Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley criaram um dispositivo portátil revolucionário capaz de transformar moléculas de água do ar em água potável utilizando apenas a luz solar ambiente para energia, conforme revelado em um estudo publicado na Nature Water.
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O dispositivo, um coletor de água atmosférico, emprega uma estrutura ultraporosa conhecida como MOF (Metal-Organic Framework) para capturar e converter a umidade do ar em água. Esta inovação foi testada com sucesso no Parque Nacional do Vale da Morte, o local mais seco e quente da América do Norte. Os resultados sugerem que o aparelho pode fornecer água limpa praticamente em qualquer lugar, mesmo nas condições mais adversas causadas pelas mudanças climáticas.
O professor Omar Yaghi, que liderou o estudo e é inventor dos MOFs, ressaltou a importância dessa inovação dada a escassez hídrica enfrentada por muitos ao redor do mundo. De acordo com projeções da ONU, até 2050 quase cinco bilhões de pessoas sofrerão algum tipo de estresse hídrico.
A superioridade dos MOFs
A utilização dos MOFs se destaca principalmente quando comparados aos outros materiais como hidrogéis, zeólitas ou sais. Isso porque os coletores movidos a MOF podem operar em condições de baixa umidade, ser energeticamente eficientes e ter alta capacidade, tudo ao mesmo tempo.
Com essa tecnologia também é possível garantir água pura em regiões onde ela é abundante mas não limpa. Especialistas estão utilizando ciência de dados e aprendizado de máquina para otimizar o design dessas moléculas, materiais e dispositivos.
Produtividade impressionante
Em termos práticos, os coletores movidos a MOF têm demonstrado ser extremamente eficientes. Em condições extremamente secas e com temperaturas variáveis no Vale da Morte, conseguiu-se extrair até 285 gramas de água por quilograma de estrutura metal-orgânica num único dia, algo equivalente a uma xícara de água.
Os pesquisadores celebram ainda o fato do MOF poder operar constantemente ao longo dos anos sem necessidade de reabastecimento ou modificação. Além disso, ao final do ciclo útil deste material ele pode ser desmontado e remontado sustentavelmente sem descarga residual.
Dentre as características notáveis dessa tecnologia está o fato dela ser alimentada inteiramente pela luz solar ambiente sem necessitar fontes energéticas adicionais para funcionamento. Dessa forma não produz emissões prejudiciais ao meio ambiente.
O dispositivo também tem tamanho reduzido, cabendo numa bolsa, além dele ser mais eficiente energeticamente que versões anteriores já testadas pelo time do professor Yaghi.
Um futuro hidroindependente
Yaghi vislumbra um futuro onde cada casa possa ter seu próprio coletor movido a MOF para abastecer suas necessidades domésticas com água limpa para cozinhar ou limpar.
Alguns empreendimentos já estão explorando essa possibilidade, segundo Yaghi. “Isso traz independência hídrica aos indivíduos”, afirmou ele entusiasmado.
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