O fim de ano é marcado por festa e comemoração, mas também por muita preocupação por parte de quem tem cachorro e gato. O tradicional show de fogos de artifício é um verdadeiro martírio para os pets e pode funcionar como gatilho para crises de estresse e ansiedade. No desespero, muitos fogem, têm ataques de pânico, convulsionam e até morrem, especialmente aqueles que sofrem de problemas cardíacos ou de insuficiência respiratória.
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Afinal, por que eles sofrem tanto com o barulho?
Nós, humanos, não fazemos ideia do quão desagradável e dolorido é o barulho da explosão dos fogos no ouvido de cachorros e gatos. Acontece que eles têm uma capacidade auditiva muito maior do que a nossa. Enquanto somos capazes de perceber sons na faixa de 10 Hz a 20.000 Hz, os bichos conseguem ouvir até 40.000 Hz.
O barulho é tão forte que pode causar danos irreversíveis a eles, segundo alerta o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
De acordo com o médico-veterinário Wanderson Ferreira, do CFMV, os cachorros têm a audição ainda mais sensível do que a dos gatos, mas ambos se sentem em perigo com o barulho dos fogos. “Os cães sentem muito medo, principalmente quando estão sozinhos, pois são animais de matilha e ficam mais seguros ao lado de outros animais”, explica.
O recomendável durante a queima de fogos, segundo o veterinário, é deixar o pet dentro de casa, em um ambiente o mais isolado possível do barulho. Também é extremamente importante manter portas e janelas fechadas para abafar o som de fora e evitar fugas.
Ferreira ainda aconselha que os tutores estejam presentes, ajam com naturalidade e não demonstrem medo ou nervosismo, abraçando o animal no momento da queima de fogos. Segundo ele, isso pode passar a mensagem ao pet de que a situação é realmente perigosa e induzi-lo ainda mais ao pânico.
Crédito: Ishidako/istockPresença do tutor é um dos métodos mais eficazes contra o pânico dos animais
Uma dica que pode funcionar é distrair o animal com brinquedos que ele possa morder ou que ofereçam recompensas, como aqueles soltam petisco ou ração. A ideia é tirar o foco do barulho lá fora.
Para cachorros, oferecer ossos grandes e cartilagens defumadas, vendidas em pet shops, pode ser uma boa, segundo o veterinário, pois irá fazer com que eles permaneçam distraídos por horas. Mas atenção! O importante é que esse osso seja seguro, não devendo soltar fragmentos. Aqueles ossos de couro, por exemplo, são um perigo e podem provocar morte por sufocamento.
Ferreira também ensina uma técnica que ajuda a dessensibilizar o animal do barulho dos fogos, mas o ideal é começar a aplicá-la com, no mínimo, 15 dias de antecedência.
|“Sugiro baixar sons de trovão da internet e expor o animal ao som todos os dias, gradativamente aumentando o volume. Mas não adianta fazer isso no dia do Réveillon”, afirma.
De acordo com ele, se a técnica for iniciada 90 dias antes tende a apresentar resultados mais positivos.
Em casos mais extremos, pode ser necessária a sedação, mas essa só deverá ser feita com a orientação médica-veterinária. “Não adianta medicar no dia, até porque anestesia é sempre algo perigoso. O ideal é preparar o animal com antecedência, acostumá-lo com sons altos, como o exemplo do trovão, e também com músicas”, acrescenta o veterinário do CFMV.
O uso de feromônios e fitoterápicos para amenizar o estresse também pode ajudar, mas, para fazer efeito, devem ser ministrados com pelo menos 15 dias de antecedência, sob orientação veterinária.
Muito já se falou sobre o método que consiste em passar uma faixa ou pano em alguns pontos do corpo do cachorro para que ele se sinta mais seguro.
Entre os especialistas, não existe uma opinião unânime sobre esse método, mas alguns defendem que ele ajuda, sim, a acalmar os cães, desde que não seja feito somente no dia da virada de ano.
“A ideia é fazer com que o animal se sinta ‘abraçado’”, explica a veterinária Ana Lucia Sauaia. “Recomendo que o dono do animal procure um veterinário para receber orientação de como colocar a faixa”, completa.
Buscar essa orientação é importante, pois há alguns casos, segundo Ana Lucia, em que a técnica pode ser perigosa, como, por exemplo, se o animal tiver problema no coração. Por isso o veterinário deve avaliar cada caso e detectar se a faixa será válida ou não.
Crédito: Reprodução/FacebookConverse com seu veterinário de confiança sobre qual a melhor maneira de minimizar o estresse de seu animal
O Conselho Federal de Medicina Veterinária reuniu em um material outras dicas e orientações aos tutores que também podem ajudar a minimizar os efeitos desagradáveis dos fogos nos animais e trazer mais segurança. Confira a seguir:
1. Mantenha seu animal identificado
Este é um cuidado que deve ser considerado independentemente de qualquer coisa. Se ele fugir, as chances de ser encontrado são maiores. Registre seu número de telefone e e-mail na coleira do animal. Pode bordar, colocar plaquinhas gravadas, microchip e até mesmo escrever à mão em fitas de tecido.
2. Esteja presente
Deixe seu pet ficar perto de você, pois sua presença é reconfortante em momentos de tensão.
3. Abrigue o animal dentro de casa
Prepare o ambiente e acostume seu animal a um espaço fechado, que abafe o som dos fogos. Pode ser um quarto, a lavanderia ou a garagem. Não deixe seu pet em sacadas, perto de piscinas ou em correntes.
4. Use técnicas relaxantes
Coloque música e use essências relaxantes no ambiente. Pergunte ao médico-veterinário de sua confiança sobre feromônios que reduzem o estresse.
5. Prepare um espaço tipo “toca” para seu cão ou gato
No caso de cães, podem ser caixas de transporte ou sob camas. Gatos geralmente gostam de se refugiar em locais altos, como sobre armários, prateleiras e nichos. Coloque nesta “toca” objetos com o seu cheiro, especialmente se ele não estiver na sua companhia.
Crédito: Sparkle/istockCrie tocas e túneis para que seu companheiro possa se esconder
6. Deixe seu pet cansado
Nas tardes dos dias 24 e 31, passeie com seu cão, faça corridas, leve-o para brincar com outros cachorros. Também brinque com seu gato, provoque corridas e pulos. Os exercícios e o cansaço deixarão seu companheiro mais relaxado e possivelmente menos preocupado com os barulhos.
7. Não deixe ração à vontade para os cães
Se você alimenta seu cão duas vezes por dia, alimente-o pela manhã normalmente e prepare brinquedos recheáveis com as comidas preferidas dele para fornecer próximo da hora de maior intensidade dos fogos. Ossos naturais bem grandes, para evitar engasgamentos, podem ser opções. O objetivo é ele esteja motivado a se entreter com os brinquedos e fique menos preocupado com o barulho.
8. Em casos extremos, considere o uso de medicamentos
Seu pet realmente se desespera com o barulho? Ele tem convulsões, atravessa janelas ou portas ou destrói paredes? Neste caso, o uso de medicamentos pode ser a melhor opção. Fale com um médico-veterinário e esteja preparado.
9. Dessensibilize seu pet
Existem técnicas de treinamento para fazer com que cães e gatos sofram menos com o barulho de fogos. Fale com um profissional e treine seu cachorro ou gato para minimizar o sofrimento no próximo fim de ano.
Crédito: Divulgação/Comissão de Bem-Estar Animal do CFMVPublique este cartaz em suas redes sociais para ajudar a espalhar essas dicas
→ Jamais deixe seu pet preso em coleiras durante a queima de fogos, há risco de enforcamento;
→ Não deixe o animal em sacadas ou próximo a janelas abertas;
→ Não deixe o animal sozinho durante a queima de fogos;
→ Evite deixar no local objetos que possam quebrar e machucar o pet;
→ Evite colocar vários animais no mesmo ambiente, especialmente cães e gatos, pois o estresse causado pelo barulho podem deixá-los agressivos e gerar brigas.
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