"Apertei o pescoço dela e, em seguida, dei um mata leão nela". A fala é de Leandro dos Santos Araújo, de 23 anos, que confessou ter assassinado a facadas, com a ajuda da namorada, a própria sogra, a garçonete Flávia dos Santos Carneiro, de 43 anos. O crime bárbaro foi descoberto após o corpo de Flávia ter sido encontrado dentro de uma geladeira, na manhã dessa terça-feira (5), em Guaxuma, no Litoral Norte de Maceió.
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Leandro foi preso na noite dessa terça-feira e prestou depoimento na sede da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ainda no mesmo dia, a polícia já havia apreendido a filha da vítima, uma adolescente de 13 anos, e o pai de Leandro, um homem identificado como Ademir da Silva Araújo. Todos eles teriam envolvimento no crime.
A reportagem do TNH1 teve acesso com exclusividade ao depoimento de Leandro (veja, abaixo, o vídeo completo), que durou mais de 20 minutos. Durante o longo relato, ele conta a versão dele e diz que as discussões com Flávia dos Santos Carneiro teriam se intensificado durante o Carnaval.
— Isso tudo começou durante uma briga no Carnaval, porque eu havia deixado a minha mulher [a adolescente] em casa e ido para um bloco. Eu chamei ela pra ir e ela não quis ir, dizendo que estava com dor de cabeça. Eu até comentei com a minha sogra [Flávia] que ela [a adolescente] não queria ir comigo e a Flávia me disse pra ir só, já que a filha não queria ir. Eu fui para o bloco e, quando voltei, as duas não estavam em casa, estavam num churrasquinho. Eu fui atrás delas, sentei na mesa onde elas estavam comendo. Nesse momento, a Flávia começou a falar um monte de coisa pra mim, disse que eu havia deixado a minha mulher sozinha em casa e ido curtir. Ela ficou brigando comigo, colocando dedo na minha cara, me xingando e falando um monte de coisa. Foi aí então que ela me expulsou da casa dela, onde eu também pagava aluguel para morar. Nós morávamos todos juntos, e todos pagavam aluguel — conta Leandro.
Ele também disse que teria quebrado a porta de um quarto e uma janela na casa da sogra. Segundo Leandro, tal ação tornou insustentável a relação dele com Flávia.
— Após essa discussão de Carnaval, ela pegou a minha mulher e o parceiro dela, um colombiano, e foi pra essa casa. Quando eu cheguei lá, ela voltou a me acusar e disse que eu queria matar o filho dela, o meu cunhado, que também estava em casa. Aí começou o fuzuê, ela veio pra cima de mim, pra tentar me agredir, mas o colombiano não deixou. Não vou mentir, pois nesse momento eu quebrei uma janela lá. Ela continuou vindo pra cima de mim, e eu empurrei ela. Foi uma briga feia. O filho dela saiu do quarto e disse que não aguentava mais morar naquela casa. Ele foi e quebrou uma garrafa de vidro e a minha sogra disse que havia sido eu. Disse que eu vivia quebrando as coisas dentro da casa. Nessa confusão, o colombiano acabou pisando na garrafa e sujando o chão de sangue. Nesse dia eu também quebrei uma porta, pois a Flávia queria bater na minha mulher dentro do quarto. Nós queríamos pegar uma roupa para irmos embora de lá —, alega o jovem.
A reportagem do TNH1 manteve o vídeo na íntegra e preservou o nome da adolescente
O dia do crime - Ainda no depoimento, Leandro dos Santos Araújo apresenta a sua versão de como o casal matou a garçonete Flávia dos Santos Carneiro. Ele disse que a sogra não queria a presença dele dentro da casa, e que a filha, a adolescente com que ele mantinha um relacionamento, era contra a decisão da mãe.
— Eu acabei voltando pra casa da minha mãe. A minha sogra disse que não queria ver a minha cara, que eu só iria pra lá quando ela não estivesse na residência. Eu só ia pra casa da minha mulher quando ela não estava em casa. No dia em que aconteceu isso aí [o crime], eu estava no quarto com a minha mulher, e ela disse que a minha sogra iria largar do trabalho às 10 horas. Aí eu fui beber água na cozinha, quando a minha sogra entrou e eu me escondi pra ela não me ver, mas quando eu saí ela acabou me vendo. Normalmente, eu pulava a janela, para não passar na frente da casa e ela não me ver. Eu não queria olhar na cara dela, pois ela disse que queria me matar por conta da última briga. Nesse momento, ela me chamou pra conversar e disse que estava cheia de ódio da minha cara, pelo que eu havia feito. Ela continuou dizendo que eu havia quebrado a casa dela todinha, eu dizendo que não havia quebrado. Eu questionei ela, dizendo que ela havia agredido a própria filha, a minha mulher. Eu ainda disse pra minha sogra que ela tinha idade pra ser a minha mãe, mas que não poderia bater em mim. Ela ainda me acusou de bater na cara da minha mãe e ainda chamar a filha dela de puta. Eu não fiz isso e quem fazia isso era a Flávia. Durante essa discussão, eu disse pra minha sogra que foi ela que veio pra cima de mim e, quando a minha mulher também disse o mesmo, a minha sogra começou a xingar. Ela foi pro quarto e disse que tinha que encher a minha cara de bala. Foi aí que ela levantou e foi na cozinha, pegou uma faca e veio pra cima de mim. Eu me esquivei, peguei a faca, apertei o pescoço dela e dei um mata leão nela. Ela começou a se debater e gritar, eu tive que segurá-la. Se eu a soltasse, ela sairia dizendo que eu havia tentado matar ela. A minha mulher segurou ela e eu também. Nesse momento, a minha mulher pegou a faca que estava no chão, mas antes ela já havia dado uma pancada na cabeça da mãe. A minha mulher me deu a faca e eu, com a cabeça quente, acabei matando ela. Depois disso, quando eu vi a bagaceira, fiquei sem acreditar no que fiz —, confessou Leandro
Logo após cometer o crime, Leandro relatou, durante depoimento à polícia, que o casal limpou toda a residência da vítima e colocou o corpo dela em uma geladeira.
— Depois disso tudo, nós limpamos a bagunça. Eu disse pra minha mulher que teríamos que limpar aquilo tudo. Eu disse para enrolar a minha sogra em um edredom. A minha mulher limpou a casa, a gente puxou o sangue para o banheiro e limpamos tudo. Eu disse pra minha mulher que não sabia o que fazer, e ela me respondeu que a gente teria que dar um fim nela. Foi nesse momento em que disse que a gente precisaria de ajuda, de alguém pra ajudar nós. Nós enrolamos ela e deixamos o corpo no quarto, para não ficar fedor. Enrolamos ela todinha e a amarramos. E pra não ficar fedor, decidimos colocar o corpo dela na geladeira. Isso tudo foi feito no mesmo dia, na sexta-feira. Não ficamos em casa, fomos dormir em outro lugar. Voltamos no outro dia e o corpo estava na geladeira. Aí pegamos os restos dos móveis e a mudança. E foi isso. Na terça, eu falei com o cara do frete, que eu já conhecia, e ele me disse que iria ajudar. Mas ele não sabia que tinha um corpo dentro da geladeira. Como o corpo era pesado, eu paguei 20 reais para um cara na rua nos ajudar. Ele nos ajudou e colocamos o corpo dentro de uma Pampa. Eu pedi ajuda para o meu pai, pois era muito pesado. Disse que levaríamos a geladeira para casa do meu irmão, mas, no meio do caminho, disse que jogaria ela fora. Foi aí que o cara do frete disse que ficaria com a geladeira, pois tinha valor e ele queria vendê-la no ferro velho. Por conta disso, eu tive que abrir o jogo com ele e contar que havia um corpo dentro da geladeira. Ele ficou nervoso e eu disse que ele teria que ajudar. O meu pai estava no carro e também ficou nervoso, ele não sabia. Aí o cara da pampa disse que iria fazer, mas que se a polícia fosse atrás dele, era para eu confessar o crime e dizer toda a verdade. Foi aí que entramos em uma rua do bairro de Guaxuma, e jogamos a geladeira fora —, contou ao delegado.
O corpo de Flávia foi encontrado dentro de uma geladeira, em Maceió, nessa última terça-feira (5). |
Após ser perguntado se ele se arrependia do crime, Leandro disse que levava uma vida normal. O jovem ainda contou que era usuário de maconha.
— Eu me arrependo, né. Eu levava a vida normal, trabalhava. Eu só fumava maconha e a minha mulher também fumava. Ela fumava maconha comigo dentro do quarto. Eu conheci a minha mulher no meu antigo trabalho, ela morava bem em frente. Eu gostei dela e ela gostou de mim — finalizou Leandro.
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