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Especialista ensina metodologias para diminuição de adoecimento psíquico

Assessoria | 05/08/24 - 09h24
Pesquisa atesta que 66% dos jovens têm pensamentos negativos, o que faz crescer a preocupação com a saúde mental de estudantes | Foto: Freepik

Ultimamente tem crescido a preocupação em relação à saúde mental dos alunos. São muitos os casos relatados  de crises de ansiedade e de pânico dentro do ambiente escolar, inclusive de forma coletiva. Muitos educadores vêm relatando preocupação crescente com a saúde mental dos estudantes, dada a frequência com que vêm observando casos de depressão, ansiedade e agressividade no ambiente escolar.

Recentemente, no final de 2022, a Data Folha fez uma pesquisa com jovens entre 15 e 29 anos de vários estados do Brasil e que trouxe dados alarmantes. 66% desses jovens relataram ter pensamentos negativos recorrentes, 58% disseram ter dificuldades de concentração e 53% alegaram ter crises de ansiedade.

No pós-pandemia, sete em cada 10 alunos relatam sintomas de ansiedade ou depressão, segundo estudo. A pesquisa também indicou que 5,7% dos estudantes relatam presenciar violência psicológica com muita frequência e outros 3,8% afirmam presenciar violência física em casa com muita frequência, o que pode contribuir com o aumento das estatísticas. Assim, muitos alunos trazem questões de casa para a escola, dificultando seu aprendizado e desenvolvimento.

Os números, segundo o coordenador pedagógico da Hug Education, Cícero Filgueira, acendem um alerta sobre a falta de diálogo sobre os temas. “Isso mostra o quanto é importante se falar sobre o assunto dentro do ambiente escolar, porque as emoções, como lidar com elas e o adoecimento mental, querendo ou não, vão influenciar na nossa vida. Se uma pessoa está recorrentemente com ansiedade, acaba adoecendo. A ansiedade vai atrapalhar o cotidiano escolar, o desempenho dos alunos e as relações interpessoais que são promovidas ao longo da vida”, destaca.

A pandemia também foi apontada como um dos fatores que aumentou ainda mais a quantidade de alunos que sofrem com o adoecimento mental. “O isolamento social, por mais que fosse importante promovê-lo, terminou cortando o cotidiano escolar e as relações pessoais. Porque a escola não é um ambiente somente de aprendizado, mas também de socialização e compartilhamento, isso faz parte do processo pedagógico. Muitas crianças voltaram da pandemia com déficit de aprendizagem, outras mudaram de comportamento e isso é algo visível em escolas públicas e privadas. Por isso é muito importante o papel acolhedor que a escola tem”, pontua o especialista.

Com o desenvolvimento das Competências Socioemocionais se busca cultivar a capacidade de gerenciar nossas próprias emoções de modo a aprimorar o autoconhecimento, a empatia e as boas relações interpessoais. De acordo com o coordenador pedagógico, essa é uma disciplina como qualquer outra, que foi incorporada no currículo escolar, inserindo habilidades e competências para lidar melhor com os desafios da vida. Assim, a educação socioemocional é como se fosse um projeto de vida que começa ainda na infância, na educação infantil, até o final do ensino médio, através de textos, dinâmicas e trabalhos em grupos.

Coordenador pedagógico da Hug Education, Cícero Filgueira


A dificuldade em regular as emoções pode ser minimizada com trabalhos específicos dentro da escola, com destaque para a utilização do programa de educação socioemocional. Essa é uma realidade já presente nas escolas públicas de Alagoas, que agora contam com o programa Coração de Estudante, visando a melhora desses índices.

“O programa Coração de Estudante tem o viés da saúde e assistencialismo, que é com os psicólogos e assistentes sociais, e tem o viés pedagógico que é feito com os materiais pedagógicos da Hug Education e com as aulas de educação socioemocional. Isso é feito no ensino fundamental I e II de toda a rede estadual de ensino. São ações continuadas e um acompanhamento pedagógico feito por consultores da Hug que vão todos os meses na escola ver como está a aplicação do programa, se os professores estão com dificuldades e ofertar o suporte”, explica Cícero Filgueira.

O especialista ainda fala sobre a separação de cada assunto a ser trabalhado de acordo com a faixa etária dos alunos. “Cada fase do desenvolvimento precisa de um foco especial. A educação infantil marca o início da alfabetização emocional, ou seja, dar nomes para as emoções. Por isso, entendê-las é fundamental para conseguir refletir sobre elas, que vão amadurecendo ao passar dos anos. No ensino fundamental II, por exemplo, já há discussões mais profundas, com relação ao uso de drogas e de relações interpessoais. No ensino médio temos o papel das profissões e das pressões sociais, que inclusive é um dos grandes motivos de adoecimento mental dos adolescentes”, ressalta.

Por fim, é importante também a presença dos pais, família e amigos no processo de aprendizagem, já que toda a sociedade tem impacto e responsabilidade no desenvolvimento dos jovens.