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Entenda o caso da babá explorada sexualmente e morta pela patroa

Correio Braziliense | 30/08/24 - 14h36
Foto: Reprodução/Polícia Civil do Amazonas

A babá Geovana Costa Martins, de 20 anos, foi encontrada morta em uma área de mata do bairro Tarumã, zona oeste de Manaus. O corpo dela foi identificado pela família no último domingo (25/8). Ela estava desaparecida desde 19 de agosto.

Quem são os suspeitos do crime?

A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) prendeu, na quarta-feira (28/08), Camila Barroso da Silva, de 33 anos. Ela é a principal suspeita de envolvimento na morte de Geovana, que era babá do filho de Camila.

Em coletiva de imprensa, o delegado Ricardo Cunha informou que a prisão da principal suspeita do crime ocorreu quatro dias após o início das investigações. Nesse tempo, também foi possível identificar duas pessoas com participação direta na morte da babá. No entanto, as investigações ainda estão em andamento.

Como a babá foi morta?

Segundo os investigadores do caso, Geovana foi morta de forma "bárbara e cruel". Ela estava com sinais de espancamento e tortura.

O que a investigação já descobriu?

De acordo com a delegada Marília Campello, adjunta da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros, a equipe de investigação apurou que Geovana foi trabalhar como babá na casa de Camila, no bairro Petrópolis, zona sul de Manaus. Lá, a babá foi aliciada e atraída para uma vida de baladas e bebidas. Camila passou a obrigá-la a permanecer na residência, impedindo que a jovem saísse.

Babá era explorada sexualmente

“Essa vítima era praticamente forçada a fazer programas sexuais. Pelo que apuramos, a casa funcionava como uma casa de massagem. Além de Geovana, outras meninas também passavam por lá, mas a vítima morava no local e não podia se relacionar com pessoas de fora”, pontuou a delegada Marília.

Suspeita disse que ex-namorado de babá teria sido o autor do crime

A Polícia Civil também destacou que a suspeita, ao ser presa, alegou que um ex-namorado de Geovana teria sido o autor do crime. No entanto, ele já foi ouvido na delegacia e apresentou mensagens da vítima que mostram que Camila não permitia mais que a jovem se relacionasse com ele ou com qualquer pessoa de fora da casa. "Sempre que Geovana pensava em sair, Camila alegava que ela estava devendo e precisava trabalhar mais para pagá-la", frisou a corporação.

Babá teria sido usada como "mula"

A investigação identificou que Camila estava com passagem marcada para a Europa. A babá já havia tirado o passaporte em junho deste ano, provavelmente porque seria levada para fora do país. Os policiais acreditam que Geovana seria utilizada como “mula” — pessoa que, conscientemente ou não, transporta drogas de um local para outro no corpo ou em objetos —, além de ser forçada a se prostituir fora do país.

“É uma história lamentável. A jovem foi torturada e espancada. Ainda não podemos afirmar a motivação exata, pois a suspeita nega ter cometido o crime, mas temos indícios suficientes, e por isso ela está presa. O veículo utilizado para deixar a vítima no bairro Tarumã estava em posse de Camila e do outro procurado, Eduardo Gomes da Silva, que é filho da proprietária da casa onde Camila morava de aluguel”, explicou a delegada Marília Campello.

Eduardo já possui um mandado de prisão por outro caso que também está sob investigação da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros. A Polícia Civil solicita a quem tiver informações sobre o paradeiro de Eduardo Gomes da Silva que entre em contato pelo número (92) 98118-9535, disque-denúncia da DEHS, ou pelo 181, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM). A identidade do informante será mantida em sigilo.

A investigação foi concluída?

As investigações seguem em andamento para esclarecer a real motivação do crime.

A reportagem não localizou a defesa de Camila Barroso da Silva e Eduardo Gomes da Silva.