Polícia

Escrivã da PC desviou por mês, em média, dez vezes mais do que recebia; veja salário

João Arthur Sampaio | 27/06/24 - 11h00
Divulgação/Polícia Civil de Alagoas

Carros de luxo, joias, celulares, escrituras de imóveis, entre outros itens, foram apreendidos pela Polícia Civil de Alagoas (PC-AL) durante a Operação Oplatek. A investigação apontou que o esquema desviou cerca de R$ 7,5 milhões e beneficiou sete membros da mesma família, da qual há dois sargentos da Polícia Militar e uma agente da Polícia Civil, sendo esta última a responsável pelo desvio.

O crime acontecia desde 2014. A servidora da PC-AL, concursada como escrivã, era a pessoa que fazia o lançamento final dos benefícios de ticket alimentação dos colegas de trabalho na corporação. A fraude só foi identificada com o cruzamento de dados e com a modernização dos sistemas da Polícia Civil e da Secretaria da Fazenda do Estado.

Como escrivã, a servidora recebia aproximadamente R$ 6 mil líquidos por mês, além de R$ 800 de alimentação. Em um cálculo rápido, dividindo o total de R$ 7,5 milhões pela quantidade de meses, é possível identificar que, para que o montante chegasse ao valor milionário, seria preciso a retirada de, em média, R$ 62,5 mil por mês.

A média mensal é mais de dez vezes maior do que a quantia que a escrivã recebia de salário. Caso o crime não tivesse ocorrido, ao longo da última década, ela teria recebido R$ 720 mil de vencimentos, fora R$ 96 mil apenas de ticket alimentação. Isso tendo como base o valor aproximado, sem considerar eventuais reajustes inflacionários.

As autoridades confirmaram que a servidora está afastada das funções na Delegacia-Geral após a prisão. "Vai ser aberto processo administrativo disciplinar que prevê pena de demissão", disse o delegado Sidney Tenório.

Operação Oplatek

Os mandados contra a família foram expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital. Eles residem em Maceió e Colônia de Leopoldina. 

Os suspeitos irão responder pelos crimes de organização criminosa, peculato, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e inserção de dados falsos em sistema de informação. Juntas, as penas podem ultrapassar 44 anos de prisão.

A Polícia Civil intitulou a operação de “Oplatek” em referência a tradição milenar polonesa de dividir o pão (alimento sagrado) entre os integrantes da mesma família, como forma de fortalecer os laços familiares.