Especializada em tecnologia esportiva e fiscalização de possíveis manipulações de partidas, a empresa suíça Sportradar é a responsável pelo relatório que deu início à investigação da PF (Polícia Federal) –e que resultou na operação Jogo Limpo, deflagrada nesta quarta-feira (26).
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A operação apura a suspeita de manipulação de resultado de partida de futebol, válida pelo campeonato brasileiro da série D, realizada no interior de São Paulo.
A reportagem apurou que o jogo suspeito foi Inter de Limeira 3 x 0 Patrocinense, ocorrido em 1º de junho. Os três gols da partida foram marcados no primeiro tempo, sendo dois nos acréscimos, um deles contra.
Em nota nas redes sociais, a Inter de Limeira diz estar ciente das investigações e se coloca à disposição das autoridades competentes para colaborar com qualquer esclarecimento necessário. "A Internacional reafirma seu compromisso com o futebol limpo e correto, esperando que todas as questões sejam devidamente apuradas e esclarecidas."
Procurados, Patrocinense e CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não retornaram até a publicação da reportagem.
A investigação da PF começou por meio de ofício da CBF, encaminhando relatório da Sportradar que indicou, a partir da movimentação das casas de apostas, que os apostadores sabiam que determinada equipe perderia o primeiro tempo da partida por ao menos dois gols. De acordo com a empresa, 99% da tentativa da rotatividade no mercado de "totais de gols do primeiro tempo" nessa partida foi para tal resultado.
Parceira da CBF desde 2018, a Sportradar analisa movimentações atípicas em sites de apostas que possam indicar manipulações. O trabalho é feito, sobretudo, com ferramentas de inteligência artificial, mas tem a condução de profissionais que fazem uma averiguação após a indicação do sistema.
A companhia também presta serviços à Fifa (Federação Internacional de Futebol), à Uefa (União das Associações Europeias de Futebol) e à Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).
A Sportradar já havia entregue relatório à CBF no início do ano que apontava a suspeita de manipulação em 109 partidas realizadas no país em 2023. Do total de jogos analisados, 15 são de competições organizadas pela CBF: um pela Série B do Brasileiro, 13 pela Série D e um pela Copa Verde.
A empresa monitorou, ao todo, 9.000 jogos em 118 campeonatos nacionais e regionais.
"É muito mais importante analisar os fluxos de liquidez e ver a partir dos comportamentos de apostas se há alguém que os utilizou", disse Carsten Koerl, CEO da Sportradar, à Folha em abril.
O executivo afirmou na ocasião que os sistemas de monitoramento da Sportradar não detectaram irregularidades na série A do Campeonato Brasileiro de 2023. Não houve anomalias na rede de apostas esportivas que provocassem suspeita, disse Koerl.
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