Conheça Pixaim, comunidade quilombola alagoana que acaba de receber energia elétrica pela 1ª vez

Publicado em 02/08/2023, às 08h49
Gabriel Amorim/TNH1
Gabriel Amorim/TNH1

Por Gabriel Amorim

Entre as vastas dunas de areias banhadas pelas águas do Rio São Francisco está a comunidade Pixaim, localizada em uma área isolada de Piaçabuçu, extremo sul de Alagoas. Tão isolada que desde seu surgimento, na década de 1980, nunca teve abastecimento de energia elétrica. Mas essa realidade acabou de mudar. 

Localizada a cerca de 115 quilômetros da capital alagoana, o pacato povoado quilombola foi abraçado pelo projeto E+ Comunidades Solares, da Equatorial Alagoas. O programa beneficia as famílias com energia de fonte limpa e sustentável por meio de sistemas fotovoltaicos - placas solares que transformam a luz do sol em eletricidade. Além da chegada da iluminação, a empresa também doou geladeiras novas, que possibilitam que os moradores armazenem alimentos e tomem água gelada, por exemplo. A doação é fruto de uma parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

O TNH1 viajou até Pixaim, a última comunidade alagoana banhada pelas águas do Rio São Francisco. Confira, abaixo, a realidade do povoado e detalhes do programa.

A comunidade - Habitado por 43 famílias, Pixaim é coberta e recheada de belezas naturais de tirar o fôlego. Mas apesar de ter diversas gerações familiares e, cada vez mais, pontos ‘instagramáveis’, o povoado nunca tinha recebido energia elétrica. 

Você já deve ter pensado em largar os afazeres para passar horas sem acesso ao telefone ou a televisão. Agora imagine ter que conviver diariamente sem energia elétrica e ficar restrito a tudo o que ela proporciona, inclusive, até o mais básico, a luz. É assim que vivia a comunidade. Sem o fornecimento de energia elétrica, restava aos moradores realizar todas as tarefas diárias do dia e guardar as noites apenas para o descanso, já que a escuridão tomava conta. Ao TNH1, a moradora Joice Fabiana Pereira contou um pouco da realidade noturna do povoado. 

“A vida aqui é completamente diferente. À noite, é preciso que a gente acenda um foguinho de pau para não ficar no escuro. E também, em tempo de lua cheia, facilitava bastante. Agora (com a chegada de energia elétrica), facilitou muito. É toda uma vida que muda e somos eternamente gratos”, disse.

Com o tempo, muitos moradores abandonaram as casas em meio às dunas para procurar melhores condições de vida.

(Crédito: Gabriel Amorim)

Amor que nasceu e perdurou à luz de velas - Pelo dia, os raios de sol e o calor escaldante. À noite, escuridão. Mas a falta de energia não impediu a união de diversas famílias na comunidade. Como é o caso de Adriana Batista e Adailton dos Santos, juntos há dois anos.

Morador e fã de carteirinha de Pixaim, Adailton nasceu e cresceu no povoado. Pescador, ele passa o dia buscando o sustento da família. “Tem dia que eu pesco cerca de três a cinco quilos. Mas depende muito, porque tem vez que eu não pego nada e volto zerado. Porém, não tem como desanimar. Eu sobrevivo disso e preciso continuar”, conta Adailton, observando que a comunidade sobrevive principalmente da pescaria.

(Crédito: Gabriel Amorim/TNH1)

"Sempre quis ter um liquidificador, uma geladeira, e não era possível"

Ele conheceu Adriana há poucos anos atrás, quando ela morava na área urbana de Piaçabuçu. Hoje, é ela a responsável pelos cuidados da casa. Com gosto pela cozinha, ela lamentava não poder contar com eletrodomésticos que iriam facilitar os processos de seus mais diversos pratos. “Sempre quis ter um liquidificador, uma geladeira, e não era possível. Os sucos que eu fazia eram todos batidos na mão. Era bem difícil, especialmente para uma dona de casa que queria fazer uma comidinha mais saudável e uma sobremesa para guardar na geladeira”, lamentou, com um sorrisão estampado no rosto, Adriana mostra que conseguiu realizar um de seus sonhos: ter e poder utilizar um liquidificador. 

Questionados se possuem a intenção de sair do povoado para procurar uma vida melhor, rapidamente negaram. O sossego e a calmaria são dois dos principais motivos da decisão. (Crédito: Gabriel Amorim/TNH1)

Confira, abaixo, uma galeria com fotos que mostram a realidade da comunidade.

(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)
(Gabriel Amorim/TNH1)

Projeto E+ Comunidades Solares - O programa faz parte de um dos compromissos do Grupo Equatorial Energia com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS – da ONU, que visa garantir o acesso à Energia Limpa e Sustentável. É uma iniciativa global que engaja empresas para a realização de ações para que todas as pessoas possam desfrutar de paz e prosperidade.

Com o projeto, famílias são beneficiadas com energia elétrica limpa e sustentável através da instalação de placas de energia solar nas 43 residências do povoado. Agora, os moradores passam a ter mais qualidade de vida e podem ter acesso a eletrodomésticos. O investimento realizado na comunidade quilombola em Alagoas é de aproximadamente R$ 750 mil.

Ao TNH1, o presidente da Equatorial Alagoas, Humberto Soares, comentou sobre a ação e as dificuldades de chegar até o povoado. “Pixaim é uma comunidade isolada e que tem características de dunas ao seu redor. Então é muito difícil trazer uma rede de energia convencional. Esse projeto atende isoladamente cada residência com sistema de energia solar e baterias - que possuem o consumo de uma energia normal. O sistema permite você ter lâmpadas, assistir televisão. Então é esse o projeto que nós trazemos para essas 43 famílias”, disse.

Além do fornecimento de energia, também aconteceu a doação de geladeiras para cada imóvel. O presidente comentou que a ação se trata de uma parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e aproveitou para externalizar a sensação de poder realizar o sonho de vida de todos os moradores.

“É um outro projeto da Equatorial, em parceria com a ANEEL, através do programa de eficiência energética, onde a gente vai proporcionar geladeiras eficientes para os moradores. É muito gratificante para a empresa e estamos muito honrados em poder realizar os sonhos dessas famílias - de trazer energia para pessoas que estavam há muitos anos com essa necessidade”.

(Crédito: Gabriel Amorim/TNH1)

Grupo Equatorial – Desde 2017, quando o Grupo Equatorial lançou o projeto E+ Comunidades Solares, já foram realizadas cerca de 20 mil ligações, beneficiando mais de 80 mil famílias nos estados do Pará, Maranhão, Piauí, Amapá e Alagoas. Um investimento de mais de R$ 700 milhões.

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