Investigada na operação “Game Over”, a influenciadora digital Myla Verolayne recuperou parte dos bens que foram apreendidos na ação policial, que ocorreu em junho deste ano. Nas redes sociais, nessa quarta-feira (14), ela compartilhou diversos vídeos, no perfil reserva, nos quais comemora o fato de estar com os itens novamente.
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“Deus é fiel. Peguei tudo que é meu. Deus é justo. Quem não gostou, eu não posso fazer nada. Reclama com o Senhor”, diz Verolayne em uma das gravações, que termina com um hino de igreja, da cantora gospel Bruna Karla, intitulado “Meu advogado é o meu Senhor”. Ela e o marido ainda entram nos carros que haviam sido apreendidos - um Volvo e um Porsche - e vão embora do Pátio de Custódia da Polícia Civil.
Veja abaixo:
Delação premiada - No entanto, apesar da celebração divulgada no Instagram, a recuperação dos bens só foi possível por meio de uma “delação premiada”, instrumento da Lei de Organizações Criminosas.
Nesta fase da investigação, a influencer fechou um acordo, no qual confessou a prática dos crimes - entre eles o de estelionato - depois de promover o jogo de azar, conhecido como “Jogo do Tigrinho” (Tiger Fortune).
"O acordo homologado judicialmente impõe restrições e confisca o patrimônio mas concede o benefício deles não mais responderem ao processo. Porém, eles não podem voltar a praticar os crimes que foram investigados (e confessaram), sob pena de perderem os benefícios e voltarem a ser réus", afirmou o delegado Lucimério Campos, que preside o inquérito.
A influencer concordou em entregar parte do patrimônio para ressarcir o Estado e também em compor um fundo que vai ressarcir as vítimas que perderam dinheiro com a jogatina, promovida vários influenciadores investigados.
O acordo foi homologado pela 17ª Vara Criminal da Capital, que contou com o parecer favorável do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Estado de Alagoas.
Além de recuperar parte dos bens, também foi determinada a reativação dos perfis nas redes sociais, porém, com restrições de não cometerem crimes e contravenções.
A influencer continua sendo investigada?
Segundo informou o delegado, não. Uma vez que, mesmo que o acordo homologado pela Justiça imponha restrições e confisque o patrimônio, ainda concede o benefício de não responder mais ao processo. No entanto, os antes investigados não podem reincidir nos crimes que confessaram, sob pena de perderem os benefícios e voltarem a ser réus.
Operação Game Over
Realizada em junho deste ano, a operação “Game Over” apreendeu carros, lancha e outros bens de influenciadores em Maceió, suspeitos de promover o jogo de azar, conhecido como "Jogo do Tigrinho". A decisão dos mandados foi expedida pela 17ª Vara Criminal. Segundo a polícia, também foram apreendidos bens das pessoas que assessoram os influencers.
As investigações duraram oito meses. De acordo com o delegado Lucimério, os eles estavam cometendo o crime de estelionato ao divulgar o ‘Jogo do Tigrinho’ para seus seguidores. Ao todo foram R$38 milhões em bens apreendidos.
Em desdobramento posterior da primeira fase da operação 'Game Over', a Polícia Civil divulgou cinco áudios interceptados de influenciadores de Alagoas, nos quais os 'influencers' recomendam que pessoas gravem vídeos para o Instagram, forjando que estavam jogando e faturando no 'Jogo do Tigrinho'.
Segundo a Polícia Civil, cada influenciador que fecha um acordo de publicidade com a plataforma recebe uma ‘conta demo’, que serve para simular os ganhos reais e “provar” a veracidade das apostas. As imagens divulgadas mostram a jogatina rendendo muito dinheiro ao jogador.
Durante a investigação, a polícia teve acesso a uma conta de teste. Sem realizar nenhum depósito, após apenas algumas rodadas o saldo nesta conta já era de mais de R$158 mil. No entanto, não era possível sacar o valor.