“Quem mora em barreira tem que aguentar tudo”. A frase em tom de sentença é de uma moradora de área de encosta no Mutange, em Maceió, que vê hoje, pela segunda vez em 30 dias, a casa ameaçada de desabamento.
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Na sala, em um dos quartos e na área de serviço, grandes rachaduras que se abriram na madrugada após um deslizamento de terra avisam que o perigo é grande no imóvel. Mas a família insiste em ficar. “Não sei o que fazer, meu marido não quer ir atrás da Defesa Civil porque demora a sair o aluguel social. Aí ele não quer ir, disse que vai ficar aqui”, lamenta Elielza Carvalho, 50 anos.
Ela mora com o marido e com o filho, de 12 anos, e conta que a última noite foi de preocupação. “Eu não dormi. Dava aquele cochilo, abria o olho, mas não dormi”.
A moradora lembra que ouviu o barulho do primeiro deslizamento na encosta por volta da meia-noite. Às quatro da manhã, outro barulho, dessa vez do deslizamento que atingiu a casa dela.
É a terceira vez desde que mora nessa casa, que Elielza sofre os prejuízos causados pelas chuvas. Da primeira vez, há mais de 12 anos, caiu a parte de trás da casa. A segunda, nas chuvas de maio deste ano, caiu até parte da cozinha. A área foi parcialmente recuperada e hoje foi abaixo mais uma vez.
“Se mudar pra onde? Meu marido não tem condições de pagar aluguel, não tem dinheiro pra comprar outra casa, tem que ficar aqui mesmo. Depois que passar a chuva, a gente vai ver o que faz”.
*Estagiário sob supervisão
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