Cientistas transformam caracóis em 'ciborgues' para observação da vida selvagem

Publicado em 16/06/2021, às 11h05
Divulgação/Universidade de Michigan
Divulgação/Universidade de Michigan

Por Olhar Digital

Com o intuito de observar o comportamento predatório de uma espécie de caracol sobre outras, cientistas da Universidade de Michigan, nos EUA, adotaram uma estratégia inusitada: transformar os animais ameaçados em “ciborgues”, para que pudessem rastreá-los e estudar como sobrevivem.

De acordo com o The Byte, pesquisadores da vida selvagem introduziram um caracol invasor chamado de caracol lobo rosado nas Ilhas da Sociedade na Polinésia Francesa, na década de 1970.

Em consequência do experimento, o que se seguiu foi um verdadeiro “banho de sangue”, conforme relatou um comunicado à imprensa sobre o novo estudo. Isso porque o caracol invasor erradicou quase todas as espécies de caramujos nativos da área, representando uma perda devastadora de biodiversidade local.

Mas, cinco espécies conseguiram sobreviver, incluindo a Partula hyalina. Agora, por causa da técnica dos “ciborgues”, cujo estudo foi publicado na revista Communications Biology, na última terça-feira (15), os pesquisadores finalmente puderam descobrir como.

Computador M3 foi acoplado aos caracóis

Tanto o caracol predador (o lobo rosado), quanto o caracol presa (o P. hyalina) são noturnos.

De acordo com o estudo, o caracol lobo rosado é mais vulnerável à luz solar do que o P. hyalina, permitindo que este último fique perto das bordas da floresta durante o dia, enquanto seu predador precisa se retirar para as sombras.

Para descobrir tudo isso, os pesquisadores fixaram um pequeno computador chamado Michigan Micro Mote (M3) à concha do caracol lobo rosado e usaram os dados de seus painéis solares como um indicador de quanto de luz solar os caracóis poderiam suportar.

Como o P. hyalina é uma espécie protegida, os cientistas não puderam ser tão ativos na abordagem. Então, eles prenderam o computador nas folhas às quais os caracóis se agarram durante o dia.

“Conseguimos obter dados que ninguém conseguiu obter”, disse o engenheiro elétrico e cientista da computação de Michigan, David Blaauw, no comunicado à imprensa. “E isso porque tínhamos um minúsculo sistema de computação, pequeno o suficiente para se fixar em um caracol.”

Para o futuro, os cientistas esperam que o M3 possa ajudar em outros projetos de conservação, o que significa que mais animais ciborgues podem surgir em breve.

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