Contextualizando

No Dia Nacional da Luta Antimanicomial, os prós e contras do fim dos hospitais psiquiátricos

Em 18 de Maio de 2024 às 11:00

Resultado do Movimento da Reforma Psiquiátrica, iniciado no final da década de 1970, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial é registrado neste 18 de maio e atende a reivindicação de parte dos profissionais da psiquiatria.

Sob o argumento da humanização do tratamento de doenças mentais, esse grupo defende o fim dos manicômios e o estímulo a que os pacientes sejam tratados preferencialmente em casa.

Por um lado, quem é favorável à Luta Antimanicomial tem razão quanto aos excessos cometidos contra pessoas enclausuradas em manicômios, pelo uso de métodos medievais para uma hipotética cura – esse tipo de prática é, na verdade, um profundo desrespeito aos direitos da pessoa humana.

Ao invés de fiscalizar, coibir e punir tais absurdos, o gestor público simplesmente passou a fazer o caminho mais curto, embora incipiente: transferir pacientes para casas de convivência financiadas com recursos públicos que, em número insuficiente, substituem os hospitais psiquiátricos.

Na prática é a terceirização da responsabilidade do governo, embora na maioria das vezes, por falta de acesso a essas casas de repouso, as famílias dos portadores de transtornos mentais terminam assumindo a obrigação de cuidar dos seus entes.

Dá para imaginar a situação de uma família, principalmente de idosos e de menos condições financeiras, obrigada a manter um parente  em casa, ainda mais se for alguém violento e agressivo, o que é muito comum nessas patologias.

Daí ser comum, como se constata nos noticiários, famílias trancarem em cubículos ou até mesmo acorrentarem em casa pessoas com transtornos mentais.

Em casos assim, o governo que deveria proporcionar tratamento médico é o mesmo que ordena a intervenção da força policial, além de eventual responsabilização, até mesmo criminal, do paciente transformado em vítima.

Só mesmo quem passou ou passa por isso pode sentir e avaliar o drama.

Um grande crítico do movimento antimanicomial foi o falecido poeta maranhense Ferreira Gullar, que tinha dois filhos esquizofrênicos. e dizia que o movimento contra os manicômios era demagógico e baseado em dados falsos.

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