Deep web: pesquisas sobre o que acontece na parte obscura da internet aumentam

Publicado em 15/03/2019, às 20h25
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Por Olhar Digital

Deep Web é o nome que se dá à camada da internet que não pode ser acessada através de mecanismos de busca, como o Google ou o próprio navegador que você usa, seja o Chrome, o Safari ou o Edge. Pelo menos não sem usar algumas ferramentas.

Na deep web nada é indexado, ou seja, você não consegue simplesmente digitar um endereço "ponto com" e encontrar o que quer. É como se esta parte "escondida" da internet não existisse para os navegadores comuns. Por isso se usa a imagem de um inceberg para representá-la.

A ponta do iceberg, a parte fora da água, é tudo o que é indexado por mecanismos de busca - a internet "normal" que eu e você usamos. A maior parte do iceberg, o colosso abaixo da água, é a deep web - as profundezas invisíveis a olho nu da rede mundial de computadores.

O que é a deep web
Em grande parte, a deep web existe, assim como a própria internet, graças à força militar dos Estados Unidos. Neste caso, graças ao Laboratório de Pesquisas da Marinha do país, que desenvolveu o The Onion Routing para tratar de propostas de pesquisa, design e análise de sistemas anônimos de comunicação. A segunda geração desse projeto foi liberada para uso não-governamental, apelidada de TOR e, desde então, vem evoluindo...

Em 2006, TOR deixou de ser um acrônimo de The Onion Router para se transformar em ONG, a Tor Project, uma rede de túneis escondidos na internet em que todos ficam quase invisíveis. Onion, em inglês, significa cebola, e é bem isso que a rede parece, porque às vezes é necessário atravessar várias camadas para se chegar ao conteúdo desejado.

Grupos pró-liberdade de expressão são os maiores defensores do Tor, já que pela rede Onion é possível conversar anonimamente e, teoricamente, sem ser interceptado, dando voz a todos, passando por quem luta contra regimes ditatoriais, empregados insatisfeitos, vítimas que queiram denunciar seus algozes... todos.

A ONG já teve apoio da Electronic Frontier Foundation, da Human Rights Watch e até da National Christian Foundation, mas também recebeu dinheiro de empresas, como o Google, e de órgãos oficiais - o governo dos EUA, aliás, é um dos principais investidores.

Ao acessar um site normalmente, seu computador se conecta a um servidor que consegue identificar o IP; com o Tor isso não acontece, pois, antes que sua requisição chegue ao servidor, entra em cena uma rede anônima de computadores que fazem pontes criptografadas até o site desejado.

Por isso, é possível identificar o IP que chegou ao destinatário, mas não a máquina anterior, nem a anterior, nem a anterior etc. Chegar no usuário, então, é praticamente impossível. Também há serviços de hospedagem e armazenagem invisívieis. Assim, o dono da página está seguro se não quiser ser encontrado.

Dark web ou dark net
A deep web tem o seu lado "bom", que é a privacidade para troca de conteúdo e informações sigilosas, por exemplo. Mas também tem o lado ruim, cheio de crimes, pornografia, tráfico de drogas e outras ilegalidades. É a parte da deep web que muitos chamam de dark web.

Superficialmente, o que parece fazer mais sucesso na dark web é o tráfico de drogas, tanto que existem listas de vendedores recomendados, de acordo com a confiabilidade de cada um. Mas o comércio de armas corre solto, assim como o de contas do PayPal e de produtos roubados - existem lojas específicas para marcas como Apple e Microsoft, por exemplo. Também dá para contratar assassinos de aluguel que possuem valores para cada tipo de pessoa (celebridades, políticos etc.), com preços que vão de US$ 20 mil a US$ 150 mil.

Cibercriminosos e espiões oferecem seus serviços, e tem gente que garante fazer trabalhos acadêmicos sobre qualquer assunto, sem copiar de lugar algum. Sites promovem turismo sexual e, por menos de US$ 1 mil, prometem buscar o comprador no aeroporto. Outro destaque é a venda de documentos falsos, com páginas que oferecem até cidadania norte-americana. O dinheiro é abolido na deep web e poucos negociantes confiam no PayPal, a bola da vez é mesmo a Bitcoin, uma moeda digital que torna as transações mais seguras.

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