Mesmo com dados ainda incompletos, o mês passado está próximo do recorde de desmatamento na Amazônia para meses de outubro, segundo o histórico recente do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Até o dia 29 de outubro de 2021, a Amazônia registrou 795,7 km² de destruição, de acordo com dados do programa Deter, do Inpe. O recorde do histórico recente (iniciado em 2015) da plataforma pertence a outubro de 2020, com 836 km² de mata derrubada. Assim, considerando os registros diários de desmate, o valor de 2020 ainda pode ser alcançado e até ultrapassado.
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O Deter é usado para auxiliar ações de fiscalização ambiental, mas seus dados também podem ser utilizados para observar as tendências de desmatamento. Com a imagem ambiental arranhada internacionalmente devidos aos elevados índices de desmate nos últimos anos, o Brasil, na COP26, a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, vende a imagem de proteção das florestas.
No evento, o país assinou a Declaração das Florestas, com o compromisso de conter o desmatamento. O Brasil também apresentou o objetivo de acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2028. O desmatamento é o principal responsável por emissões de gases estufa no Brasil, que está no ranking dos maiores emissores mundiais. Outra importante fonte de emissões nacionais é a pecuária, que acaba também sendo alvo de um compromisso de redução de metano assinado pelo Brasil na COP26 na última semana.
O governo Jair Bolsonaro (sem partido) costuma usar dados de meses isolados para afirmar que o combate ao desmatamento tem surtido efeito. Alguns meses recentes em 2021, de fato, tiveram resultados melhores, mas somente em relação a recordes de derrubada de mata ocorridos durante a atual gestão federal.
Os dados mostram que a situação de desmate está longe de ser confortável. A área afetada na Amazônia desde julho, por exemplo, já soma mais de 4.000 km², valor não muito distante do total registrado em todo o 2012, ano a partir do qual se verificou uma tendência de crescimento no problema.
O governo Bolsonaro tem usado o Exército para fazer combate a ilícitos ambientais, prática que é contestada por especialistas por seu alto custo –muitas vezes superior ao orçamento do Ibama, força especializada na tarefa– e resultado inexpressivo, considerando os elevados níveis de desmatamento. Nas próximas semanas, o Inpe deve divulgar os dados do Prodes, programa do órgão tido como a medida própria do desmatamento no último ano (levando em conta sempre o período de agosto de um ano até julho do ano seguinte).
Nos dois anos anteriores, os primeiros do governo Bolsonaro, o Prodes apresentou uma explosão no desmate (que já havia sido apontada pelos dados do Deter). Em ambos os anos, a destruição da Amazônia ficou acima de 10 mil km². Para o ano atual, ou seja, de agosto de 2020 até julho de 2021, a taxa não deve ficar muito distante disso, estimam pesquisadores.
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