Nos últimos anos, um dos principais trabalhos da Nomura Research Institute (NRI) tem sido avaliar o impacto econômico da Olimpíada de Tóquio. E a conclusão de um dos estudos da empresa de auditoria é que faria mais sentido cancelar os Jogos se isso significasse evitar o novo estado de emergência no país, implantado a partir desta segunda (12).
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É a terceira vez que o governo do país adota essa medida desde o início da pandemia da Covid-19, em março do ano passado. A princípio, vai durar até 21 de agosto, engloba todo o período da Olimpíada (de 21 de julho a 9 de agosto) e as férias escolares.
A venda de álcool foi proibida em bares e restaurantes, que terão de fechar às 20 horas. A medida é impopular entre os empresários do país.
"O impacto negativo para a economia do estado de emergência é muito superior ao benefício que os Jogos vão trazer [com as restrições implementadas]", estima Takahide Kiuchi, executivo do Nomura Research Institute.
Kiuchi aponta estudo que realizou no mês passado mostrando que um novo estado de emergência reduziria a economia do Japão em cerca de U$S 27 bilhões (R$ 140,4 bilhões na cotação atual). Já o impacto econômico negativo com o cancelamento dos Jogos, segundo ele, seria de US$ 16,3 bilhões (R$ 84,8 bilhões).
De acordo com o executivo, o número pode ser ainda maior no estado de emergência e só será efetivamente calculado após seu término. Os dois anteriores custaram ao país, no total, US$ 115 bilhões (R$ 598 bilhões).
"Um dos grandes impactos econômicos esperados era a presença de público estrangeiro. Seria um benefício muito grande. Isso sumiu em março", completa Kiuchi, referindo-se à proibição de turistas de outros países.
Pelos cálculos do NRI, foi uma medida (tomada para evitar a propagação da pandemia) que fez a organização dos Jogos perder US$ 1,16 bilhão (R$ 6 bilhões). Na semana passada, foi anunciado que os espectadores japoneses também não poderão acompanhar as provas nos locais de disputa em Tóquio (apenas em cidades vizinhas e com restrições). Mas isso faz pouca diferença na economia do evento.
"O público interno gasta muito pouco. Cada visitante estrangeiro gastaria, em média, cerca de US$ 1,4 mil (R$ 7,3 mil)", avalia Kiuchi.
Havia no governo japonês, antes da pandemia, a certeza de que os Jogos causariam um aumento do turismo internacional no Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em 2019, último ano antes do Covid-19, US$ 43 bilhões (R$ 223,6 bilhões em valores atualizados) entraram na economia com visitantes de outras nações.
A decisão de manter os Jogos também é econômica, mas por parte do COI (Comitê Olímpico Internacional), o único que tem o poder de cancelar os Jogos. Algo que, a oito dias da primeira competição, não vai mais acontecer.
O comitê precisa satisfazer também os interesses de confederações e federações internacionais que precisam de repasses de verbas, ainda mais durante a pandemia, em que vários eventos foram realizados sem público ou cancelados. De tudo o que o COI arrecada, 90% vão para essas instituições.
A maior preocupação é com os contratos de direitos de transmissão da Olimpíada, especialmente com a NBC, dos Estados Unidos. Em 2014, a emissora comprou a exibição dos Jogos até 2032 por US$ 7,65 bilhões (R$ 40,2 bilhões em valores atuais).
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