Monaco)
6 de junho, Azerbaijão (Baku)
13 de junho, Canadá (Montreal)
27 de junho, França (Le Castellet)
4 de julho, Áustria (Spielberg)
18 de julho, Reino Unido (Silverstone)
1º de agosto, Hungria (Budapeste)
29 de agosto, Bélgica (Spa)
5 de setembro, Holanda (Zandvoort)
12 de setembro, Itália (Monza)
26 de setembro, Rússia (Sochi)
3 de outubro, Singapura
10 de outubro, Japão (Suzuka)
24 de outubro, Estados Unidos (Austin)
31 de Outubro, México (Cidade do México)
14 de novembro, Brasil (São Paulo)*
28 de novembro, Arábia Saudita (Jidá)
5 de dezembro, Emirados Árabes Unidos (Abu Dhabi)
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