Déficit preocupa especialistas e é ainda mais grave em crianças; infectologista do Sistema Hapvida reforça importância da vacinação que ajuda a salvar vidas
Varicela, sarampo, caxumba, rubéola, coqueluche, febre amarela, tuberculose, poliomielite. Muitas doenças consideradas erradicadas ou controladas no Brasil correm o risco de voltar a produzir doenças devido à baixa cobertura vacinal, no país. O déficit é ainda mais grave em crianças e tem preocupado especialistas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), publicada na última sexta-feira (15), o mundo passa pelo maior declínio de vacinação infantil nos últimos 30 anos. Somente em 2021, 25 milhões de crianças no mundo perderam uma ou mais doses da vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Em 2019, por exemplo, esse número era de 19 milhões.
“Podemos perceber que há um contingente cada vez maior de pessoas em risco de contrair doenças graves, mas evitáveis”, comenta a infectologista do Sistema Hapvida, Silvia Fonseca.
Vacinação tetra viral tem apenas 2,8% de cobertura vacinal - No Brasil, o cenário é ainda mais grave já que, segundo dados do Ministério da Saúde, a proteção contra doenças, como febre amarela e hepatite, não chega a 40% da população. Abaixo do índice considerado ideal desde 2015, a taxa de vacinação no país sofre quedas consecutivas há mais de três anos.
A imunização tetra viral, por exemplo, que previne contra varicela, sarampo, caxumba e rubéola, atingiu apenas 2,8% da cobertura vacinal em 2022, de acordo com a base de dados do Datasus. “A vacina é aplicada sob a pele do braço ou coxa a partir dos 15 meses de idade, e evita doenças mais contagiosas que podem deixar sequelas graves”, explica a médica.
Sarampo e HPV: entenda as estatísticas - A tendência de queda também atinge outros tipos de imunizações, como a tríplice viral, que protege contra caxumba, rubéola e sarampo, considerado erradicado no país até o ano de 2019. Neste ano, a campanha contra a doença atingiu apenas 35% das crianças de 6 meses a 5 anos incompletos, segundo o LocalizaSus.
O retrocesso é o mesmo da vacinação contra o papilomavírus humano (HPV). Mais de um quarto da cobertura de vacinas contra o HPV alcançada em 2019 foi perdida. Atualmente, a cobertura global da primeira dose da vacina é de apenas 15%.
Entenda os fatores associados ao declínio da vacinação no Brasil - Dra. Silvia Fonseca explica que o declínio da vacinação está associado a fatores como desinformação e a falsa sensação de que as doenças evitáveis por vacina já acabaram, além do aumento da pobreza e da desnutrição.
“Se uma criança desnutrida pega sarampo, por exemplo, ela tem chances muito maiores de morrer. Por isso, precisamos retomar os bons índices de vacinação para manter a baixa contaminação e salvar vidas. Lembrando que muitas vacinas estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde e são gratuitas”, conclui.
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