Há 10 dias, o erro médico que resultou na amputação da perna de uma paciente no Hospital Geral do Estado (HGE) ganhou repercussão em Alagoas. Nesta terça-feira, 02, a Polícia Civil, que já abriu inquérito para apurar o caso, confirmou que a principal linha de investigação é de que a falha da equipe médica pode ter acontecido porque o hospital estava com pessoas com nomes homônimos internadas, ou seja, com duas pacientes chamadas Maria José.
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Na manhã desta terça, a família da idosa de 73 anos participou, junto com a advogada Wannessa Wanderley, de uma entrevista coletiva na sede da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), no bairro de Jacarecica. Os membros da Comissão Especial da Pessoa Idosa e da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB/AL também estiveram presentes, assim como o delegado Robervaldo Davino, responsável pelo inquérito.
O delegado destacou que, neste primeiro momento, a investigação mostrou que havia uma outra paciente que se chama Maria José e que estava internada na mesma unidade de saúde. Segundo Davino, os nomes homônimos podem ter induzido à equipe médica ao erro durante o procedimento cirúrgico. A vítima, de 73 anos, necessitava de uma cirurgia para corrigir fratura no tornozelo, e não precisava e nem tinha sido autorizada a amputação, diferente da outra paciente, também chamada Maria José.
"O que se comenta é que foi por questão do nome. Quem fez a amputação, quem levou para a sala de cirurgia, só tratou como Maria José, não com o nome completo. Talvez se usasse o nome completo, tivesse chamado a atenção de que era a pessoa errada", iniciou Davino ao destacar que as responsabilidades vão ser apuradas.
"Eles podem responder pelo erro médico e por lesão corporal grave, pois houve a perda de um membro por completo", continuou o delegado ao explicar também que outros aspectos podem surgir ao longo da investigação e eles devem ser avaliados.
Davino reforçou que já colheu depoimento de familiares da dona Maria José, assim como do condutor que se envolveu no acidente de trânsito que levou a idosa à internação no HGE. Nesta semana, a polícia deve ouvir a equipe médica com cinco profissionais, que já foi afastada pelo hospital logo depois do caso vir à tona.
"Tomamos depoimento do proprietário do veículo que causou o acidente que levou a dona Maria José até o HGE. Em seguida, tomamos depoimento de dois familiares, o filho e o irmão, e depois tomamos depoimento do diretor médico do HGE, o que deu entrevista para as redes de comunicação em Alagoas. E tudo que ele falou, ele ratificou no depoimento. Ele ainda nos trouxe os prontuários das duas pacientes chamadas Maria José. As duas foram amputadas, mas uma não era para ser", disse.
HGE afastou equipe médica - A Direção do Hospital Geral do Estado (HGE) informou na última semana que abriu sindicância para apurar o erro médico que causou a amputação da perna da idosa. A vítima teve uma das pernas amputada durante uma cirurgia realizada no dia 21 de abril, feriado de Tiradentes.
Em nota encaminhada à imprensa (veja abaixo), logo após a repercussão do caso, a unidade hospitalar informou que toda a equipe médica envolvida na cirurgia foi afastada e que a direção vai fazer uma apuração rigorosa do acontecido. Já a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau-AL), lamentou o ocorrido e disse que está prestando toda a assistência à paciente e à família dela.
"A direção do Hospital Geral do Estado vem a público informar que foi aberta sindicância para apurar as circunstâncias que levaram ao erro médico em uma cirurgia realizada na sexta-feira (21), que causou a amputação da perna de uma paciente. Para preservá-la, não será divulgado seu nome.
A Secretaria de Estado da Saúde lamenta profundamente o ocorrido e informa que já está prestando toda a assistência necessária à paciente e à família. A direção já afastou toda a equipe médica envolvida para apuração rigorosa do acontecido".
Ministério Público acompanha o caso - Três dias após a cirurgia, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) determinou instauração de Notícia de Fato para apurar o procedimento errado e irreversível que vitimou a idosa de 73 anos.
De acordo com o MPE, o caso foi encaminhado à Coordenação das Promotorias Criminais e ao Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), que devem trabalhar para esclarecer o ocorrido. O Ministério Público, representado pela promotora de Justiça Louise Teixeira, ficou de vai enviar um ofício ao HGE e ao Estado, solicitando informações sobre as providências que já foram e serão adotadas para o caso.