Dez coisas que você precisa saber para conviver melhor com a asma

Publicado em 05/11/2023, às 22h40
Foto: Reprodução/Freepik
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Por Estado de Minas

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Rede Global de Asma, até 334 milhões de pessoas podem estar sofrendo de asma em todo o mundo. No Brasil, o SUS registrou 1,3 milhão de atendimentos a pacientes com asma na Atenção Primária à Saúde. O Mnistério da Saúde brasileiro estima que 23,2% da população viva com a doença, e a incidência varia de 19,8% a 24,9% entre as regiões do país.

Em entrevista a Ousmane Badiane, jornalista do serviço africando da BBC, o médico Ali Baddredine, pneumologista baseado na capital senegalesa, Dakar, esclarece as causas, os sintomas e as dicas para conviver melhor com a asma.

O que é a asma?

A asma é uma doença respiratória crônica caracterizada por dificuldades respiratórias e 'chiado' no peito. Ela é causada pela inflamação e contração dos músculos ao redor das vias respiratórias, tornando a respiração mais difícil. A asma não tem cura, mas pode ser controlada.

"Na verdade, a asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores, ou seja, brônquicas, que é definida pela presença de sintomas respiratórios. Além da dificuldade respiratória e do chiado, ela também pode se manifestar como tosse seca ou sensação de aperto no peito", explica Baddredine. De acordo com o especialista, os sintomas variam ao longo do tempo e em intensidade. "Geralmente, eles são mais frequentes à noite ou de manhã cedo", complementa.

Quais são os fatores desencadeadores ou agravantes?

Vários fatores podem desencadear ou agravar os sintomas da asma. A predisposição genética à alergia combinada com fatores ambientais externos são frequentemente gatilhos para crises da doença.

A inalação de vapores irritativos ou fumaça pode causar desconforto respiratório ou uma crise em uma pessoa com asma. Algumas fumaças são particularmente prejudiciais, como a fumaça do tabaco, que contém muitas substâncias irritantes que podem agravar a inflamação das vias aéreas e desencadear uma crise de asma. A exposição prolongada a substâncias alergênicas, como pólen, ácaros, poeira, pelos de animais, mofo, aerossóis domésticos, solventes e certos perfumes, também pode desencadear uma crise de asma.

"É importante saber que a asma é uma doença multifatorial em que vários fatores estão envolvidos nas manifestações. Há um componente genética, mesmo que a asma não seja sempre hereditária. E há principalmente fatores ambientais, como infecções virais, poluição do ar e exposição a alérgenos."

Quais são as conexões entre as mudanças climáticas e a asma?

As pessoas que sofrem de asma estão entre as mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, que afetam a saúde respiratória das pessoas em risco de várias maneiras. Elas influenciam a saúde das vias respiratórias, uma vez que os pulmões estão diretamente expostos ao mundo exterior e são os primeiros a enfrentar todo tipo de irritação.

De acordo com especialistas, as crises de asma são frequentemente desencadeadas por poluentes e alérgenos, como pólen, emissões de escapamento (poluição do tráfego), poluição do ar (como a causada por incêndios florestais), ondas de calor, incêndios florestais, tempestades de poeira, inundações e aumento da umidade. "Todos esses elementos causam uma hiperreatividade porque as vias aéreas dos asmáticos são hiper-reativas, o que as torna sensíveis a esses fatores agressivos que afetam a mucosa brônquica, e a reação subsequente é o broncoespasmo ou tosse devido a diferentes fenômenos inflamatórios", adverte Baddredine.

Quais são as pessoas em risco de desenvolver asma?

A asma afeta pessoas de todas as idades, mas é mais comum em indivíduos mais jovens. Embora fatores genéticos contribuam, a transmissão da asma dos pais para os filhos não é sistemática. Embora não exista um perfil típico de pessoas que podem desenvolver asma, algumas pessoas têm maior probabilidade de desenvolvê-la.

Isso inclui pessoas com histórico familiar de asma, rinite alérgica ou eczema, nascidos prematuramente, crianças que tiveram infecções respiratórias graves e frequentes (pneumonia, infecção por rinovírus, vírus sincicial respiratório, etc.), pessoas com obesidade, aquelas que foram expostas por longos períodos à fumaça passiva e à poluição do ar, e aquelas com refluxo gastroesofágico.

Segundo o médico Ali Baddredine, não podemos falar propriamente de pessoas em risco, porque não é uma doença influenciada por fatores específicos, então não podemos falar de risco à priori. "É verdade que quando bebês têm infecções virais repetidas, isso pode favorecer o que chamamos de hiperreatividade brônquica, tornando-os propensos a asma. Mas não podemos falar claramente de uma população em risco. Não é como, por exemplo, a hipertensão arterial, que está ligada a indivíduos desnutridos, com consumo excessivo de sal e produtos que podem causar hipertensão."

Qual é a diferença entre asma e sinusite?

A sinusite crônica está frequentemente associada à asma, mas, ao contrário da asma, que afeta os pulmões, a sinusite afeta os seios nasais. Ela está presente na maioria dos pacientes com sintomas de asma. A associação frequente de asma e sinusite se deve ao fato de que as pessoas com asma alérgica têm um risco maior de desenvolver sinusite devido à maior sensibilidade de sua mucosa respiratória.

"A sinusite é, na verdade, uma inflamação das vias aéreas superiores, e os seios nasais são específicos, mas há uma correlação. Existe uma semelhança entre a mucosa nasossinusal e brônquica. Nem todas as asmas estão associadas a sinusite, mas quando você tem sinusite, é importante tratá-la, porque a longo prazo, como é a mesma mucosa, a inflamação pode se espalhar das vias aéreas superiores para as inferiores, brônquicas, e se transformar em asma", descreve o especialista.

Como tratar a asma?

É importante entender que a melhor abordagem para o tratamento da asma é a prevenção, que começa com a educação do paciente. Para evitar crises de asma, é desaconselhável para os pacientes fumarem ou frequentarem locais com fumaça, se expor a fatores que podem desencadear ou agravar a doença, e usar produtos irritantes para as vias respiratórias, como tintas, colas e produtos de limpeza.

Se a evitação dos fatores desencadeantes não for suficiente para manter um controle adequado dos sintomas, é recomendado que as pessoas com asma utilizem corticosteroides inalados, que tratam a inflamação persistente das vias respiratórias.

"Como mencionamos, a asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, o que significa que é necessário considerar um tratamento de base e um acompanhamento regular. Antes de tudo, é importante educar o paciente."

A educação do paciente, segundo o especialista, envolve conscientizá-lo sobre a doença, como prevenir as crises, que são episódios de piora e exacerbação da doença. "Você tem asmas latentes, que não se manifestam o tempo todo, asmas leves, intermitentes em períodos estáveis, sem nenhum sintoma. No entanto, esses indivíduos precisam de acompanhamento regular com um pneumologista e de exames funcionais que permitem quantificar a asma e ajustar o tratamento de base e classificá-lo", afirma Ali Baddredine.

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