O procurador-geral do município de Maceió, João Luis Lobo Silva, ao ser inquirido nesta terça-feira (23) por integrantes da CPI da Braskem em andamento no Senado Federal, revelou que de R$ 1,7 bilhão a ser pago pela mineradora à Prefeitura, apenas R$ 950 foram pagos até agora.
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Segundo a Agência Senado, os senadores se surpreenderam quando João Lobo explicou que do valor até agora recebido da Braskem o município utilizou R$ 260 milhões na aquisição de um hospital ainda inacabado.
Para o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), que alega ter experiência na construção de unidades hospitalares, os valores são absurdos:
– Está de brincadeira, comprar um hospital por R$ 260 milhões, com cento e poucos leitos. Quero dizer que atenção básica é a responsabilidade do município. [Atendimento de] média e alta complexidade não é função da prefeitura e comprar um hospital de alta complexidade tem custo anual altíssimo. Além disso, um hospital não custa R$ 260 milhões em nenhum lugar, muito menos em Maceió. Em quatro anos, eu construí o maior hospital do Norte-Nordeste, e sei valores de cabeça. Aliás, nós vamos fazer uma visita e vamos conhecer porque é muito dinheiro para um hospital de pouco mais de cem leitos.
Aziz demonstrou insatisfação também com a documentação até agora apresentada em relação à ação da Braskem em Maceió e com a atuação dos órgãos fiscalizadores:
– Os laudos feitos até agora, todos eles, são de uma irresponsabilidade total. A Agência Nacional de Mineração, com irresponsabilidade total; os órgãos fiscalizadores tanto do município como do estado, irresponsabilidade total.
Coube ao senador alagoano Rodrigo Cunha (Podemos-AL) contra-argumentar, explicando que além de estar em área próxima ao local afetado pelo afundamento do solo o hospital é considerado “o melhor da cidade”, acrescentando que o município fez a aquisição diante da omissão do governo estadual na área de saúde:
“Saúde é competência do governo estadual, mas também foi a incompetência do governo estadual que levou o prefeito a tomar uma atitude. Não é justo as pessoas sofrerem para serem atendidas e a preocupação de um gestor não é deixar de fazer porque o outro não está fazendo. Mesmo não tendo responsabilidade direta, o faz, porque isso é cuidar das pessoas, cuidar de gente, cuidar de quem está sofrendo. O Hospital da Cidade é o melhor e tem o carimbo de ser municipal e estar em funcionamento. É justo que o pobre seja cuidado como o rico e a gente não pode se deixar se levar por outros comparativos.”
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