Desemprego cai para 11,9% no terceiro trimestre e atinge 12,5 milhões

Publicado em 30/10/2018, às 13h30
Carteira de Trabalho | Márcia Folleto/Agência Brasil
Carteira de Trabalho | Márcia Folleto/Agência Brasil

Por Folhapress

O crescimento da mão de obra informal a níveis recordes empurrou a taxa de desemprego brasileira para 11,9% no terceiro trimestre, ante 12,4% de abril a junho, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (30).

A população ocupada aumentou em 1,5% no período, somando 92,6 milhões de brasileiros. O número de desocupados, por sua vez, caiu 3,7% (-474 mil), para 12,5 milhões de pessoas.
O número de trabalhadores na informalidade, contando funcionários do setor privado sem carteira e por conta própria, no entanto, supera o de empregados formais.

"Tem uma retirada de pessoas da fila da desocupação, uma queda de quase meio milhão de pessoas. O problema maior desse avanço é que isso se deu em emprego sem carteira e por conta própria. É um resultado favorável, mas voltado para informalidade e aumento da subocupação", disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

A quantidade de empregados no setor privado sem carteira assinada cresceu 4,7% em relação ao trimestre anterior, chegando a 11,5 milhões de pessoas. O volume é recorde na série histórica atual da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, iniciada em 2012.

Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve alta de 5,5%.
Já os trabalhadores por conta própria cresceram 1,9% na comparação trimestral, alcançando 23,5 milhões de pessoas, também o maior contingente da série. Na base anual, o avanço foi de 2,6%.

Enquanto isso, o total de empregados com carteira assinada se manteve praticamente estável na comparação com o trimestre anterior -variou de 32,8 milhões de trabalhadores para 32,97 milhões- e com o mesmo trimestre do ano passado (33,3 milhões).

"A taxa de desemprego vem caindo lentamente e a porta de entrada do mercado segue por vagas informais", diz Thiago da Xavier, da consultoria Tendências.
"Se compararmos o terceiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2017, observamos 1,3 milhão a mais de pessoas trabalhando. Desses 601 mil vieram sem carteira e outros 581 mil eram conta própria", completa.

Ele destaca, no entanto, que há sinais de aceleração na criação de postos de trabalho no segundo semestre do ano e de retorno de pessoas à PEA (População Economicamente Ativa), a partir de um contexto de incertezas menos com definições políticas no país e sinais de avanço na economia.

O IBC-Br, índice de atividade do Banco Central, aponta para crescimentos econômicos de 0,65% em julho e 0,47% em agosto.
Azeredo, do IBGE, observa que essa foi a primeira vez em 13 trimestres móveis que não houve queda significativa na geração de vaga com carteira na comparação anual.

O aumento no contingente de ocupados foi distribuído entre os grupos de atividade, com destaque para agricultura (mais 264 mil pessoas), comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (mais 263 mil) e construção (mais 229 mil).

​SEM ÂNIMO

Apesar da melhor no contingente de ocupados, o volume de mão de obra subutilizada -desempregados, pessoas que gostariam de trabalhar mais e aqueles que desistiram de buscar emprego- permaneceu estável em 27,3 milhões na comparação com o trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período de 2017, houve aumento de 2,1%.

Azeredo ressalta ainda que o contingente de 6,9 milhões de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas também é recorde. Segundo ele, a situação pode ser gerada tanto pela fraqueza do mercado de trabalho quanto por novas formas de contratação reguladas pela nova lei trabalhista, como o contrato intermitente (por dias ou horas).

Os desalentados (pessoas que desistiram de buscar uma colocação) também permaneceram estáveis na comparação trimestral, mas saltaram 12,6% em relação ao mesmo período de 2017, chegando a 4,8 milhões de pessoas. Agora, representam 4,3% da força de trabalho.

O rendimento médio real habitual também não refletiu a melhora na ocupação. Ele foi estimado em R$ 2.222, similar ao trimestre anterior e também frente ao ano anterior.
"As vagas que estão sendo geradas são de baixo impacto salarial", diz Azeredo.

Especialistas apontam que o próximo governo deverá olhar não apenas para os 12,5 milhões de desempregados no Brasil, mas também para os 27 milhões de pessoas subutilizadas.
"Estar trabalhando é importante, mas o salário e as condições também são. Se queremos melhorar o quadro do mercado de trabalho brasileiro, precisamos pensar de forma ampla", diz Xavier.

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