Fica claro que, para a esquerda, o saldo é negativo ou, mais do que isso, bastante tímido, acanhado.
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O entendimento é do advogado e escritor Antônio Minhoto:
“As eleições municipais, encerradas ontem com o 2o turno em diversas cidades pelo país todo, consolidou algo já observado no 1º turno: comparativamente com 2020, a direita consolidou sua conquista dos governos locais e, mais ainda, ampliou essa presença de poder.
Em 2024, já no primeiro turno, se somarmos os partidos do campo conservador e/ou da direita – PSD, MDB, União, PL, Republicanos – e considerarmos apenas as capitais, foram 10 (dez) prefeituras conquistadas: São Luís (MA); Florianópolis (SC); Rio de Janeiro (RJ); Macapá (AP); Boa Vista (RR); Teresina (PI); Salvador (BA); Rio Branco (AC); Maceió (AL) e; Vitória (ES).
Nas capitais, Fortaleza, Porto Alegre e Cuiabá possuíam candidatos petistas na disputa. São Paulo não possuía um candidato do PT , Boulos é do PSOL , mas havia uma expectativa muito grande e uma esperança por sua vitória.
Ao final e entre as capitais nordestinas só Fortaleza foi favorável ao PT. Aliás, das nove capitais do nordeste, apenas duas ficaram com partidos de esquerda, Recife, com João Campos (já no primeiro turno) e Fortaleza.
Fica claro que, para a esquerda, o saldo é negativo, ou, mais do que isso, bastante tímido, acanhado. O PT, o maior partido de esquerda do país, saiu de 186 prefeituras em 2020 para 252 em 2024. A expansão foi grande, mas sobre uma base muito pequena.
Mais do que isso, PT venceu só em 217 das 3.123 cidades nas quais Lula ganhou em 2022, um dado a merecer reflexão e que mostra a dificuldade de transferência de prestígio do líder petista para os candidatos locais.
Certamente, o caso mais marcante foi São Paulo , secundado por Porto Alegre. Apoiando um candidato que não é petista, mas é de esquerda, Guilherme Boulos (PSOL), Lula não conseguiu influenciar o resultado das urnas de modo decisivo e favorável ao psolista que, considerado por muitos como um sucessor de Lula, amargou sua terceira derrota em eleições majoritárias (2018, 2020 e agora 2024), dessa vez frente a Ricardo Nunes por 59,35% contra 40,65% o que, em números, é expresso por uma diferença de mais de um milhão de votos a favor de Nunes.
Com uma candidatura genuinamente petista, a de Maria do Rosário, o PT e também a esquerda toda atuante no Rio Grande do Sul, viu o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), se reeleger com 22% de margem, ou 150.000 votos a mais, em relação à candidata petista. Na verdade, Melo quase havia levado a eleição já no primeiro turno, com 49,72% dos votos, ante 26,28% de Rosário. No segundo turno, foi 61,53% x 38,47%, respectivamente.”
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