Contextualizando

Corretores de imóveis defendem prédios na Lagoa da Anta

Em 24 de Março de 2025 às 09:00

A realização de duas audiências públicas - uma na Assembleia Legislstiva e outra na Câmara Municipal de Maceió - não esgotou a polêmica sobre a construção de cinco torres de 15 andares para implantação de um complexo habitacional na Lagoa da Anta, à beira mar, onde está instalado desde 1979 o Hotel Jatiúca.

Os dois eventos serviram, na verdade, para tornar pública a negociação entre a Construtora Record e o grupo hoteleiro e a admissibilidade, por parte da empresa, de que realmente existe um projeto e a determinação de levar adiante o empreendimento.

Corretores de imóveis que acompanharam as duas audiências se mantêm na certeza de que a transação vai se consumar e não acreditam que a atualização do Plano Diretor de Maceió, que deve ser aprovada este ano pela Câmara Municipal, vá reverter essa tendência.

Até porque há vereadores tradicionalmente apoiados em suas campanhas por empresas do setor da construção civil.

O próprio presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis, Sérgio Cabral, tem assumido publicamente a defesa da construção dos cinco "espigões" na Lagoa da Anta.

O Plano Diretor atual prevê essa possiblidade, como lembrou na audiência pública da Assembleia Legislativa o empresário Hélio Abreu, sócio da Construtora Record, em declarações à imprensa.

Um ex-dirigente do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, que hoje em dia atua como consultor ambiental, tem reafirmado após participar das audiências na Câmara e na Assembleia:

"Esse projeto de prédios na Lagoa da Anta vai ser aprovado, de qualquer jeito".

"Estamos falando mega, mega, megatorres, né? O que é que se imagina quando se fala em megatorres? Porque a legislação lá não permite mais do que 15 pavimentos”.

Com essa declaração, Hélio Abreu, sócio da Record Construtora que representou a empresa na audiência pública realizada nesta terça-feira (12) na Assembleia Legislativa, confirmou, pela primeira vez, que pretende mesmo edificar cinco "espigões" de até 15 andares na Lagoa da Anta, onde há 45 anos está instalado o Hotel Jatiúca, na orla marítima de Maceió.

Ele deixou transparecer também que seria algo natural e dentro da legalidade, explicando que existem torres de até 20 andares no entorno do Parque Shopping, no vizinho bairro de Cruz das Almas, e outros prédios de altura elevada na Praia de Jacarecica - uma área de mangue e, a exemplo da Lagoa da Anta, também à beira mar.

Mas não parece fácil a concretização desse projeto da empresa.

Desde que tomaram domínio público as informações sobre a implantação de um mega empreendimento imobiliário, fruto de transação entre o Hotel Jatiúca e a Construtora Record, surgieam várias manifestações contrárias, de vários setores da sociedade.

Além de ser uma das poucas reservas naturais de Maceió, a única à beira mar, a área se transformou num dos principais cartões postais da cidade até pelo que representa em termos ambientais.

A partir daí o Ministério Público interveio, nas esperas federal e estadual, e passou a exigir o cumprimento de normas por parte de prédios com construção já em andamento no litoral norte de Maceió.

Da audiência de ontem na ALE também participou Marisa Beltrão, do Comitê Gestor da Orla de Maceió, que reclamou da demora da entrada em vigor do Plano Diretor e do Plano de Gestão Integrada da Orla de Maceió, acrescentando:

"A sociedade civil, junto com os profissionais específicos da área, já decidiram em 2024 que a área onde hoje é o Hotel Jatiúca e a Lagoa da Anta deve passar pela reintegração de posse, precisa voltarpara nós, sociedade. É precio que a ordem seja restabelecida para o município, assim como foi com o Alaoinha, assim como foi com o antigo Detran."

O presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Alagoas, Sérgio Cabral, tem reiterado o seu apoio à pretensão da Construtora Record em concluir a negociação com o Hotel Jatiúca e construir os cinco prédios na Lagoa da Anta.

Na próxima segunda-feira, 17 de março, a quesrão volta a ser discutida em nova audiência pública, desta vez na Câmara Municipal de Mació.

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