Com o apartamento cheio de fotos de recordação, Ana Cristina Pimentel da Rocha, relembra detalhes da tragédia que se abateu sobre sua família há mais de dez anos: o assassinato da filha Eloá Pimentel pelas mãos do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes.
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“Até hoje eu penso que estou sonhando e que vou acordar. Que é um pesadelo, que estou dormindo e que vou acordar e ela vai estar ao meu lado”, disse em entrevista à Record TV, a primeira em anos desde o crime, ocorrido em outubro de 2008.
O incidente movimentou a periferia de Santo André, no ABC paulista, com Eloá mantida refém pelo ex por mais de cem horas. Aos 15 anos, a adolescente era ameaçada por Lindemberg, então com 25 anos, que não aceitava o fim do relacionamento de três anos.
Quando Eloá e Lindemberg iniciaram o namoro, a mãe chamou o rapaz para uma conversa. Disse a ele que era o primeiro namorado dela e que fosse cauteloso com a filha. À TV, Ana Cristina relatou que a primeira impressão que teve foi de que se tratava um “bom rapaz”.
“Ele era ciumento, muito ciumento. Mas só começamos a perceber quando ele começou a frequentar a nossa casa”, contou a mãe.
Em um almoço na casa da família de Lindemberg, Ana Cristina diz ter recebido um alerta por parte da mãe dele, que teria dito que ele era uma pessoa alterada e que gostava de “dar uma de chefe da casa”: “Essa parte dele eu não conhecia, passei a conhecer quando a própria mãe me contou.”
Ameaças pelo telefone
Ana Cristina afirmou que Eloá e Lindemberg terminaram e reataram diversas vezes, embora, na maioria, ele agisse “como se nada tivesse ocorrido”. Após o último rompimento, pouco antes do crime, ele ligava diversas vezes para a família da garota dizendo que “faria uma besteira”.
“Achei que ele faria algo para chamar a atenção”, conta a mãe de Eloá. “Pensava que ele fosse fazer algo com ele, que se machucasse ou tomasse um remédio para chamar a atenção dela”, acrescenta.
Depois do crime, já durante o julgamento de Lindemberg, ela o encontrou no tribunal, onde ele pediu perdão.
“Eu não vi arrependimento nele”, afirmou Ana Cristina
Relembre o caso
No dia 13 outubro de 2008, Lindemberg entrou no apartamento da ex-namorada Eloá Pimentel, de 15 anos, e fez ela, dois amigos e Nayara Rodrigues da Silva, então com 16 anos, como reféns. Eles estavam reunidos para fazer um trabalho de escola. No mesmo dia, Lindemberg libertou os amigos e manteve as meninas na residência.
Nayara foi libertada no dia seguinte e Eloá passou a ficar sozinha em poder do sequestrador. Em uma ação surpreendente, dois dias depois, a garota foi levada ao apartamento pelos policiais que conduziam as negociações, numa tentativa de forçar a rendição de Lindemberg.
No dia seguinte, sem sucesso nas negociações, um tiro foi disparado dentro do apartamento e os policiais decidiram invadir o local. Outros tiros foram disparados.
Nayara saiu andando com um pano cheio de sangue cobrindo o rosto. A amiga Eloá saiu carregada e morreu no hospital. Lindemberg foi preso e condenado a 98 anos e 10 meses de reclusão pela morte de Eloá e outros 11 crimes.
Em fevereiro de 2012, Lindemberg foi condenado a 98 anos e 10 meses de reclusão pelos crimes. O julgamento durou quatro dias, e ocorreu no Fórum de Santo André, no ABC Paulista. No entanto, no ano seguinte o Tribunal de Justiça (TJ) reduziu a sentença para 39 anos e três meses de prisão após um pedido da defesa do rapaz.
Os advogados dele recorreram alegando que o julgamento foi comprometido pelo clima de comoção e indignação provocado por suposta quebra da imparcialidade da juíza que o conduzia.
Lindemberg cumpre pena no presídio de Tremembé, no interior paulista.
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