Como evitar que o airbag vire um equipamento mortal

Publicado em 07/05/2018, às 17h54

Por Redação


O airbag frontal de um carro abre cinco vezes mais rápido do que um piscar de olhos. Tudo acontece em cerca de 60 milésimos de segundo: uma central eletrônica detecta o impacto, um sinal é enviado ao deflagrador e uma reação química infla a bolsa.

"Uma explosão de gás acontece ali dentro, por isso enche tão rápido", explica Alessandro Rubio, coordenador técnico do Cesvi/Mapfre (Centro de Experimentação e Segurança Viária).

A bolsa de náilon rompe a tampa do volante ou do painel a cerca de 300 quilômetros por hora. A velocidade é essencial para que o airbag receba a tempo o corpo do ocupante assim que ele é projetado para frente em uma colisão.

Desde 2014, os airbags frontais para motorista e carona são obrigatórios em carros novos no Brasil. A rapidez do equipamento pode salvar vidas, mas também causar lesões sérias nas pessoas que estão dentro do veículo, caso elas não estejam posicionadas da forma correta.

"O airbag está lá para proteger, mas não deixa de ser algo agressivo", afirma Marcelo Bertocchi, diretor de segurança veicular da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).

Um dos maiores perigos para o passageiro é andar com o pé em cima do painel. Se a bolsa for acionada em um acidente, a perna dele pode dobrar para trás e ser lançada contra seu rosto.

Objetos sobre o painel, como suportes para celular, também podem ser arremessados com violência. Por isso, nada deve ser colocado sobre a peça com a inscrição "Airbag", que indica a área a ser rompida pela bolsa em caso de choque.

O caminho entre o airbag e o ocupante deve ficar sempre livre. Segurar um cachorro no colo, por exemplo, põe em risco tanto a vida do animal quanto a do dono.

O cuidado mais importante, claro, é usar o cinto. "O airbag é um dispositivo complementar. Ele ajuda, mas a proteção principal vem do cinto de segurança", diz Bertocchi.

O cinto retém o motorista ou o passageiro e o deixa na posição correta para atingir a bolsa. Sem o cinto, o corpo desliza no banco e o airbag pode ser aberto diretamente no rosto da pessoa.

Para evitar receber uma pancada em vez de ser protegido, o motorista deve ficar a, no mínimo, 25 centímetros do volante -mas nada de reclinar demais o encosto.

No caso de motoristas de baixa estatura, que têm dificuldade para manter a distância recomendada, o ideal é usar prolongadores de pedal para aumentar o espaço.

Se mesmo assim não for possível manter uma distância segura do volante, a recomendação é desativar o airbag.

Essa é uma das situações em que o risco envolvido na abertura da bolsa supera seu benefício, segundo o médico Aly Said Yassine, diretor de tecnologia e inovação da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego).

O mesmo acontece quando o passageiro tem altura inferior a 1,40 m ou se tem alguma doença que torne difícil manter a cabeça em posição ereta.

Crianças de até dez anos só podem andar no assento dianteiro se não houver outra opção. É o que ocorre em automóveis de apenas dois lugares. Em casos assim, o airbag precisa ser desativado -principalmente se a criança estiver no bebê-conforto, voltada para trás.

Em geral, é possível desligar a bolsa por meio de um interruptor na lateral do painel, que é acionado pela chave do carro. O melhor é verificar as instruções no manual do proprietário.

Algumas montadoras dizem que o sistema de airbag tem validade de 12 a 15 anos, outras não dão especificações sobre isso. Não há prazo determinado por lei para troca preventiva do sistema.

O importante é ficar atento à lâmpada do painel que indica se há algum problema com o sistema. Se estiver tudo certo, a luz permanece apagada, depois de acender rapidamente quando o motor é ligado.

Ao comprar um carro usado, é preciso verificar se a luz de fato acende nesse primeiro momento. Um vendedor mal intencionado pode desativá-la para enganar o comprador e não ter a despesa de consertar o sistema, alerta Oliver Schulze, da comissão técnica de segurança veicular da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros de Mobilidade).

Se a lâmpada permanecer ligada o tempo todo, é necessário levar o veículo à concessionária ou a uma oficina especializada. Lá, um scanner poderá detectar onde está a falha, que pode ser desde um simples mau contato a um defeito que comprometa o funcionamento.

Outra preocupação é verificar se o carro foi chamado no maior recall da história da indústria automotiva, que envolveu mais de 50 milhões veículos de mais de 20 marcas em todo o mundo desde 2008 e dura até agora. No Brasil, foram cerca de 3 milhões de convocados.

Apelidados de "airbags mortais", os equipamentos, fabricados pela fornecedora japonesa Takata, apresentam um defeito no insuflador. Podem explodir e arremessar estilhaços metálicos nos ocupantes.
A falha foi responsável por pelo menos 22 mortes e centenas de feridos. No Brasil, não há relatos sobre vítimas.

Para checar se o carro está envolvido em algum recall, o comprador pode acessar o site portal.mj.gov.br/recall ou ligar para os serviços de atendimento das montadoras.

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45 mil
vidas foram salvas nos EUA por airbags frontais de 1987 a 2015, segundo estimativa da NHTSA (Administração Nacional de Segurança Viária, em inglês)

1973
é o ano em que foi lançado o primeiro carro com airbag, o Oldsmobile Toronado

Tipos de airbag

. Frontal
Obrigatório para carros novos no Brasil desde 2014, abre para motorista e carona em batidas de frente. Rompe o volante e o painel

2. Cortina
Sai do topo das colunas do carro e protege a cabeça dos ocupantes dianteiros e traseiros em impactos laterais e capotamentos

3. Lateral
A bolsa oferece proteção para a área do tórax em colisões laterais e capotamentos. Sai do encosto do banco

4. Assento
Infla embaixo das coxas dos ocupantes para levantar suas pernas e posicioná-los melhor no banco durante colisões frontais

5. Joelho
Abaixo do volante, protege as pernas do motorista e ajuda a segurá-lo para que atinja a bolsa frontal da melhor forma

Fontes: Leimar Mafort, gerente de engenharia da divisão de chassis system control da Bosch; Ricardo Dilser, assessor técnico da FCA Fiat Chrysler; Aly Said Yassine, diretor de tecnologia e inovação da Abramet; Oliver Schulze, engenheiro da comissão técnica de segurança veicular da SAE Brasil; Marcelo Bertocchi, diretor de segurança veicular da AEA; e Alessandro Rubio, coordenador técnico do Cesvi/Mapfre

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Mercedes mais barato do Brasil passa pelo teste Folha-Mauá

Eduardo Sodré
SÃO PAULO

O volante do Mercedes CLA 180 não tem forração de couro ou apliques prateados. Seu aro preto emborrachado poderia estar em um carro simples, mas a estrela cromada de três pontas confirma a origem nobre do sedã produzido na Hungria.

É o automóvel zero-quilômetro mais em conta da marca à venda no Brasil. Custa R$ 137,9 mil e disputa espaço com Honda Civic 1.5 turbo (R$ 124,9 mil) e Toyota Corolla 2.0 Altis (R$ 118,8 mil).

Dirlei Dias, gerente sênior de vendas da Mercedes-Benz do Brasil, diz que a estratégia de agora remete a 2015, quando a empresa lançou versões mais em conta de seus carros para conquistar mercado.

"O paladar não volta atrás. Depois que o cliente entra para a marca, vai querer permanecer e depois comprar um modelo ainda melhor, que vai ser deixado na porta do restaurante pelo manobrista. São valores que não conseguimos medir, mas fazem diferença", afirma Dias.

Para o consumidor que valoriza o status, o CLA não decepciona. A carroceria de estilo cupê é pura ostentação, com janelas estreitas e detalhes cromados.

Os LEDs usados nos faróis e nas lanternas deixam claro que se trata de um Mercedes, seja de dia ou à noite.

O deslumbre dura até se abrir a porta e encontrar o volante sem forração de couro. Quem espera pompa e circunstância vai se decepcionar com a cabine de plásticos e tecidos escuros. Para compensar, a tela do sistema de som causa boa impressão.

Para custar menos, o Mercedes não traz regulagens elétricas dos bancos nem sensores de estacionamento por todos os lados. Há câmera de ré, e isso basta.

Ao acionar o botão de partida, as qualidades de um carro premium sobressaem. Não há vibrações, e o ronco do motor se limita a um ronronar abafado.

A potência do 1.6 turbo a gasolina está limitada a 122 cv. São 36 cv a menos que o disponível no CLA 200, que custa R$ 40 mil a mais e tem tecnologia flex.

Contudo, a diferença não foi sentida na pista de testes. O CLA 180 foi meio segundo mais rápido na prova de aceleração de zero a 100 km/h e andou junto da versão mais forte nas retomadas.

Em movimento, o Mercedes revela-se mais esportivo do que confortável. É um tanto duro, está distante de flutuar sobre o asfalto como um Classe E -que custa R$ 200 mil a mais. Aí se aplica a lógica de perpetuação da marca: o cliente adquire um, mas sonha com outro.

FICHA TÉCNICA - MERCEDES-BENZ CLA 180

Preço: R$ 137,9 mil
Motor: Dianteiro, transversal, a gasolina, turbo, 1.595 cm³
Potência: 122 cv a 5.000 rpm (rotações por minuto)
Torque: 20,4 kgfm a 1.200 rpm
Transmissão: Tração dianteira, câmbio automático de sete marchas
Peso: 1.430 quilos
Porta-malas: 470 litros
Pneus: 225/45 R17
Aceleração: (0 a 100 km/h) 9s
Retomada: (80 a 120 km/h) 6,9s
Consumo urbano: 10,2 km/l
Consumo rodoviário: 15,5 km/l
Comprimento: 4,64 metros
Entre-eixos: 2,70 metros
Largura: 1,78 metro
Altura: 1,43 metro


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