Desde março de 2020, a principal pauta do mundo é apenas uma: Covid-19. A pandemia fez nascer, dentre muitas coisas, restrições, cuidados e alertas. No turismo, foi preciso fechar fronteiras, rever regras de higiene e trânsito, repensar a economia, tão abalada em muitos países. Agora, finalmente, temos uma aliada nessa batalha: a vacina.
LEIA TAMBÉM
E, enquanto alguns países têm doses suficientes para sua população, como os Estados Unidos, no Brasil a vacinação caminha a passos lentos. O Instituto Butantan, por exemplo, interrompeu a produção da Coronavac por falta de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) e a Fiocruz também pode suspender a produção do imunizante desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca, conforme reportagem da CNN Brasil.
Sem previsão de tomar a vacina em breve, muitos brasileiros avaliam as possibilidades de fazer as malas e partir rumo a países onde a vacinação já está adiantada e, inclusive, liberada para turistas. Nasce aqui o turismo da vacina. Confira a seguir quais nações apoiam e aderiram a iniciativa:
Países onde a vacinação para turistas está liberada:
A vacinação está sob responsabilidade de cada estado. Em Nova York, por exemplo, o prefeito criou centros de vacinação móvel em pontos turísticos, como Central Park, Times Square e Brooklyn Bridge, oferecendo o imunizante da Janssen, que é administrada em apenas uma dose. Além de incentivar com ingressos para atrações, jogos de beisebol e museus quem aderir a campanha. Já na Flórida, estado mais visitado pelos brasileiros, apesar da regra oficial ser a de oferecer a vacina apenas para residentes, não pedem comprovante de moradia e é fácil ouvir relatos de turistas vacinados em Miami, por exemplo.
Lembrando que os Estados Unidos ainda não estão abertos para viajantes que partem do Brasil (com exceção para residentes e alguns vistos específicos). Sendo assim, brasileiros devem fazer quarentena de 14 dias em locais como o México ou Caribe, por exemplo, para então poder entrar nos Estados Unidos.
Localizada dentro da Itália, a minúscula República de San Marino anunciou que passaria a disponibilizar a vacina russa Sputnik V a visitantes a partir de 17 de maio. A iniciativa faz parte de um programa de turismo de vacinas do país, que possui apenas 34 mil habitantes. De acordo com dados da Our World In Data, mais de 17 mil pessoas já foram totalmente imunizadas por lá, cerca de metade da população.
A campanha é dirigida a cidadãos estrangeiros e não italianos, segundo o ministro do Turismo Federico Pedini Amati. Aqueles que desejarem se vacinar por lá terão que reservar quartos de hotel pelo menos uma semana antes da chegada e ter planos para uma segunda viagem, entre 21 e 28 dias depois, para receber a dose de reforço. As autoridades disseram que duas doses custariam aos turistas cerca de 15 euros.
Para chegar a San Marino, brasileiros devem pegar um avião com destino a Itália e, a depender da cidade, seguir pelas estradas até o país. Porém, as fronteiras italianas estão fechadas para aqueles que estiveram no Brasil 14 dias anteriores à chegada no país europeu – salvo se tiver vínculo de residência ou receber autorização especial. Uma das opções é fazer uma quarentena em países próximos que aceitem brasileiros.
O Panamá tem aceitado que pessoas sem residência no país recebam a vacina. Porém, por lá, a vacinação está sendo administrada ainda em pessoas com mais de 60 anos e grávidas, sem previsão para abarcar a população total. O país tem administrado doses da Pfizer, Astrazeneca, Coronavac e Sputnik.
Todos os viajantes que entrarem no Panamá que estiveram na América do Sul, África do Sul, Índia e Reino Unido devem fazer quarentena obrigatória e apresentar um teste PCR negativo para Covid-19 feito até 48 horas antes da chegada. Posteriormente, é obrigatório fazer outro teste no aeroporto, que deverá ser pago pelo viajante, segundo informações do Skyscanner, empresa que oferece serviço de compra de passagens. O teste sai por US$85 dólares, cerca de R$450.
Vários são os relatos de pessoas de países vizinhos que se locomovem até Belgrado, capital do país, para serem imunizadas contra a Covid-19. Em certas datas, o país tem aberto seu calendário de imunização a não cidadãos, o que tem levado indivíduos da Bósnia e Herzegovina, Macedônia, Montenegro, Bulgária e Albânia a saírem de suas casas rumo ao país dos Balcãs.
Com uma população de cerca de 7 milhões, a Sérvia já adquiriu mais de 3,5 milhões de vacinas de quatro fabricantes diferentes, incluindo da China e da Rússia. Mais de 1 milhão de pessoas já foram totalmente imunizadas no país.
A Sérvia recebe cidadãos brasileiros mediante a apresentação de teste PCR negativo feito até 48 horas antes da chegada. Voos para a capital Belgrado são feitos a partir do Brasil com paradas geralmente em Amsterdam, Paris ou Zurique.
Programas de ‘turismo da vacina’ em breve
Na contramão da maioria dos países europeus e do mundo, a vacinação na Rússia não está restrita a certos grupos prioritários, e, sim, qualquer pessoa pode receber doses gratuitas. Mesmo não sendo uma campanha ainda oficial, o Twitter da vacina Sputnik V declarou no começo do ano que um programa de turismo e vacinação seria lançado em julho no país. Ao mesmo tempo, uma agência de viagens norueguesa se especializou em oferecer pacotes de turismo de vacina. Na página da agência há pacotes oferecidos tanto para vacinação na Rússia quanto para San Marino.
Porém, as fronteiras russas permanecem fechadas para brasileiros e grande parte do mundo.
Composta por mais de mil ilhas, a nação insular é uma das mais desejadas do mundo em razão de suas praias paradisíacas, com mar transparente, resorts luxuosos e serviços exclusivos. Muito dependente do turismo, as Maldivas anunciaram que pretendem vacinar os turistas que chegarem por lá. A medida, porém, ainda não tem data para ocorrer, e faz parte de um plano do governo chamado 3V – Visitar, Vacinar, Viajar. Por enquanto, as regras para entrada na nação seguem brandas: é necessário apenas apresentar um teste PCR negativo realizado até 72 horas de antecedência para desfrutar as praias e os resorts locais.
Não há voos diretos do Brasil e as melhores opções são via Dubai, Abu Dhabi, Doha ou Turquia.
A ilha caribenha afirmou em fevereiro que passaria a oferecer sua vacina, a Soberana 2, também a turistas. As informações são de Vicente Vérez, diretor do centro de pesquisa médica do Instituto Finlay de Havana, em que são realizadas pesquisas para combater o vírus no país. O imunizante, porém, ainda está em fase experimental e a iniciativa não tem data para começar.
Cuba aceita viajantes brasileiros no momento, porém, mediante apresentação de um teste PCR negativo e teste obrigatório na chegada do aeroporto. Uma quarentena em um hotel local será feita e no quinto dia outro teste PCR será realizado, liberando o indivíduo de acordo com os resultados negativos. Voos a partir do Brasil tem paradas geralmente no Panamá, em Bogotá e em Lima.