Diretor artístico dos últimos álbuns de Erasmo Carlos, que morreu nesta terça, 22, aos 81 anos ("Amor é isso", de 2018, e "O futuro pertence à... Jovem Guarda", de 2022, que semana passada ganhou o Grammy Latino de melhor álbum de rock ou de música alternativa em língua portuguesa), o produtor Marcus Preto foi surpreendido pela morte do artista nesta terça-feira: eles começavam a pensar em um álbum de inéditas de Erasmo, a ser gravado no ano que vem.
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— A ideia agora era ir além da Jovem Guarda, colando com uma galera mais nova — diz Marcus, ressaltando que investiria em composições de Erasmo com jovens talentos da MPB como Tim Bernardes (d'O Terno) e Teago Oliveira (do Maglore), com quem ele já havia feito músicas.
Segundo Marcus, o cantor tinha deixado uma canção só sua, pronta ("Esquisitices"); mandou uma letra sobre amizade para Milton Nascimento fazer a melodia; e terminara, sozinho, um axé: "Menina dos olhos", para um projeto de disco arquivado pela cantora (e colega de Jovem Guarda) Wanderléa.
Responsável pela costura de parcerias de Erasmo Carlos com nomes da nova música brasileira, como o rapper Emicida, Marcus Preto (que tinha feito a direção musical dos últimos trabalhos de Gal Costa, falecida na semana passada) mantinha contato constante com o cantor.
— Ele era um cara apaixonante, quando a gente falava no telefone eu ficava nervoso, nunca me acostumei — diz ele, que na semana passada recebeu uma ligação de Erasmo, aos prantos, logo após a vitória, no Grammy Latino, do disco que fizeram juntos. — Só aí eu abri uma garrafa de um vinho chamado Erasmo, que ele me deu quando acabamos a gravação de "Amor é isso". Aquele era um troféu para mim, estava esperando uma ocasião especial para bebê-lo.
Este ano, Marcus incluiu uma canção de Erasmo, "Praga" no álbum "O que meus calos dizem sobre mim", que produziu junto com Emicida para a cantora Alaíde Costa. Era para a canção ter sido feita em parceria com o rapper, mas ele não entregou a letra a tempo — e a composição quase ficou de fora do disco.
— Aí eu perguntei se o Erasmo não topava que o Tim Bernardes fizesse a letra. Ele topou, porque adorava o Tim, que por sua vez fez a letra em três dias — recorda-se o produtor.
O cantor elogiou a parceria com Tim, intermediada por Marcus Preto:
— Ele me surpreendeu positivamente por pilotar com autoridade um universo de quando ele nem era nascido ainda, uma letra tipo Lupicínio que ele fez com muita maestria.
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