'Ela está com medo de ir à escola', diz mãe de uma das estudantes com crise de ansiedade

Publicado em 11/04/2022, às 10h44
Reprodução
Reprodução

Por G1

Após uma crise de ansiedade atingir 26 alunos de uma escola estadual no Recife na sexta (8), a mãe de uma estudante de 15 anos, uma das adolescentes que passaram mal na unidade de ensino e foram atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), contou ao g1 que a filha não se sente segura em voltar às aulas na segunda (11). "Ela está com medo de ir à escola", afirmou a mulher.

A mãe relatou que a filha cursa o 1º ano do ensino médio na Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Ageu Magalhães, no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, onde ocorreu a crise coletiva de ansiedade. O Samu informou que os alunos tiveram falta de ar, tremor e crise de choro e que eles não precisaram ser transferidos para hospitais.

A estudante de 15 anos faz uso de medicação para controlar a ansiedade, ainda de acordo com a mãe dela, que preferiu não se identificar. "Quando cheguei na escola, na sexta, fui procurando minha filha e ela estava, ao lado da ambulância, deitada na grama", disse ao g1 neste domingo (10).

A mulher contou, ainda, que a crise coletiva de ansiedade teve início após uma aluna da escola perder os sentidos e os outros estudantes pensarem que se tratava de algo mais grave.

"Há algumas semanas, fiquei sabendo que um aluno levou uma arma para a escola e mostrou na turma dele. Por isso, o desespero de ser algo mais grave, entende? Alguns pais não sabem disso, mas os estudantes sabem. Entre fevereiro e março, também foi registrado um episódio de agressividade, de uma aluna que deu um soco no olho de outro aluno", contou a mãe.

O g1 entrou em contato a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco para questionar sobre as denúncias de um aluno armado dentro da escola e sobre a agressão entre os estudantes, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.

Ainda segundo a mulher, os professores da unidade de ensino são atenciosos e a direção da escola informou que vai realizar uma reunião com os pais. "A escola dispõe de alguns professores para falar com os alunos, para saber como anda a convivência", disse. Entretanto, ela acredita que a readaptação dos adolescentes às aulas integrais deveria ser gradual.

 "Minha filha voltou às aulas em meados de novembro de 2021. A carga integral é complicada. Esses alunos saíram de uma carga horária de cinco horas na pandemia e, atualmente, estão com uma carga horária de nove horas", contou.

Também neste domingo (10), o pai de uma aluna de 14 anos, que também cursa o 1º ano do ensino médio na mesma escola, afirmou ao g1 que a filha relatou que o cenário era de filme de terror e que ela tem agonia de relembrar a situação que passou durante a crise coletiva de ansiedade, na sexta (8).

A comerciante Luciana Amorim, de 42 anos, ficou assustada quando o filho de 15 anos contou o que aconteceu na escola. Segundo ela, o filho não sentiu nada e foi liberado para ir para casa. "A escola é muito séria, não é à toa que seja uma escola de referência. Sou muito satisfeita com a gestão, mas, diante dos sintomas, não tenho dúvidas que foi uma crise de ansiedade coletiva", declarou.

No início, ela achou que poderia ter sido algo relacionado à alimentação, devido a um caso ocorrido em março em que 60 alunos de uma escola técnica estadual passaram mal após comerem a merenda, mas descartou essa possibilidade após o filho relatar o ocorrido.

 "São cobranças, responsabilidades. Alguns não conseguem suportar e entram em surto. É complicado", disse Luciana.

Volta às aulas -Após o ocorrido na sexta (8), as aulas foram suspensas. A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco informou que o retorno às aulas acontece na segunda-feira (11). Segundo o governo do estado, a retomada acontece normalmente e as provas que não foram realizadas no dia da crise coletiva de ansiedade serão remarcadas.

A secretaria estadual também declarou que a escola realiza um trabalho voltado à educação emocional dos alunos, incluindo orientações dos jovens e dos responsáveis deles sobre esse tema.

Gostou? Compartilhe