Desde que Facebook, Instagram e WhatsApp ficaram horas fora do ar na segunda-feira (4), surgiram muitas dúvidas e conspirações sobre o bug: hacking? Falha humana? Cortina de fumaça diante do arrasador depoimento da ex-funcionária ao Congresso americano?
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A informação oficial do Facebook, corroborada por vários especialistas em segurança, aponta para um problema no BGP (Border Gateway Protocol, protocolo de borda). Desde então, várias metáforas de especialistas tentam explicar esse termo técnico pouco conhecido, mas fundamental para o funcionamento da internet.
Uma das analogias diz que o funcionamento do BGP é análogo ao do Waze, aplicativo de mapas do Google: um protocolo que comunica a melhor rota para chegar a endereços na internet, com base em um cálculo que reúne vários fatores, como tráfego e distância de cada estrada.
É mais ou menos dessa forma que Santosh Janardhan, engenheiro do Facebook, explicou o que aconteceu em uma publicação no blog da companhia.
Segundo ele, quando as pessoas abrem um dos aplicativos da empresa para receber as atualizações e mensagens, a solicitação de dados viaja do dispositivo pessoal à estação mais próxima, que então se comunica pela rede do Facebook a um data center maior. Lá, é processada e volta ao celular ou ao computador.
O tráfego entre esses pontos é administrado por roteadores, que entendem o fluxo de dados entre as redes. "Na extensa rotina de trabalho para manter essa infraestrutura, nossos engenheiros frequentemente precisam tratar do backbone offline para manutenção -talvez reparando uma linha de fibra, adicionando mais capacidade ou atualizando o software na própria rota. Essa foi a fonte da interrupção", escreveu na terça (5).
Um comando determinou que o sistema ficasse online, e o programa que barraria essa solicitação falhou, excluindo todas as possibilidade de conexão com a rede do Facebook. "Nossos sistemas são desenvolvidos para auditar comandos como esse e prevenir erros, mas um bug na ferramenta de auditoria o impediu de interromper o comando de maneira adequada", disse o porta-voz.
A analogia escolhida pelo engenheiro Frederico Neves, diretor de Serviços e Tecnologia do NIC.br, para explicar o BGP é "protocolo fofoqueiro da internet".
"A internet é composta de 60 mil redes, 8.500 delas no Brasil, e cada uma delas precisa conversar entre si. O dialeto que usam é o BGP: Um vizinho fala para o outro que fala para o outro que fala para o outro onde encontrar determinado endereço na internet", afirma.
A informação dessa fofoca não vai além dos endereços de internet: cada computador ou rede de computadores na internet tem um número, o IP. Cada rede (chamada oficialmente de sistema autônomo: o Facebook, o governo, uma empresa) recebe de instituições no mundo um conjunto de endereços.
Com o bug, o Facebook, o Instagram e o WhatsApp, no mesmo sistema autônomo, não conseguiram mais se comunicar com ninguém.
"Quando o sistema autônomo do Facebook se desconectou, o resto da internet não sabia mais como chegar lá. Não havia mais ninguém fofocando: 'esses endereços têm origem nesse lugar e o caminho que eu tenho que fazer é passando por aqui ou por ali'. Essa fofoca sumiu", diz Neves.
A queda do Facebook foi tão severa que os próprios funcionários que tentaram trabalhar em escritórios não conseguiram passar o crachá. Especialistas dizem que esse tipo de problema não é tão alarmante, a questão é o quanto as comunicações dependem da infraestrutura de tão poucos.
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