Cientistas descobrem nova espécie de peixe supercolorido que vive nas profundezas do mar

Publicado em 13/03/2022, às 07h57
Imagem Cientistas descobrem nova espécie de peixe supercolorido que vive nas profundezas do mar

Por Razões Para Acreditar

Dezenas de metros abaixo da superfície do Oceano Índico que banha as Maldivas, uma pequena nação tropical de 530 mil habitantes, há um verdadeiro ‘ser arco-íris’ vivendo na zona crepuscular do mar.

Estamos falando da espécie de peixe apelidada de Rose-Veiled Fairy Wrasse, ou bodião-fada do véu rosa, que foi encontrado vivendo em grandes profundidades que variam de 40 a 70 metros abaixo da superfície.

O nome homenageia os deslumbrantes tons rosados do peixe, bem como a rosa – a flor nacional das Maldivas. “Finifenmaa” significa “rosa” na língua local Dhivehi.

Enquanto centenas de espécies prosperam nas águas próximas e ao redor da nação formada por 1.196 ilhas, este é o primeiro peixe a ser descoberto por um cientista das Maldivas – Ahmed Najeeb.

Seu estudo descrevendo o peixe foi publicado terça-feira (8) na revista ZooKeys.

“Sempre foram cientistas estrangeiros que descreveram espécies encontradas nas Maldivas sem muito envolvimento de cientistas locais, mesmo aqueles que são endêmicos das Maldivas”, disse o coautor do estudo Najeeb, biólogo do Instituto de Pesquisa Marinha das Maldivas, em um comunicado.

“Desta vez é diferente e fazer parte de algo novo foi realmente emocionante, especialmente ter a oportunidade de trabalhar ao lado dos melhores ictiólogos em uma espécie tão elegante e bonita”.

Espécies de peixes com nomes trocados

O peixe tem uma história de identidade equivocada. Os pesquisadores o encontraram pela primeira vez na década de 1990, mas pensaram que era um adulto pertencente à espécie Cirrhilabrus rubrisquamis, ou o bodião de veludo vermelho.

Esta espécie diferente só havia sido descrita a partir de um único peixe juvenil encontrado a mais de 1.000 km ao sul das Maldivas, no arquipélago de Chagos.

Sabe-se que os bodiões, uma família de peixes coloridos em grande parte brilhantes, mudam de cor à medida que passam de juvenis para adultos, disse o autor sênior do estudo Luiz Rocha, brasileiro e curador de ictiologia da Academia de Ciências da Califórnia.

Embora os bodiões juvenis de muitas espécies sejam parecidos, são os adultos que carregam características distintivas, disse ele.

“Há alguns meses, Yi-Kai Tea (nosso primeiro autor) recebeu através de um veículo operado remotamente, imagens de Chagos mostrando adultos, que eram muito diferentes dos adultos das Maldivas”, disse Rocha. “Foi quando decidimos que a espécie das Maldivas era nova e diferente da anterior, a C. rubrisquamis.”

Em seu estudo, os pesquisadores se concentraram nos detalhes de adultos e juvenis, analisando a altura dos espinhos que sustentam suas barbatanas dorsais, contando escalas e catalogando as cores dos machos adultos.

Os machos adultos do bodião-fada do véu rosa têm um padrão de cores único, incluindo magenta brilhante, pêssego, rosa-alaranjado e vermelho-arroxeado escuro.

Descobrir que o finifenmaa e o rubrisquamis eram duas espécies distintas pode ajudar os cientistas a entender o alcance desses peixes, o que se torna especialmente importante ao tentar protegê-los.

“O que anteriormente pensávamos ser uma espécie de peixe difundida, na verdade são duas espécies diferentes, cada uma com uma distribuição potencialmente muito mais restrita”, disse o pesquisador Yi-Kai Tea, estudante de doutorado da Universidade de Sydney, em um comunicado.

“Isso exemplifica por que descrever novas espécies e taxonomia em geral é importante para a conservação e gestão da biodiversidade.”

O nome pode ser novo, mas o bodião-fada do véu rosa á é alvo do comércio de aquarismo.

“Embora a espécie seja bastante abundante e, portanto, não esteja atualmente em alto risco de super-exploração, ainda é inquietante quando um peixe já está sendo comercializado antes mesmo de ter um nome científico”, disse Rocha. “Isso fala de quanta biodiversidade ainda resta a ser descrita nos ecossistemas de recifes de corais”.

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