Editor causa polêmica ao revelar que filme cotado ao Oscar usou IA para melhorar sotaque de atores

Publicado em 19/01/2025, às 20h25
Foto: Divulgação
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Por Revista Monet

O editor cinematográfico Dávid Jancsó revelou que a equipe do filme 'O Brutalista' utilizou ferramentas de inteligência artificial (IA) para otimizar alguns processos durante a produção. O longa estrelado por Adrien Brody é um dos principais títulos desta temporada de premiações — apontado pela Variety como candidato às estatuetas do Oscar em oito categorias.

Em entrevista ao RedShark News, site especializado na parte técnica do cinema, Jancsó explicou como as recém-criadas tecnologias foram incorporadas ao filme, a começar pelo aperfeiçoamento do sotaque dos atores.

'O Brutalista' traz a história do arquiteto húngaro e judeu László Toth (Bordy), que sobrevive ao Holocausto e parte em direção aos Estados Unidos para tentar uma vida nova ao lado da esposa Erzsébet (Felicity Jones).

A mãe de Brody foi uma refugiada húngara que chegou aos Estados Unidos na década de 1950. Ainda que o ator tenha essa herança cultural, dominar o sotaque da região não é uma tarefa fácil, conforme Jancsó, nascido na Hungria, explicou.

"Sou nativo e sei que essa é uma das línguas mais difíceis para se aprender a pronunciar. Mesmo com o background de Adrien, não é tão simples. É uma língua extremamente única. Auxiliamos Brody e Jones, e eles fizeram um trabalho fabuloso, mas queríamos que fosse perfeito de forma que nem os locais percebessem as diferenças", o montador defendeu.

Após esgotarem as alternativas tradicionais, os integrantes da equipe de pós-produção decidiram utilizar um modelo de IA para aperfeiçoar as falas dos atores — contando com a voz do próprio Jancsó como referência para a ferramenta.

"A maior parte do dialeto húngaro deles tem um pedacinho meu. Fomos muito cuidadosos para manter a performance deles. É só para substituir uma letra aqui ou ali. Dá para fazer isso no ProTools [software de edição de áudio], mas precisávamos acelerar o processo", continuou.

A IA também ajudou na criação de desenhos de arquitetura e prédios feitos pelo protagonista fictício. "Não há nada que use IA no filme que não tenha sido feito antes. Só acelera muito o processo. Usamos IA para criar esses pequenos detalhes que não tínhamos dinheiro ou tempo para filmar", Jancsó completou sobre a produção, que tem orçamento estimado em US$ 10 milhões.

Nas redes sociais, parte do público não reagiu bem à revelação feita pelo editor. "Eu ia assistir no cinema, mas agora não vou mais", escreveu um usuário do Twitter/X. "Isso é insano, nem custaria muito dinheiro para contratar uma pessoa [para fazer os desenhos]", argumentou o segundo, enquanto mais alguém acrescentou: "Não estou mais interessado em ver esse filme".

Confira abaixo o trailer de 'O Brutalista'.

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