A convenção que oficializou João Amoêdo neste sábado (4) como candidato à Presidência da República pelo Novo teve cara de protesto de domingo na avenida Paulista e ataques à política tradicional.
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O evento, realizado em auditório no Parque Santo Antonio (zona sul), foi marcado por palavras de ordem, público uniformizado de laranja e percussão, em dinâmica que lembra a protestos na avenida Paulista pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Cada fala era seguida de intervenções por um grupo de percussionistas que ficava ao lado do palco. Também foi tocado o Hino Nacional e entoado o bordão "Eu Acredito", muito comum nos estádios.
As críticas aos políticos tradicionais foram de ataques ao PT a farpas ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). "O PT destruiu a nossa economia", disse. Sobre o discurso liberal de Bolsonaro, Amoêdo afirmou que costuma ver menos o que os políticos falam e mais o que fazem.
No entanto, assim como o militar do PSL, o candidato do Novo defendeu maior liberdade para que a população porte armas. Já em questões como aborto e descriminalização das drogas, por serem temas polêmicos, diz ele, a dinâmica é diferente e cada integrante do partido é liberado para tomar a decisão que quiser.
Apesar do discurso defendendo a presença da mulher na política, os seis cabeças de chapa a cargos majoritários (presidência e governadores) são homens, assim como a grande maioria dos candidatos ao Legislativo. Questionado pela Folha de S.Paulo sobre o assunto, Amoêdo afirmou que há um processo seletivo para os cargos no partido.
"Em pelo menos dois deles [cargos majoritários], as vices são mulheres. No Rio de Janeiro, a vice é mulher. Em São Paulo, a vice é mulher. O Novo tem trazido muitas mulheres", afirmou.
Amoêdo adotou a estratégia de desacreditar as pesquisas eleitorais, nas quais os candidatos do partido têm pontuado na casa do 1%. "O nosso 1% enche todas as salas que a gente vai. Será que é 1% mesmo?" Segundo estimativa do partido, o evento reuniu cerca de 1.100 pessoas.
Rogério Chequer, do movimento Vem Pra Rua, uma das figuras que emergiu dos protestos anti-Dilma, foi apresentado como candidato ao governo de São Paulo. No mesmo dia em que Bernadinho fez discursopara o público do partido, Chequer chegou ao palco definindo-se como "mais um soldado desse exército que vai transformar o nosso Brasil". "Não é o mais fácil. Estamos fazendo isso porque, por ser difícil, ninguém até hoje fez", disse Chequer.
Ele também fez referência à série da Netflix, "O Mecanismo", baseada na operação Lava Jato. "Para construir essa nação, a gente vai ter que tirar daí essa corja", disse.
Os políticos do Novo também repetiram a aposta em campanhas mais baratas e focadas no engajamento de seus voluntários. Marcelo Trindade, candidato ao governo do Rio, pediu aos filiados uma "onda laranja" e atuação nas redes sociais.
Fundado em 2011, o Novo tem como práticas não usar recursos do fundo partidário e selecionar seus filiados, excluindo aqueles que tenham sido condenados com sentença transitada em julgado ou de órgão colegiado em casos de violação de direitos fundamentais, improbidade administrativa e abuso de poder político e econômico.
As ações partidárias são financiadas por meio de doações, e a prestação de contas é divulgada no site do partido, que em março tinha em caixa cerca de R$ 5,7 milhões.
Na arrecadação por crowdfunding, Amoêdo, estreante na corrida ao Planalto, é o segundo que mais angariou fundos dentre os presidenciáveis, com mais de R$ 265 mil, atrás apenas de Lula.
Na TV e no rádio, o partido estima que o presidenciável terá de 5 a 10 segundos de propaganda. Para superar isso, o ex-CEO do Flamengo e coordenador da campanha de Amoêdo, Fred Luz, aposta nas redes sociais e na mobilização de voluntários.
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