A brasileira Embraer vai expor pela primeira vez o seu protótipo de avião elétrico, que é usado pela companhia para testar novas tecnologias de propulsão.
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A aeronave já vem executando voos experimentais desde 2021, mas nunca havia sido apresentada ao público. A exibição será entre os dias 10 e 11 de outubro, durante o congresso de mobilidade SAE Brasil, em São Paulo.
O avião elétrico é uma adaptação do clássico Ipanema, comumente usado para pulverizar lavouras. O modelo agrícola ganhou baterias para fazer funcionar um motor da empresa catarinense WEG.
O Ipanema é considerado pioneiro em novas tecnologias. Em 2004, por exemplo, ele foi o primeiro avião do mundo a ser certificado para voar com etanol.
No entanto, a Embraer não pretende criar um Ipanema elétrico para ser comercializado no futuro. A versão que será exposta ao público serve apenas de plataforma para testar tecnologias de propulsão —e o Ipanema foi escolhido por permitir uma adaptação mais rápida e barata.
Segundo a companhia, os resultados destes testes podem ser úteis para os modelos que a fabricante pretende ter em seu portfólio daqui uns anos, como o eVTOL.
Popularmente chamado de carro voador, o eVTOL é um veículo elétrico capaz de levar passageiros, fabricado pela Eve, controlada pela Embraer.
O produto ainda está em desenvolvimento e a companhia calcula que os primeiros modelos só serão entregues em 2026. Apesar disso, já há uma fila de quase 3.000 encomendas.
Aviões elétricos já são testados no mundo desde os anos 1970, mas as fabricantes costumam enfrentar dificuldades com a potência, principalmente em modelos maior porte. Assim como nos carros, as baterias aumentam significativamente o peso das aeronaves, o que exige adaptações.
Com a pressão global por soluções para os poluentes motores a querosene, o setor tem intensificado as pesquisas em novas tecnologias —e a eletrificação é uma das possíveis cartas na manga.
A aviação responde hoje por cerca de 3% das emissões globais e a principal aposta do setor para reduzir essa pegada climática tem sido o SAF (combustível de aviação sustentável, na sigla em inglês).
O combustível leva esse nome por ser feito a base de materiais sustentáveis, como plantas, resíduos florestais, restos de roupas e até óleo usado para fritar frangos e batatas.
No entanto, o mercado de SAF enfrenta vários gargalos, como escala, preço e disponibilidade. Em 2022, por exemplo, a produção global bateu o recorde de 300 milhões de litros, o que representa só 0,1% do total de querosene usado no mundo pelos aviões.
Apesar da pressa, o setor ainda vem tentando entender qual melhor estratégia para se descarbonizar. Enquanto algumas companhias, como a Boeing, concentram esforços em amadurecer o mercado de SAF, outras, como a Airbus, buscam não colocar todos os ovos numa mesma cesta, apostando em hidrogênio verde, eletrificação e outras alternativas.
A Embraer parece adotar estratégia semelhante à da rival francesa. A aposta é que o melhor caminho é combinar soluções.
A fabricante brasileira tem hoje uma linha chamada "Energia Family", que explora os conceitos sustentáveis possíveis na aviação.
Alguns modelos combinam tecnologias de motores térmicos com elétricos. Outros usariam hidrogênio para alimentar células de combustível que produzem eletricidade.
"A exposição do avião de testes 100% elétrico, entre outras tecnologias que serão apresentadas na mostra internacional, ilustra a capacidade tecnológica do Brasil de liderar a corrida global de transição energética por meio da inovação e pesquisa aplicada", disse, em nota, Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer.