Chacina de Guaxuma: DNA de réu não foi encontrado em material coletado; perita explica

Publicado em 25/03/2022, às 12h55
Adeildo Lobo/Ascom TJAL
Adeildo Lobo/Ascom TJAL

Por Theo Chaves

Após mais de 14 horas de julgamento, o Conselho de Sentença absolveu o pescador Daniel Galdino Dias, de 38 anos, acusado de matar quatro pessoas de uma mesma família, em 2015, no caso que ficou conhecido como "Chacina de Guaxuma". Um dos pontos destacados pela defesa, durante o julgamento, foi de que a perícia não encontrou vestígios de DNA do réu no material coletado na cena do crime. O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) informou que vai recorrer da decisão, pois entendeu que "a sentença foi manifestamente contrária à prova dos autos”.

Em entrevista ao TNH1, a perita criminal Rosana Coutinho, responsável pelas análises da perícia, disse que as amostras coletadas em uma corda usada para amarrar as vítimas apresentaram uma mistura de perfis genéticos, impossibilitando uma conclusão entre os materiais analisados.

“Foi coletado um facão, uma mancha de sangue existente num tijolo e um stick (aquelas cordinhas utilizadas em bagageiros de motos), que estava amarrando as mãos da mãe morta e pertencia ao marido. Com a extração do DNA nesse stick, obteve-se uma mistura de perfis genéticos, na qual não foi possível incluir ou excluir os perfis genéticos do réu", disse.

A perita também explicou que esse material foi coletado no dia e local do crime. Ela também ressaltou todo o processo de análise das amostras. “Os materiais analisados foram coletados pelos peritos que estiveram no local do crime. Essas amostras foram recolhidas no dia do ocorrido. As amostras passaram pelo protocolo normal de extração, amplificação e genotipagem de perfis genéticos. Já os laudos foram concluídos em 2016”, afirmou.

Apesar disso, uma nova análise pode ser feita a partir de uma nova coleta de DNA do suspeito, caso apareça algum elemento novo que possa ligar Daniel Gaudino ao crime. Outros suspeitos poderão ter amostras analisadas e confrontadas com o material encontrado na cena do crime.

O caso - Um casal e dois filhos foram assassinados a facadas, em uma chácara, próximo ao Clube da Petrobras, na AL-101 Norte, em novembro de 2015. Apenas uma criança de 5 anos sobreviveu. Ela sofreu uma facada na testa e foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE). Na ocasião, o garoto foi encontrado apenas de cueca, e sujo de fezes. 

Na chacina, foram mortos o caseiro Evaldo da Silva Santos, 29 anos, a esposa dele, Jenilza Oliveira Paz; e os filhos Guilherme, de 2 anos, e Maria Eduarda, de 9 anos.

A maioria dos golpes foram desferidos na região da cabeça. Segundo a polícia, Genilza foi encontrada amarrada a uma coluna da chácara, e com cortes na região da nuca, o que pode indicar tortura. Já Evaldo foi localizado com a mão esquerda decepada, com um corte profundo no braço direito e outro corte no pescoço.

O julgamento de ontem foi realizado após sete anos do crime bárbaro, que chocou a sociedade alagoana. O Júri foi conduzido pelo juiz Geraldo Cavalcante Amorim, da 9ª Vara Criminal de Maceió.

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