O clipe de "Bum bum tam tam (remix vacina Butantan)", sai neste sábado (23), ao meio-dia. É mais um capítulo da história de uma música que já chegou longe:
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"Acho que a minha música, o funk, conversa muito com a comunidade. Por meio dessa nova versão e do clipe a gente vai conseguir passar a mensagem e eles vão se conscientizar de que a solução para a gente é se vacinar", diz Fioti ao G1.
A produção do Bach-tidão
A "flauta envolvente" da música é um trecho da "Partita em Lá menor", escrita pelo alemão Johann Sebastian Bach por volta de 1723.
A partir de uma gravação da flauta que achou na internet (sem saber que era de Bach), MC Fioti fez tudo sozinho em 2017: compôs, cantou e produziu em uma noite só.
Fioti, 26 anos, já trabalhou em lanchonetes, foi ajudante de pedreiro e catou papelão e alumínio na rua. Cresceu no Capão Redondo, Zona Sul de SP. Não conheceu o pai e hoje ajuda a mãe, que não precisa mais trabalhar como doméstica.
Aprendeu a produzir funk com métodos precários. 'Comecei a gravar num celularzinho velho. Convertendo música para mp3 e me matando para produzir'. Conseguiu um computador emprestado e descobriu sozinho como mexer nos programas de áudio.
Ele despontou como produtor e 2016. Passou o ano dormindo em um colchão ou numa boia de piscina no chão da produtora.
Em dezembro de 2017, o funk ganhou versão trilíngue com o colombiano J Balvin, o rapper dos EUA Future, a britânica Stefflon Don e o espanhol Juan Magán, pelo britânico Island Records, um dos maiores do mundo (lança Elton John, Demi Lovato, Bon Jovi...).
Mas foi a versão original mesmo, em português, que alcançou o feito de ser o primeiro clipe brasileiro a alcançar a marca de um bilhão de visualizações no YouTube.
O vídeo foi feito em cima da hora. O escritório RW havia marcado a data com a Kondzilla para gravar um clipe do MC Don Juan, então a estrela da produtora. Mas ele rompeu com a RW na véspera. Então a equipe passou o espaço a outro artista do seu elenco: Fioti.
Ele tinha outras faixas já mais conhecidas, mas a RW apostou em "Bum bum tam tam", que tinha acabado de sair nas redes. A música foi decidida na noite anterior à gravação. Tiveram poucas horas para planejar e arrumar o material de produção.
"Na época, o Fioti estava com uma música com o MC Pikachu ("Vai toma", de novembro de 2016), mas ainda não tinha um grande hit solo. Ele estava esperando uma chance de subir para o 'esquadrão de elite' do funk", lembra Wagner Magalhães (o Vavá citado por Fioti no verso "tipo Vavazinho"), diretor artístico da RW.
Nova versão em 2021
"Eu escrevi e produzi novamente sozinho", conta Fioti. "Foi uma sensação de honra em participar disso. Para trocar a letra não foi muito difícil, porque eu só adaptei para a vacina. Estou feliz de poder ajudar a nossa população através da música."
"Gravar no Butantan foi espetacular. Foi a primeira vez que eu fui lá", ele conta.
"Fiquei impressionado com a beleza que é aquele lugar. É muito grande também. Conheci alguns setores: o escritório, as salas, o museu onde ficam as cobras. Conheci a biblioteca. Todo mundo participou do clipe. Foi sensacional o dia, incrível, nunca vou esquecer. "
'É nós no Enem'
Para completar o retorno com força de "Bum bum tam tam" em 2021, a música foi tema de uma das questões da prova do Enem do dia 15 de janeiro.
“Cê acredita que eu e uma das minhas músicas entramos numa das questões do Enem? Ixe, esquece, 'fio'. 'Nós é o funk', tá? Esquece. É o funk, a medicina, a ciência, tudo, respeita, pô”, comemorou Fioti.
A questão usa como referência a reportagem do G1 de 2017 sobre o uso da flauta composta por Bach na música.
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