Com o tema “Mergulhar na memória para navegar o futuro”, a 15ª edição da Mostra Sururu de Cinema Alagoano encerrou sua mostra competitiva na noite deste domingo (15). Foram quatro dias de exibições em duas salas de cinema no Centro Cultural Arte Pajuçara, disputando prêmios do júri e do público.
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A produtora Renah Berindelli destacou a importância da celebração em 2024, um ano marcado por recordes e inovações. Ela enfatizou que este ano superou o número de inscrições de curtas. Renah também reforçou os diferenciais desta edição, como a Mostra Inclusão, que reflete o compromisso com a acessibilidade, e iniciativas para fomentar o audiovisual em áreas distantes da capital.
"Este foi o tão esperado baile de 15 anos da Mostra Sururu, um ano de muita celebração. Tivemos recorde de inscrições, com quase cem curtas por categoria e lotação máxima durante toda a Mostra, transformando este espaço em um grande encontro de realizadores e amantes da sétima arte. Nesta edição especial, trouxemos a Mostra Inclusão, reforçando nosso compromisso com a acessibilidade, e plantamos sementes para fomentar o audiovisual em locais remotos de Alagoas.", afirmou Renah.
O evento gratuito mostra o compromisso com a valorização cultural de Alagoas e oferece uma programação rica e diversa, por meio de oficinas, laboratórios e programação online. A professora de sociologia, Larissa Vieira, esteve presente no primeiro dia da Mostra e enfatizou a importância de registros que valorizam histórias locais.
"Quando assisti o curta exibido aqui hoje, o “Cine-Guarany”, pela primeira vez, fiquei muito impactada. Levei para minhas turmas de ensino médio, e os alunos se conectaram profundamente. Um deles até comentou: “Meu pai sempre falou sobre isso, mas só agora entendi o valor". Esse tipo de registro é essencial, especialmente para refletir sobre as experiências da juventude.", afirmou Larissa.
Premiação - Durante os quatro dias de evento, 17 curta-metragens e 12 videoclipes foram exibidos, proporcionando ao público a oportunidade de debater com os realizadores após cada sessão. No júri popular, os premiados foram Chão do Chau, de Gama Júnior, como Melhor Videoclipe, e Alerta Verde, de João Paulo Procópio e Robson Cavalcante, como Melhor Filme. O júri formado por alunos e alunas do Laboratório de Crítica desta edição concedeu o prêmio Olhar Crítico para o curta Entre Corpos, de Mayra Costa. E o júri do Laboratório de Atuação concedeu o Prêmio Anita das Neves a Pedro Walisson, por Samuel Foi Trabalhar.
Já o júri oficial, foi composto por profissionais experientes do cinema e das artes, e reuniu Juliano Gomes, crítico, professor e editor da Revista Cinética, com atuação como diretor, podcaster, jurado e curador em festivais nacionais e internacionais. Viviane Pistache, roteirista e pesquisadora, conhecida por desenvolver roteiros para produtoras como O2 Filmes e Globo, e Alana Falcão, artista do corpo e crítica de artes cênicas, que utiliza a crítica como criação e se destaca na direção audiovisual e nas artes performáticas, com prêmios e apresentações no Brasil e no exterior.
Os premiados pelo júri oficial foram:
Melhor Direção de Fotografia: Henrique Oliveira, por Seus Lábios.
Melhor Direção de Arte: Maísa Cavalcanti, por Entre Corpos.
Melhor Som: Rodrigo Policarpo, Glauber Xavier e Renan Vasconcelos, por Menina Se Quere Vamo.
Melhor Montagem: Edmilson Sá, por Barreiras: histórias e relatos de pessoas com deficiência frente ao capacitismo.
Melhor Atuação: Ticiane Simões, por Entre Corpos.
Melhor Roteiro: Lucas Litrento e Janderson Felipe, por Samuel Foi Trabalhar.
Melhor Direção: Mayra Costa, por Entre Corpos.
Melhor Filme: Cavaram uma Cova em meu Coração, de Ulisses Arthur.
Receberam menção honrosa:
Mestra Zeza do Coco por Menina Se Quere Vamo e Cavaram uma Cova em meu Coração.
Reidison Ruan Tononé por Meworoné.
Homenagem - Consolidado como um dos eventos mais importantes do calendário cultural alagoano, esta edição da Mostra homenageou Regina Barbosa, uma referência no audiovisual brasileiro. Para Renah, a homenagem simboliza o reconhecimento da trajetória de mulheres que marcaram o audiovisual local e inspiraram novas gerações.
“É uma honra, nesses 15 anos, homenagear a primeira mulher em vida na história da Mostra. Regina Barbosa, uma referência para o audiovisual alagoano, teve seu primeiro filme exibido na primeira edição da Mostra Sururu. Ela representa uma trajetória marcante no cinema de Alagoas e nos inspira como realizadores. É muito simbólico homenageá-la nesta edição tão especial", declarou a produtora.
A alagoana Regina Célia Barbosa se reconhece como artista e produtora múltipla, já escreveu, produziu, dirigiu e assessorou inúmeros projetos em mais de um segmento cultural. Atualmente participa da produção de obra seriada sobre a banda Nação Zumbi que vai ser exibida no Canal Brasil/Globo Play, em 2025. Participa do roteiro, da direção e da produção de obras audiovisuais que vão ser exibidas na TV Pernambuco, fruto de investimentos FSA-Ancine. É roteirista e pesquisadora de obra seriada, em fase de desenvolvimento, com foco na temática das árvores, em Alagoas.
Iniciou sua trajetória como escritora e produtora ainda nos anos de 1990. Dirigiu e roteirizou os curtas metragens: Um vestido para Lia, A flor da casa e DJ do agreste, em Alagoas, de 2006 a 2013. É autora do livro Como elaborar projetos culturais e de livros de histórias infanto juvenis, tais como: Um vestido para lia, A primeira vez que Zuleide viu o mar, entre outros. Foi uma das fundadoras da ONG Ideário, em Alagoas, onde atuou nos anos de 2002 a 2014.
Participou da produção executiva e curadoria de projetos de exibição audiovisual, tais como: Olhar e ver, Cine Jangada, Acenda uma vela, idealizados por Hermano Figueiredo, em Alagoas e Pernambuco, nos anos de 2003 a 2015. Participou de diversos editais de audiovisual como parecerista. Já ministrou muitos cursos de projetos audiovisuais e produção cultural tanto em Alagoas, como em Recife e no Rio de Janeiro. Entre outras ações em mais de um setor da economia criativa.
Na última noite da Mostra, o público assistiu a um vídeo-homenagem e ao curta Um Vestido Para Lia (dirigido por Hermano Figueiredo e Regina Barbosa). Emocionada, a homenageada destacou como a Mostra celebra o talento e a diversidade do cinema alagoano. “Avançamos muito e temos aqui muito talento e muita força. Um dos meus maiores motivos de orgulho é a cena do cinema alagoano, que é rica e plural. Desejo vida longa ao cinema alagoano!”, celebrou.
Democratização - Além da Mostra Competitiva, este ano a Mostra Sururu trouxe uma extensa programação que busca a democratização do audiovisual, em especial das obras produzidas pelos alagoanos. Em setembro, com uma ação pioneira, a Mostra Inclusão ofereceu filmes com recursos de acessibilidade, como audiodescrição, janela de Libras e legendas descritivas, além de oficinas voltadas para o tema.
Já a Mostra Itinerante levou o cinema alagoano para além dos espaços convencionais. Com o objetivo de expandir fronteiras das narrativas, ampliar o alcance e o impacto das produções audiovisuais, em novembro a Mostra Itinerante esteve no Quilombo Lunga, na cidade de Taquarana, e em dezembro na Ilha do Ferro, no município de Pão de Açúcar. Nessa jornada, os filmes alagoanos que marcaram as 14 edições anteriores ganham novos significados ao serem exibidos em espaços coletivos.
Nesta edição, também pela primeira vez, a Mostra Sururu abriu espaço para a participação do público, com a Mostra Paralela, são 10 curtas metragens selecionados que o público pôde assistir e votar de forma online.
A 15ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano é uma produção da Sambacaitá Produções, com apoio do Alagoar, Sesc Alagoas, Instituto Zumbi dos Palmares, Agência Sururu e Mídia Caeté. É uma realização do Fórum Setorial do Audiovisual Alagoano, com recurso da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal do Brasil, operacionalizado pela Prefeitura de Maceió, através da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de Maceió e pelo Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas.
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