Ceará investiga morte por ameba rara conhecida como 'comedora de cérebro'

Publicado em 09/12/2024, às 13h27
Ceará investiga morte por ameba rara conhecida como 'comedora de cérebro' - Centers for Disease Control and Prevention
Ceará investiga morte por ameba rara conhecida como 'comedora de cérebro' - Centers for Disease Control and Prevention

Por Folhapress

A Secretaria da Saúde do Ceará investiga a morte de uma menina de 1 ano e três meses, em Caucaia (CE), que teria sido infectada por uma ameba da espécie Naegleria fowleri, conhecida como ''comedora de cérebro''.

Em um caso raro, a bebê desenvolveu uma doença chamada de ''meningoencefalite'', causada pelo protozoário. No dia 12 de setembro, ela foi levada a uma UBS (Unidade Básica de Saúde) com febre alta e dor de garganta, sintomas que levaram os médicos a acreditarem que seria uma amigdalite.

Bebê morreu após sete dias da primeira consulta. Com vômitos e dor de cabeça intensa, ela foi transferida para o hospital Albert Sabin, em Fortaleza, onde foi confirmada a morte, disse o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde do Ceará, Antonio Lima Neto, ao UOL.

Inconformada com o diagnóstico, a família pediu uma investigação sobre a causa da morte. O serviço de verificação de óbitos realizou uma necropsia na menina e identificou a presença da ameba por meio de um tecido cerebral em uma lâmina.

A equipe de patologistas, então, foi até a casa onde morava a bebê, na zona rural de Caucaia. Após coletas, foi encontrado o protozoário na cisterna da residência da família. Uma das hipóteses, segundo o secretário, é de que ela tenha aspirado pela narina a água contaminada durante o banho. Nenhum outro familiar apresentou sintomas.

Agora, o órgão estadual aguarda um laudo oficial confirmando a causa em conjunto com o Ministério da Saúde. Segundo Antônio Lima, no Brasil, não há ocorrências oficialmente registradas, só relatos. Apenas 381 casos foram relatados no mundo todo até 2018. Desses, sete pacientes sobreviveram, de acordo com a organização internacional Gavi Alliance.

A secretaria informou que a comunidade rural, com cerca de 100 famílias, tem sido acompanhada. A pasta está realizando inspeções constantes nos grandes corpos d'água da região, como lagoas, lagoas e açudes. O secretário, no entanto, explicou que a ameba é difícil de ser rastreada.

O QUE É A AMEBA "COMEDORA DE CÉREBRO"? - Em humanos, a ameba entra pelo nariz, chega até o cérebro e ataca os tecidos do órgão. A infecção por este tipo de ameba é rara, mas pode desencadear quadros graves de meningoencefalite amebiana primária (MAP).

É um protozoário de vida livre que não precisa de hospedeiros para sobreviver, comumente encontrado em água doce poluída ou limpa, como rios, pequenas coleções hídricas, rede pública de abastecimento e piscinas.

Tem preferência por águas quentes, podendo sobreviver a temperaturas entre 40ºC e 45ºC, de acordo com um estudo publicado por pesquisadores da Universidade Católica do Chile e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Química de Nilópolis (RJ).

Existem poucos casos de infecções causadas por este tipo de ameba na literatura médica, o que dificulta precisão no diagnóstico e chances de cura: apenas quatro em cada 154 pessoas nos Estados Unidos sobreviveram a uma infecção por ameba comedora de cérebro, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos).

Você não pode se infectar ao beber água contaminada com este tipo de ameba. A infecção só acontece quando a água contaminada pelo protozoário entra em seu nariz, informa o CDC.
Não se sabe por que certas pessoas são infectadas com as amebas, enquanto milhões de outras expostas a águas doces quentes e recreativas não, incluindo aquelas que nadavam com pessoas que foram infectadas, ainda de acordo com o órgão.

Muitas vezes o problema não é diagnosticado rapidamente por ser pouco comum. Além disso, tende a ser confundido com meningite, devido aos sintomas parecidos.

Identificada a contaminação, o tratamento deve começar o mais rápido possível. Antifúngicos e antibióticos já foram testados contra a infecção, sendo que o melhor resultado foi com uma substância do primeiro grupo. Em pesquisa publicada na revista Chemical Neuroscience, cientistas identificaram que minúsculas partículas de prata revestidas com medicamentos anticonvulsivos poderão, um dia, matar as amebas.

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