A morte do prestador de serviços Bruno da Silva Teixeira, 26, que ocorreu na noite do último dia 5, acende um alerta para os riscos que exercícios físicos intensos sem supervisão representam. O jovem teve um mal súbito durante uma corrida com um percurso total de 42 km e faleceu. O caso é investigado, mas exemplos parecidos são conhecidos por especialistas.
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Segundo Maria Cristina Izar, professora da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), há um número não muito grande, mas que preocupa, de mortes súbitas em meio a atividades físicas. "Muitas vezes são atletas, são treinados, e algumas vezes são pessoas destreinadas que são assintomáticas e desconhecem qualquer anormalidade."
Uma dessas doenças que na maior parte dos casos só apresenta sintomas com o esforço físico é a cardiomiopatia hipertrófica. Normalmente de ordem genética, a complicação pode levar a arritmias ou a alteração na pressão arterial e é principal causa de morte súbita ao ter esforço em jovens com menos de 35 anos, explica Izar.
Arritmias de base genética também têm associação com casos de morte súbita em jovens. Outro problema são as miocardites: infecções, principalmente virais, que acometem o músculo cardíaco.
Izar também menciona causas externas, como uso de hormônios, principalmente anabolizantes, e drogas. "Durante a sobrecarga imposta pelo exercício físico, isso pode levar a uma arritmia e causar uma morte súbita."
Para evitar complicações como essas, uma visita ao médico é necessária. "A prática de atividade física regular é saudável, mas precisa ser realizada com segurança. Portanto, é sempre importante que haja uma avaliação pré-início de atividade física para quem nunca fez essa avaliação. Seja para atividade competitiva, seja para recreativa", afirma Marcelo Franken, gerente-médico da cardiologia do Einstein.
Por meio da avaliação de um cardiologista, será possível identificar questões de saúde que poderiam causar problemas de saúde, como a cardiomiopatia hipertrófica. Com os diagnósticos feitos antes do começo da prática de alta intensidade, já é possível evitar desfechos -morte súbita, infartos não fatais e arritmias que levam a desmaios são alguns exemplos.
Franken também recomenda que a atividade física seja recorrente. Quando feita em picos, os exercícios podem causar problemas.
Outra orientação é a procura de um profissional que acompanhe a pessoa em casos de exercícios de alta intensidade. Na preparação para correr uma maratona, por exemplo, um educador físico auxiliará no desenvolvimento da capacidade física com segurança.
"Um educador físico tem sua importância no preparo do condicionamento físico para a prática desse tipo de exercício", afirma Franken.
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