O DJ Thomas Willian dos Santos, 32 anos, recebeu alta médica e voltou para casa um mês depois de ser vítima de uma tentativa de latrocínio na Avenida da Paz, na orla do Centro de Maceió. Thomaz concedeu entrevista, nesta quinta-feira, 8, ao Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara/Record TV, contou detalhes de como foi o crime na madrugada do dia 8 de maio, falou sobre a fé em recuperar todos os movimentos do corpo e disse que não tem raiva do criminoso que o esfaqueou.
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"Não vou dizer que foi tão demorado, porque tem só um mês. Mas muita força de vontade. Nos primeiros dias que eu estava na UTI, no HGE, foi muito difícil para poder respirar e eu lembrava das crianças, da minha esposa. Juntando forças de onde eu não tinha, respiração muito fraca, corpo fraco, naquela luta: não vou ficar neste lugar, vou sair daqui. Agora consigo mexer meus braços, não consigo mexer meus dedos. Uma das pernas consigo mexer. Foi uma luta para estar aqui até agora. Estou respirando bem. Acredito que a tendência é só melhorar. Vou atrás dos melhores tratamentos para voltar a andar, a correr, gosto muito de fazer caminhada. Não vou ficar nessa não, vou voltar a ser quem eu era antes, a tocar nos clubes, que gosto muito. É uma paixão que tenho, com minhas crianças, minha esposa, minha vida. Não vou parar, vou voltar. Não tenho raiva de quem fez isso comigo. Acredito que tudo que acontece na nossa vida é um propósito de Deus para que a gente se livre de outro problema pior no futuro".
Thomaz estava internado no Hospital Geral do Estado (HGE), mas contraiu uma bactéria e foi transferido para o Hospital Metropolitano, em Cidade Universitária. Vítima de uma facada na região do pescoço, ele perdeu parte dos movimentos e relembra como foi quando uma das médicas o comunicou sobre isso.
"Tenho muita fé em Deus. Quando uma doutora no HGE falou que eu não ia conseguir mexer meus braços, ela disse que não passaria desse movimento (fez o gesto), que eu ficaria tetraplégico. Botei na cabeça: não vou. Eu sinto que eu não vou. Alguma coisa me dizia dentro do meu coração, não sei se era Deus falando comigo. Mas é aquela força de vontade que não sei de onde, de lembrar das minhas crianças. Acredito que não vou ficar nesse limite, vou voltar a me mover, a andar tranquilamente. Eu acredito", afirmou.
Criminoso pediu um cigarro e depois sacou uma faca - O DJ deu detalhes de como foi a abordagem do bandido na madrugada daquele dia. Após tocar em um aniversário privado e depois se apresentar em um clube diante de amigos, Thomaz foi caminhando pela Praia da Avenida na tentativa de pegar um coletivo corujão.
"Deu umas 3h30, o corujão passava de 4h, imaginei: não vou pegar carro de aplicativo, nem ônibus normal, vou aproveitar que vai dar 4h e pegar esse corujão para chegar mais cedo em casa. Nisso fui para a orla, porque ele passa beirando a orla, pega a Ponta Verde e vai embora. Não queria ficar parado em um ponto justamente por ser perigoso ter assalto, caminhando qualquer coisa você corre", detalhou a vítima, continuando com o relato.
"Nisso, esse cara me pediu um cigarro do outro lado da rua, eu estava fumando. Eu disse que tinha, fui até o meio da pista, dei a ele o cigarro. Em seguida, perguntei se ele queria acender. Ele me olhou de cara feia, mal encarado e me mostrou um isqueiro. Fui andando rápido para atravessar, ele disse: me arruma R$ 5 para eu comprar um negócio ali. Respondi que dinheiro infelizmente não tinha, mas eu tinha no bolso e não queria dar, não sei com o que ele ia gastar. Escutei os passos rápidos, quando olhei para trás, ele estava andando em meu sentido, comecei a andar bem rápido e, quando olhei de novo, ele já estava com a faca e disse: "Bora, passa tudo que tu tem aí, irmão".
Câmeras de segurança da região flagraram a ação do bandido, que perseguiu Thomaz pelo meio da avenida, nos dois sentidos da pista.
"Comecei a correr para um lado, para o outro e ele continuou atrás. Eu imaginei: esse cara não desiste. Sempre fiz caminhada, sempre corri, pensei: vou correr, ele não vai me alcançar. Só que eu estava muito errado, corri para um lado, para o outro, parei e disse que ia dar. Ele parou na hora. Era para eu ter dado nessa hora, pego as coisas do bolso e jogado, dito se aproxime não, vou jogar. Na minha mente, veio em correr de novo. Fui inventar de correr de novo, aí já estava cansado, caí, levantei e ele conseguiu efetuar a facada em mim".
Thomaz ficou caído no chão e só foi socorrido cerca de 20 minutos depois, quando trabalhadores que passavam pela região acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Volta para a família a arrecadação online - A família desde então tem se mobilizado para custear o tratamento e criou uma vaquinha online. A intenção é arrecadar R$ 20 mil para pagar exames, consultas e outros gastos. Atualmente o valor está na casa dos R$ 11 mil doados por mais de 300 pessoas.
"Essa vaquinha foi criada para nos ajudar nos gastos futuros que a gente vai ter com fisioterapia, exames. Vou ter que fazer uma ressonância. Tem os meninos que usam muitas fraldas, tomam leite, e tem nossa alimentação. Infelizmente não tenho renda fixa. A gente vivia do auxílio que a minha esposa tem e os meus bicos. Saíamos juntando um pouco aqui e ali, mas neste momento não vou poder fazer os meus bicos. Os gastos são altos. Não sei quando vou poder voltar a trabalhar, nem sei quanto vou gastar de verdade com os meus tratamentos. Estamos fazendo a vaquinha de R$ 20 mil para arrecadar e deixar guardado para os nossos gastos. Até ver um jeito dela poder trabalhar e vermos como vamos cuidar das crianças", disse Thomaz.
Mellys Kelly dos Santos, esposa de Thomaz, também falou sobre o retorno do marido para o lar. "Assim que vi as imagens, me doeu muito o que aconteceu com ele. Fiquei preocupada com o que ele sentiu, se ele achou que não ia voltar mais para casa. Minha cabeça ficou muito confusa. Poder trazê-lo de volta para casa me dá uma alegria enorme, para perto dos meninos, dos pais e da irmã".
Disque Denúncia - Um mês depois do crime, a Polícia Civil ainda não encontrou o criminoso. O Disque Denúncia 181 está disponível para que a população possa ajudar com informações sobre o bandido, o sigilo é garantido.
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