Como ‘Bum bum tam tam’ envolveu o Brasil, da flauta de Bach ao hino da vacina

Publicado em 23/01/2021, às 10h25
Divulgação/Kondzilla
Divulgação/Kondzilla

Por G1

O clipe de "Bum bum tam tam (remix vacina Butantan)", sai neste sábado (23), ao meio-dia. É mais um capítulo da história de uma música que já chegou longe:

  • Em fevereiro de 2017, "Bum bum tam tam" foi composta, cantada e produzida por MC Fioti, com o trecho de uma obra de Bach que Fioti não conhecia e achou no YouTube.
  • Em setembro de 2018, se tornou o 1º clipe brasileiro a superar 1 bilhão de views no YouTube.
  • Em janeiro de 2021, virou hino da CoronaVac e trilha de odes ao Instituto Butantan.
  • No mesmo mês, virou tema do Enem, na prova de linguagens, códigos e suas tecnologias.
  • Fioti deu um rolê no Butantan e agora lança o remix.

"Acho que a minha música, o funk, conversa muito com a comunidade. Por meio dessa nova versão e do clipe a gente vai conseguir passar a mensagem e eles vão se conscientizar de que a solução para a gente é se vacinar", diz Fioti ao G1.

A produção do Bach-tidão

A "flauta envolvente" da música é um trecho da "Partita em Lá menor", escrita pelo alemão Johann Sebastian Bach por volta de 1723.

A partir de uma gravação da flauta que achou na internet (sem saber que era de Bach), MC Fioti fez tudo sozinho em 2017: compôs, cantou e produziu em uma noite só.

Fioti, 26 anos, já trabalhou em lanchonetes, foi ajudante de pedreiro e catou papelão e alumínio na rua. Cresceu no Capão Redondo, Zona Sul de SP. Não conheceu o pai e hoje ajuda a mãe, que não precisa mais trabalhar como doméstica.

Aprendeu a produzir funk com métodos precários. 'Comecei a gravar num celularzinho velho. Convertendo música para mp3 e me matando para produzir'. Conseguiu um computador emprestado e descobriu sozinho como mexer nos programas de áudio.

Ele despontou como produtor e 2016. Passou o ano dormindo em um colchão ou numa boia de piscina no chão da produtora.

Em dezembro de 2017, o funk ganhou versão trilíngue com o colombiano J Balvin, o rapper dos EUA Future, a britânica Stefflon Don e o espanhol Juan Magán, pelo britânico Island Records, um dos maiores do mundo (lança Elton John, Demi Lovato, Bon Jovi...).

Mas foi a versão original mesmo, em português, que alcançou o feito de ser o primeiro clipe brasileiro a alcançar a marca de um bilhão de visualizações no YouTube.

O vídeo foi feito em cima da hora. O escritório RW havia marcado a data com a Kondzilla para gravar um clipe do MC Don Juan, então a estrela da produtora. Mas ele rompeu com a RW na véspera. Então a equipe passou o espaço a outro artista do seu elenco: Fioti.

Ele tinha outras faixas já mais conhecidas, mas a RW apostou em "Bum bum tam tam", que tinha acabado de sair nas redes. A música foi decidida na noite anterior à gravação. Tiveram poucas horas para planejar e arrumar o material de produção.

"Na época, o Fioti estava com uma música com o MC Pikachu ("Vai toma", de novembro de 2016), mas ainda não tinha um grande hit solo. Ele estava esperando uma chance de subir para o 'esquadrão de elite' do funk", lembra Wagner Magalhães (o Vavá citado por Fioti no verso "tipo Vavazinho"), diretor artístico da RW.

Nova versão em 2021

"Eu escrevi e produzi novamente sozinho", conta Fioti. "Foi uma sensação de honra em participar disso. Para trocar a letra não foi muito difícil, porque eu só adaptei para a vacina. Estou feliz de poder ajudar a nossa população através da música."

"Gravar no Butantan foi espetacular. Foi a primeira vez que eu fui lá", ele conta.

"Fiquei impressionado com a beleza que é aquele lugar. É muito grande também. Conheci alguns setores: o escritório, as salas, o museu onde ficam as cobras. Conheci a biblioteca. Todo mundo participou do clipe. Foi sensacional o dia, incrível, nunca vou esquecer. "

'É nós no Enem'

Para completar o retorno com força de "Bum bum tam tam" em 2021, a música foi tema de uma das questões da prova do Enem do dia 15 de janeiro.

“Cê acredita que eu e uma das minhas músicas entramos numa das questões do Enem? Ixe, esquece, 'fio'. 'Nós é o funk', tá? Esquece. É o funk, a medicina, a ciência, tudo, respeita, pô”, comemorou Fioti.

A questão usa como referência a reportagem do G1 de 2017 sobre o uso da flauta composta por Bach na música.

Gostou? Compartilhe