Defesa Civil: novo sensor de monitoramento só vai ter dados consistentes de mina 18 após 10 dias

Publicado em 13/12/2023, às 15h15
Secom Maceió
Secom Maceió

Por TNH1 com informações da Secom Maceió

Após 24 horas de calibração, o novo equipamento DGPS (Differential Global Positioning System), que foi instalado nas proximidades da mina 18 na última segunda-feira (11), iniciou o envio de dados para a base de monitoramento da Defesa Civil de Maceió. Contudo, os dados ainda são inconsistentes.   

O coordenador-geral do órgão, Abelardo Nobre, explica que há uma necessidade de aproximadamente dez dias de análise dos dados para verificar a precisão desse monitoramento. 

“Somente após esses dez dias conseguiremos ter uma análise mais precisa, pois todo o nosso monitoramento na região afetada, assim como na região das minas, depende da consistência e persistência dos dados. Temos a responsabilidade de fazer análises cuidadosas para não emitir informações equivocadas”, salienta o coordenador.

O monitoramento das demais minas segue ativo e os demais equipamentos apresentam, até o momento, situação de normalidade. Somente o DGPS que media a movimentação da mina 18 foi perdido no rompimento que ocorreu no último domingo (10). 

O órgão analisa os dados em tempo real, com uma rede de equipamentos que conseguem perceber movimentos do solo em milímetros. Veja métodos utilizados:

  • - Rede sismológica com 14 sensores superficiais e 12 em profundidade;
  • - Interferometria de radar por abertura sintética (InSAR) em uma área de aproximadamente 16 km², e com alta resolução espacial;
  • - 76 Receptores com Sistema diferencial de navegação Global por satélite (DGPS's);
  • - Quatro Inclinômetros com 250m de profundidade e sensores a cada 1m;
  • - 13 Tiltímetros;
  • - Três Pluviômetros instalados próximos a área afetada.

Entenda a situação - Após a Defesa Civil de Maceió alertar sobre o colapso iminente da mina 18, da Braskem, no Mutange, cerca de 23 famílias tiveram que ser retiradas das casas que estão localizadas na área de risco. A Justiça Federal, inclusive, autorizou o uso de força policial, caso os moradores recusassem a sair. O caso é um desdobramento dos tremores de terra que começaram a ser sentidos pela população do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol em março de 2018, causados pela mineração de sal-gema feita pela Braskem desde a década de 70 naquela região, conforme apontou o Serviço Geológico do Brasil. 

A Prefeitura de Maceió desocupou seis escolas em diferentes bairros da capital para torná-las abrigos temporários aos moradores e também decretou estado de emergência na capital por 180 dias. Depois de registrar afundamento superior a 2 metros ao longo de duas semanas, a mina 18 sofreu rompimento às margens da laguna Mundaú no dia 10 de dezembro. O fato provocou angústia em moradores que ainda seguem residindo em regiões próximas. 

O presidente da Braskem, Roberto Bischoff, afirmou na segunda-feira, 4 de dezembro, que nos últimos quatro anos foram realocadas 40 mil pessoas - a estimativa dos órgãos é que o número seja de quase 60 mil - em 14,5 mil imóveis e mais de 97% das propostas de indenização foram aceitas e pagas por meio do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF). O comentário foi feito ao Estadão durante o 28º Encontro Anual da Indústria Química (Enaiq), evento tradicional do setor químico promovido pela Associação Brasileira de Indústrias Química (Abiquim).

A Justiça Federal determinou, na manhã da quinta-feira, 30 de novembro, que a Braskem adote providências em relação ao novo mapa elaborado pela Defesa Civil Municipal, que inclui no PCF novos imóveis localizados no Bom Parto. A mineradora comunicou aos acionistas e ao mercado que o valor atribuído à causa pelos autores da ação é de R$ 1 bilhão. Desde então o caso tem sido acompanhado pelo Governo Federal e vários órgãos fiscalizadores junto à mineradora Braskem. 

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