Em tempos de crise, gestores começam a falar palavras indesejáveis para qualquer servidor: parcelamento e dificuldade de quitar folha de pagamento. Essas palavras começaram a permear o discurso do governador Renan Filho (PMDB) e do prefeito da capital, Rui Palmeira (PSDB) nas últimas semanas.
Em declaração à imprensa, Renan Filho, disse que o Estado tem trabalhado duro para evitar o “colapso” das contas estaduais, o que significaria, para o servidor, parcelamento de salário. Já o prefeito de Maceió disse queas próximas folhas de pagamento dependem do que vai entrar no caixa por meio de impostos e do Fundo de Participação dos Municípios, o sempre oscilante, FPM.
Enquanto os gestores anunciam e trabalham medidas para evitar um cenário caótico, o TNH1 ouviu os possíveis prejudicados, caso esse cenário de bolsos vazios se confirme, os servidores públicos.
Alguns sindicatos reagiram com virulência contra as declarações do governo do Estado.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Sindpol, Josimar Melo, a declaração teve o objetivo de assustar os servidores para que eles aceitem a proposta de reajuste de 5% do governo.
“Essa declaração quer aterrorizar o servidor porque essa crise não existe. Nós temos conhecimento das contas do Governo. Apenas nos quatro primeiros meses deste ano o governo aumentou a arrecadação em R$ 178 milhões, em comparação a 2014. Além disso, o governador cortou comissionados e secretarias, reduzindo o gasto do governo”, afirma Josimar.
Cícero Lourenço, secretário de finanças do Sindprev, também fala em "terrorismo". “A declaração do governador foi irresponsável, como a lei que ele encaminhou para o Poder Legislativo dando o aumento de 5% para servidor e 7% para os servidores da educação, descumprindo a lei que determinava o reajuste em 13,1% para os servidores da educação”, acusa Lourenço.
Ele ainda disse que declaração sobre a possibilidade de atraso e parcelamento de salários é contraditória, já que o secretário da Fazenda, George Santoro, teria dado declarações à imprensa alegando que o Estado já saiu da crise. “Se ele [o governador] conceder o reajuste de 13,1% para a educação, no final do ano ainda restará R$ 76 milhões para ser repartido entre a categoria, de verba assegurada para esse fim pelo Governo Federal. Então, que crise é essa?”, questiona.
Para Consuelo Correia, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), o argumento do governador é inconcebível e não tem justificativa. “Pelo menos para a Educação a justificativa é inconcebível. No começo do governo ele falava na Lei de Responsabilidade Fiscal, mas a educação tem recursos carimbados para fins específicos, como ele fala na possibilidade do atraso ou parcelamento?”, disse.
Prefeitura
Já o presidente do Sindicato dos Servidores da Prefeitura (Sindspref), Sidney Lopes, afirma que após tomar conhecimento que o prefeito Rui Palmeira falou sobre dificuldades de quitar a folha de pagamento, entrou em contato com Secretário de Administração, Fillipe Mamede, que teria tranquilizado o sindicalista.
“Ele [o secretário], desmentiu a declaração. Após entrar em contato com o prefeito ele retornou para nós do Sindicato dizendo que o prefeito negou ter dito isso. Ele teria falado sobre uma possibilidade, mas bem remota”, concluiu.
Veja o vídeo com a análise de Ricardo Mota sobre o parcelamento cogitado pelo governador:
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