Cozinheiro desaparecido em Barra Nova pode ter sido vítima de latrocínio, diz delegado

Publicado em 05/10/2023, às 14h03
Arquivo pessoal | Reprodução / TV Pajuçara
Arquivo pessoal | Reprodução / TV Pajuçara

Por TNH1 com TV Pajuçara

A principal linha de investigação da Polícia Civil sobre o desaparecimento do jovem Paulo Richard, de 24 anos, é latrocínio. A declaração foi dada pelo delegado Sidney Tenório, nesta quinta-feira, 5, ao Fique Alerta. Ele explicou que as autoridades conseguiram recuperar um iPhone 14 e o cartão de crédito do cozinheiro, que teriam sido comercializado e usado por um principal suspeito. 

"O principal suspeito é uma pessoa que conhecia a vítima, ele admite que a conhecia. Ele já veio aqui, já prestou esclarecimentos, já sabe o que a polícia tem sobre ele. Ele tinha conhecimento com o Paulo Ricardo, que falava com ele no Whatsapp, inclusive, amigos do Paulo Ricardo falavam dessa relação. É um iPhone 14 o celular que apreendemos, é um aparelho caro. Ninguém dá um iPhone 14 para outro usar, ninguém dá o cartão para outro usar. Ele não soube muito bem explicar. Mas a relação deles era de amizade, de saírem juntos, irem juntos para boate".

A família de Paulo Richard, como é conhecido o cozinheiro, registrou boletim de ocorrência no 6º Distrito Policial, em Maceió, no dia 20 de setembro. A última vez que a vítima havia dado notícias aos familiares tinha sido entre os dias 17 e 18 daquele mês. 

"A gente trabalha principalmente com latrocínio. Desde o começo as informações sobre o Paulo Richard era de desaparecimento. A família disse que ele teria ido para uma festa em Barra Nova, Marechal Deodoro. Depois enviou alguns vídeos, fez contato com a família pelo Whatsapp e logo depois desapareceu. Não mais apareceu em casa, o seu cartão passou a ser usado, bem como a gente também tem informações sobre os telefones. O que podemos dizer para não atrapalhar as investigações é que várias pessoas foram ouvidas, como familiares e amigos, diligências externas foram realizadas", disse Tenório. 

"Claro que trabalhamos diante do fato de que os bens foram levados e comercializados para terceiros, bem como o cartão de crédito também foi usado, a hipótese mais provável é de latrocínio. Acredita-se que ele foi assassinado e os bens foram roubados. Estamos na reta final da investigação, temos vários elementos, mas também trabalhamos para tentar localizar o corpo da vítima", complementou. 

Irmão desconfiou de conversa em aplicativo - O irmão de Paulo Richard, identificado como Aldo, conversou com o TNH1 na manhã do dia 21 de setembro e afirmou que o cozinheiro, morador do Conjunto Luiz Pedro III, no Benedito Bentes, não possui inimizades e não tem envolvimento com crimes. Ele descreveu Paulo Richard como um jovem trabalhador, que atua como cozinheiro-chefe do restaurante, situado em um shopping da capital, há três anos.

"Ele costuma gravar mensagens no WhatsApp, e desde domingo, à noite, as conversas entre ele e as pessoas próximas, amigos e família, são por meio de digitação. Ele não gosta de digitar no celular, ele odeia, sempre manda áudio. E outra coisa, a gente percebe que não é ele pela escrita. O meu irmão erra no português, não sabe usar pontuação direito, e as mensagens que estão chegando desde domingo estão escritas corretamente", contou o irmão ao TNH1.

"Então a última vez que ele mesmo falou com a família foi durante o dia de domingo. Ele disse que estava em uma festa, numa casa com piscina na Barra Nova. A gente percebeu que ele perguntou a uma pessoa, um homem, se poderia dizer onde era o local exatamente. Não sei quem era essa pessoa. Um amigo dele, que é muito próximo, falou para a gente que mandou mensagem para ele no domingo à noite, e foi respondido por essa pessoa, dizendo que estava no Mirante da Sereia, se passando pelo meu irmão. Ele não gostava de ir ao Mirante", relatou Aldo na ocasião.

Ainda na entrevista, o irmão revelou um pedido de transferência via Pix, no valor de R$ 150, enviado para a família na quarta-feira, 20 de setembro. 

"Uma determinada pessoa, que foi a mesma que viemos saber que comercializou o celular, essa pessoa foi em uma loja para comprar bebidas, passou o cartão, fez um Pix alegando que era o Paulo Ricardo. Essa pessoa veio para a delegacia e o tempo todo disse que realmente teve acesso, mas que recebeu de uma terceira pessoa, que também está sendo investigada. É bastante complicada a situação da pessoa, porque ela é quem estava com cartão, ela quem estava com o celular, ela foi vista com o Paulo Ricardo momentos antes do desaparecimento naqueles dias que antecederam o desaparecimento", detalhou o delegado. 

Investigação em reta final - Ainda de acordo com Sidney Tenório, por inicialmente não se tratar de um caso de sequestro, mas sim de desaparecimento e com itens pessoais da vítima sendo localizados em uso por terceiros, é que a polícia acredita se tratar de latrocínio. 

"O que dificulta bastante esse caso é que o corpo não apareceu. Quando a gente trabalha com sequestro, que nesse caso nem isso foi, é um desaparecimento, terminamos trabalhando com a hipótese de encontrar a pessoa com vida, até porque a família acredita que isso possa acontecer. Mas nesse caso do Paulo Ricardo especificamente, a gente trabalha com o aparecimento dos aparelhos celulares, a polícia já apreendeu os aparelhos celulares que eram usados por ele e foram comercializados por terceiros. O cartão de crédito foi usado posteriormente ao fato. E ele desapareceu. Estamos lidando com uma pessoa que tinha emprego fixo, não tinha o hábito de sair de casa e não mais apareceu". 

"Existem suspeitos, as pessoas que comercializaram os aparelhos. Inclusive, foram ouvidas e negam os fatos. Temos a dificuldade na questão do corpo. Vamos trabalhar com calma e cautela, o Poder Judiciário vai nos ajudar no momento em que fizermos a representação e também junto ao Ministério Público. O que podemos tranquilizar aos familiares e amigos é que em nenhum momento do desaparecimento a Polícia Civil parou, a gente vem investigando e conseguiu recuperar os celulares, o que é um indício muito forte. Bem como também imagens da pessoa que estava usando o cartão de crédito. O que falta para prender essas pessoas? Justamente estamos diligenciando na tentativa da materialidade do crime", concluiu o delegado.

Gostou? Compartilhe