Circulam nas redes sociais a informação de que a morte de uma adolescente de 16 anos, de São Bernardo do Campo, teria sido provocada pela vacina contra a Covid-19. A afirmação não procede. Análises feitas pelo Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo indicaram que adolescente foi vítima de doença autoimune, conclusão reforçada também pelo Ministério da Saúde.
LEIA TAMBÉM
Em uma das postagens, aparece a foto da adolescente ao lado de uma foto do governador de São Paulo, João Dória, que é acusado pela mensagem enganosa de ser responsável pelo suposto aumento de casos de efeitos adversos da vacina no estado. “Mesmo com determinação contrária do ministério da saúde, Dória continua vacinando adolescentes em São Paulo e as vítimas vão aumentando”, diz o texto na imagem.
A adolescente faleceu no dia 2 de setembro, oito dias após receber a primeira dose da vacina Pfizer. Por isso, o caso foi investigado de forma conjunta por 70 profissionais reunidos pela Coordenadoria de Controle de Doenças e do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). Especialistas em Hematologia, Cardiologia, infectologia e outros atuantes nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) do estado participaram das análises. A conclusão das análises, divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, no entanto, não encontrou relação entre a vacina e a causa da morte.
“O quadro clínico e os exames complementares sugerem Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PTT), doença rara e grave, normalmente sem uma causa desencadeante conhecida. Apesar da relação temporal com a vacinação, não há como atribuir relação causal entre PTT e a vacina covid-19 de RNAm. Não é possível atribuir diretamente a doença e óbito à vacinação", informou a nota informativa da secretaria.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, vinculada ao Ministério da Saúde, recebeu o relatório da investigação e após análise dos estudos, assegurou que “os dados apresentados durante a reunião foram considerados consistentes e bem documentados, indicando a ausência de relação causal entre a administração da vacina e o evento adverso investigado”.
O comunicado também acrescentou que, mesmo assim, a Anvisa irá notificar o caso à Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliação quanto a qualquer possível sinal de segurança. “Os benefícios da vacinação excedem significativamente os seus potenciais riscos”, garante a Anvisa.
Após orientação do Ministério da Saúde, por questão de prioridade e de logística, o Governo de Alagoas chegou a limitar a vacinação dos adolescentes apenas aos que possuem comorbidades ou estão privados de liberdade. No entanto, na terça-feira (21), o governador Renan Filho anunciou a retomada da imunização de todos os adolescentes.
Nessa quarta-feira (22), o Ministério da Saúde voltou a recomendar a vacinação para adolescentes sem comorbidades seguindo ordem de prioridades. “Podemos, a partir de agora, retomar a vacinação dos adolescentes e essa decisão vem após vários estudos e discussões técnicas”, anunciou o secretário-executivo Rodrigo Cruz.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, após as análises feitas e divulgadas pela Anvisa, já tinha determinado que o plano de vacinação não seria suspenso. “O Brasil já vacinou mais de 3,5 milhões de adolescentes. Os efeitos adversos existem e não são motivos para suspender campanha de vacinação ou relativizar seus benefícios”, destacou Queiroga.